segunda-feira, 14 de março de 2016

Energia


O crescimento contínuo do consumo de energia e as suas consequências, via de regra negativas para o ambiente, põem um conjunto de questões que, no mínimo, poderão se considerar como complexas. Complexas porque se a energia é hoje considerada um dos elementos fundamentais do desenvolvimento econômico e social de todas as nações, não é menos verdade que o homem começou, finalmente, a perceber que a sua disponibilidade está ligada à quase todos os aspectos relacionados com o equilíbrio do nosso meio ambiente.
    
Ao longo dos últimos anos, um conjunto de soluções tem sido proposto para resolver, ou de alguma forma reduzir este problema:

1)recurso em grande escala às fontes ditas renováveis;
2)utilização de energia nuclear;
3)desenvolvimento de combustíveis alternativos;
4)adoção de medidas de conservação de energia,  promovendo a sua utilização racional.
    
Falemos sobre as energias renováveis: são todas as derivadas do sol – Hidropower, Biomasssa, geotérmica, eólica, marés - e estão em franco crescimento em termos de tecnologia disponível e redução de custo. Já a energia nuclear apesar da maturidade tecnológica, e em alguns países é a mais viável, têm sobre seu uso uma espada de dêmocles que é o resíduo perigoso (radiativo por milhares de anos) além da síndrome “Não em meu Quintal”. As pessoas contaminadas agora pela radiação da usina de Fukushima no Japão são a prova viva de que os protocolos de segurança quanto ao uso da energia nuclear devem ser revistos. Há possibilidade de se continuar usando as energias nuclear para fins pacíficos, desde que com muito maior rigor na segurança.

    Também concordo com a análise de Saraiva - 1997, sobre as questões relacionadas com a produção de qualquer bem ou serviço, que podem ser sistematizadas recorrendo ao que se denominou de “tetraedro tecnológico”. Onde fica clara a evolução dos conceitos nas sociedades tecnológicas, em especial aqueles que surgiram nas últimas décadas. Os vértices do tetraedro são: as matérias primas, a informação, a energia e o ambiente. Da associação desses fatores resulta um serviço ou um bem. Há trinta anos o tetraedro se reduzia a um segmento de reta, entre as matérias primas e a informação, uma vez que naquela altura o custo de energia era quase nulo e os problemas relacionados com as limitações das fontes não eram encarados, senão por alguns “pessimistas”. Há 15 anos o modelo resumia-se a um triângulo. As questões ambientais começavam então a ser postas, mas a avaliação dos seus custos reais era um “problema para as gerações futuras”.
    
Finalmente aos poucos na última década delineou-se um tetraedro, com o último vértice sendo ocupado pela energia a ser consumida durante o processo. Impõe-se desde então responder que quantidade e que tipo de energia é exigido não só pelo próprio processo produtivo como também pelo seu transporte, distribuição e uso além de se calcular o impacto ambiental que produz o processo energético. No Livro “A Vingança de Gaia”, em 2006, o Cientista inglês James Lovelock preconiza que o equilíbrio ambiental já foi rompido pelo aquecimento global, e que o mesmo já passou do ponto sem volta. Lovelock é o Inventor do aparelho que permitiu detectar o acúmulo do pesticida DDT nos seres vivos, motivo pelo qual se interrompeu seu uso. O mesmo aparelho ajudou a identificar o CFC como o gás responsável pela destruição da camada de ozônio. Será demais revermos o uso da energia nuclear?

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com

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