sábado, 20 de agosto de 2016

A Rede Dominante

20 de agosto de 2016 07:45
A rede dominante
por Ponto de Vista-
correiodeuberlandiaonline•




“Não há nada mais difícil de reciclar, nem mais perigoso de controlar, do que o início de uma nova ordem de coisas” – Nícolo Maquiavelli

Estive no 11º almoço empresarial da Aciub quando, com prazer, escutei lideranças de Uberlândia pensando o ano 2100. Tudo isto em um momento em que a economia resvala, diante de um abismo, do qual estamos sendo içados por um governo interino há 3 meses. E que, apesar das agendas emergenciais, precisa dizer urgentemente, a que veio, pois temos 13 milhões de desempregados, e “sem o seu trabalho, um homem (ou mulher) não tem honra- não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz” ensina o nosso cancioneiro popular.
Dias atrás reli um artigo do qual tirei inspiração para esta escrita. Ainda em inglês e não lançado no Brasil, de um livro intitulado numa tradução livre: ”Brasil em transição: crenças, lideranças e mudança institucional” no qual se conceitua rede dominante, como um conjunto de lideranças, institutos, um pool pensante de academias e pessoas que influenciam e escolhem as instituições no País, e que bancam a regra do jogo”. A obra é da lavra dos professores Carlos Pereira da FGV, Lee Jackston da Univ. de Indiana ,EUA e Marons Melo da UFPE.

O momento atual, pelo qual purgamos uma desastrada recessão, suscita reflexões sobre o apagão ético e político, que se abateu sobre parte destas instituições a partir da Lava – Jato, que envolve toda elite em situação jamais vista na Nação. O lulopetismo na lona, mas não morto, pede clemência que não lhe será dada, nem na ONU, nem na justiça brasileira, tais os descaminhos e crimes em que se enredou. Os autores analisaram as crenças e valores, a partir de 1964 até hoje, e concluíram que durante o regime militar, o desenvolvimentismo alentava essas elites, até a segunda crença a partir da redemocratização, onde se lutou para destraumatizar a sociedade brasileira, contra os horrores do estado de exceção aliado à inflação.

A partir da constituinte de 88 e dos governos de Itamar Franco, FHC e Lula, através da política de responsabilidade fiscal aliada à inclusão social, empoderou-se instituições, tal qual em países desenvolvidos, e partiu-se agora, para a quarta crença que é o império da lei, o respeito ao estado de direito, daí o longo processo de Impeachment de Dilma Rousseff e a participação da sociedade civil, através da internet. Esta rede dominante é a que move a Nação rumo ao processo de inclusão social ao desenvolvimento social e material com prosperidade e qualidade de vida, segundo a tese dos autores, que valido.

Hoje temos entre centenas de nações, menos de 30, que estão no patamar de países desenvolvidos, e a maioria construiu este arcabouço social e técnico jurídico ainda no século 19. Nos últimos 100 anos, somente Japão e a Coreia do Sul galgaram este pódio – olimpicamente falando.

Finalizo, acreditando, como os autores, que após este duro processo seremos os próximos, principalmente, se pensarmos como em Uberlândia no Brasil 2100. Todavia, tal qual Maquiavel, não acho trivial se estabelecer uma nova ordem de coisas. Mas ela já está ocorrendo, com os beneficiários do ancien régime, se desfazendo das provas de seus crimes contra o povo brasileiro, e a população acompanhando implacavelmente cada centavo roubado da saúde, segurança e educação. Viva os novos tempos!
José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e presidente da Academia de Letras de UDIA-ALU
debatef@debatef.com

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