O
crescimento contínuo do consumo de energia e as suas consequências, via de
regra negativas para o ambiente, põem um conjunto de questões que, no mínimo, poderão
se considerar como complexas. Complexas porque se a energia é hoje considerada
um dos elementos fundamentais do desenvolvimento econômico e social de todas as
nações, não é menos verdade que o homem começou, finalmente, a perceber que a
sua disponibilidade está ligada à quase todos os aspectos relacionados com o
equilíbrio do nosso meio ambiente.
Ao longo
dos últimos anos, um conjunto de soluções tem sido proposto para resolver, ou
de alguma forma reduzir este problema:
1)recurso em grande escala às
fontes ditas renováveis;
2)utilização de energia nuclear;
3)desenvolvimento de combustíveis
alternativos;
4)adoção de medidas de conservação
de energia, promovendo a sua utilização
racional.
Falemos
sobre as energias renováveis: são todas as derivadas do sol – Hidropower, Biomasssa,
geotérmica, eólica, marés - e estão em franco crescimento em termos de
tecnologia disponível e redução de custo. Já a energia nuclear apesar da
maturidade tecnológica, e em alguns países é a mais viável, têm sobre seu uso
uma espada de dêmocles que é o resíduo perigoso (radiativo por milhares de
anos) além da síndrome “Não em meu Quintal”. As pessoas contaminadas agora pela
radiação da usina de Fukushima no Japão são a prova viva de que os protocolos
de segurança quanto ao uso da energia nuclear devem ser revistos. Há
possibilidade de se continuar usando as energias nuclear para fins pacíficos,
desde que com muito maior rigor na segurança.
Também concordo com a análise de Saraiva - 1997, sobre as questões
relacionadas com a produção de qualquer bem ou serviço, que podem ser
sistematizadas recorrendo ao que se denominou de “tetraedro tecnológico”. Onde
fica clara a evolução dos conceitos nas sociedades tecnológicas, em especial
aqueles que surgiram nas últimas décadas. Os vértices do tetraedro são: as
matérias primas, a informação, a energia e o ambiente. Da associação desses
fatores resulta um serviço ou um bem. Há trinta anos o tetraedro se reduzia a
um segmento de reta, entre as matérias primas e a informação, uma vez que
naquela altura o custo de energia era quase nulo e os problemas relacionados
com as limitações das fontes não eram encarados, senão por alguns “pessimistas”.
Há 15 anos o modelo resumia-se a um triângulo. As questões ambientais começavam
então a ser postas, mas a avaliação dos seus custos reais era um “problema para
as gerações futuras”.
Finalmente
aos poucos na última década delineou-se um tetraedro, com o último vértice
sendo ocupado pela energia a ser consumida durante o processo. Impõe-se desde
então responder que quantidade e que tipo de energia é exigido não só pelo
próprio processo produtivo como também pelo seu transporte, distribuição e uso
além de se calcular o impacto ambiental que produz o processo energético. No
Livro “A Vingança de Gaia”, em 2006, o Cientista inglês James Lovelock
preconiza que o equilíbrio ambiental já foi rompido pelo aquecimento global, e
que o mesmo já passou do ponto sem volta. Lovelock é o Inventor do aparelho que
permitiu detectar o acúmulo do pesticida DDT nos seres vivos, motivo pelo qual
se interrompeu seu uso. O mesmo aparelho ajudou a identificar o CFC como o gás
responsável pela destruição da camada de ozônio. Será demais revermos o uso da
energia nuclear?
Jose Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com
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