Relembrando
e adaptando 10 anos depois o artigo
“A
ética do desenvolvimento e os problemas do mundo globalizado” de Amartya Sen e
Bernardo Kliksberg, da editora Companhia das Letras, é o livro que
recomendo para os presidenciáveis, e todos os cidadãos interessados em debater
os temas candentes do País para os próximos 20 anos, tendo como foco a ecologia
humana - a sustentabilidade nas ações, e no planejamento voltado para
atender homens e mulheres, como centro das atenções de governantes. Nele,
os autores pretendem combater o descaso do poder público, responsável pelo
aumento assustador da desigualdade, que atinge amplos setores sociais no mundo,
notadamente na América Latina, a mais desigual das regiões - onde jovens,
negros, indígenas e mulheres, são os mais atingidos por ações de políticas
públicas reféns de uma cegueira social, que explica, desde o aumento da
mortalidade infantil, ao empobrecimento generalizado da classe média argentina
após a crise de 2001, e a devastação do pós Kichnerismo, passando pela
drástica diminuição da expectativa de vida dos homens negros, habitantes das
periferias das grandes cidades brasileiras, mortos, a maioria ainda muito
jovens, na guerra urbana patrocinada pelo tráfico de drogas. Todas as informações
foram retiradas de um impressionante arsenal de dados estatísticos, que são
contrastados com a realidade sócio cultural de cada país e região do
mundo.
Chama a atenção, os dados de segurança urbana,
pois, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, um índice normal de
criminalidade, se situa entre zero e cinco homicídios a cada 100 mil habitantes
por ano. Tal situação pode ser tratada com os instrumentos convencionais. Segundo
os autores, quando o índice está acima de oito, estamos diante de um quadro de
criminalidade epidêmica - caso de Uberlândia, de Minas e do Brasil: uma tabela
mostra estes dados em vários países da região, onde focamos o Brasil (em 1980,
11,5 homicídios por 100 mil habitantes.; em 2006, 31 homicídios para cada 100
mil habitantes, hoje acima de 35), ou seja: mais que triplicamos a taxa de
homicídio em de quatro décadas, uma média de homicídios que é o dobro da
média mundial. Como nós vivemos nas cidades, é nelas que sentimos a insegurança
e o medo, intangíveis, embora tropecemos no tangível: as perdas de vidas
humanas além das materiais, segundo estudiosos, (10,5% do PIB), e esta é, a meu
ver, a agenda para as próximas décadas. (No Brasil, o estado de SP saiu de
33,15 para 10,08 mortes violentas por 100 mil habitantes nos últimos 10
anos-Um benchmarking) .
As ações que tomarmos agora poderão nos aproximar,
por exemplo, do Chile (5,4 hom./100 mil hab.) ou do Uruguai (5,2) e nos
tirarão, por exemplo, da inaceitável companhia da Colômbia (40); Área andina
(45,4) e El Salvador (43,4)- Hoje ao lado da Venezuela, acima de (60), as mais
violentas sociedades da América latina, onde o Brasil possui 25 cidades,
entre as 50 mais violentas do mundo, com índices como o de Parati-RJ (60).
Portanto não dá para deixar passar despercebido o
cutucão do candidato Serra em Lula e Morales, ainda no debate eleitoral 2006: O
boliviano aumentava em seu governo a plantação de coca, cuja produção (90%) é
dirigida ao Brasil. Lula, então presidente brasileiro fingia não ver, e
deixava as fronteiras que nem peneiras (como ainda hoje - com Dilma e seu
defunto lulopetisno uma década depois) e sem a devida atenção de
patrulhamento, não evitando a invasão de narcotraficantes do país vizinho. Via
de consequência, aonde chega a cocaína, se estabelece um rastro de morte e
destruição. Em virtude do exposto, não pudemos concordar com Marina
Silva, quando saiu em defesa do governo Lula de então: Não é por ser um índio,
que o Sr. Morales não deva ser cobrado assertivamente.
Infelizmente, ele é o chefe de um narco – estado
colado ao nosso País, e uma gestão adequada pelos padrões da ONU,
deste item lá, significa uma questão de sobrevivência para milhares
de pessoas aqui, nesta sofrida e, agora paralisada Nação.
José
Carlos Nunes Barreto
Professor
doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia (ALU)
debatef@debatef.com
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