quinta-feira, 31 de março de 2016

A ditadura das togas


Relembrando e adaptando artigo de 10 anos atrás....  

“Aos juristas: teu dever é lutar pelo direito. Mas no dia em que encontrares o direito em conflito com a justiça, lute pela justiça.” Eduardo Coleture

Escrevo ainda sob o sentimento de indignação pelo abuso de poder do governo Federal do PT. Que se aliou ao STF contra o Congresso Nacional - representante do povo que foi humilhado - para cassar a voz de um caseiro na CPI dos Bingos. Não um caseiro qualquer. Mas uma testemunha ocular da história de um governo que aparelhou o estado para pilhá-lo através de um ministro da economia- pouparei o leitor dos detalhes sórditos da “república” de Ribeirão Preto. Pobre Brasil! Que Diogo Mainard na revista Veja de 15 de março arrazoa: após a alforria do professor Luizinho do PT, e crescendo quase como o Haití, daqui a alguns anos será ultrapassado também pela economia do Iraque. Não precisamos de guerra minha gente! Temos essa elite que faz muito mais estrago que bombardeios inimigos! aí incluída  a suprema corte do País.

Porque o Supremo com tantos juristas de notável saber, age assim? Porque se apega às vírgulas - quando interessa-e à letra morta da Lei? Porque não faz justiça e defende somente o status quo no direito?

Se não vejamos: fato 1 - a começar pela recém-eleita (parabéns às mulheres por mais este posto) presidente do STF ministra Ellen Grace. Sua posição em garantir o sigilo do disco rígido de Daniel Dantas do Banco Oportunity, impede a PF e a CPI dos Correios de investigar o principal financiador (2/3 dos recursos) do “valerioduto” que movimentou 30 milhões de reais. Fato 2-A decisão do STF de favorecer a progressão da pena para presos por crimes hediondos vai colocar na rua só em SP, 43000 facínoras. Alguém merece? Fato 3 - A chicana a favor dos bancos e contra os correntistas no julgamento de ações com base no Código de defesa do consumidor. Um escânda-lo! Fato 4 - O ataque ao Ministério Público: Se avizinha mais uma desastrosa decisão: A proibição de investigação por parte do MP - uma mordaça que José Dirceu preparou antes de ser pego com a mão na botija. Entre outros.

As Cortes e a intelligentsia sempre viveram longe da realidade ao longo da História. Por isso os estadistas e os sábios sempre que a buscam se aproximam do povo, e evitam com isso as decapitações e apedrejamentos da vida. Infelizmente nesta quadra, os sábios, quando existem, não são ouvidos, faltam estadistas e sobram “oportunistas”.

Sábio aqui significa ter conhecimento. E ser doutor e intelectual neste País está muito difícil. Há uma campanha contra, a começar pela Presidência. O bonito é ser esperto e não ir à escola. E quando se vai à escola, se depara com o que acontece num dos maiores Centros Universitários de Uberlândia e outros Brasil a fora: demitem-se doutores e mestres, e quando o seus líderes sindicais, vêm a público defender a categoria, são suspensos e retaliados. Este é o retrato do Brasil de hoje, com alguns sindicalistas sócios do poder, todavia de costas para seus representados.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e presidente da Academia de Letras de Uberlândia (ALU)
debatef@debatef.com


As estratégias erradas de um País


“Bandido é bandido, polícia é polícia”

Lúcio Flávio (passageiro da agonia)

Barbárie. Afronta ao estado de direito. Ironia sobre o papel do estado na sociedade. Inaceitável. Síndrome de impunidade. Falência da ordem estabelecida. Despreparo técnico. Crise de autoridade. Mentira. Boatos. Falta de comunicação. Centenas de mortos e feridos. Paralisação da produção. Perdas incalculáveis no PIB. A maior cidade da América latina ficou emudecida pelo medo e paralisada por uma guerra anunciada. Nem Londres ficou assim sob ataque dos alemães! É o Caos social: Um governo paralelo se estabelece chefiado por um ex-punguista chamado Marcola, que inteligente, aprendeu com Sun Tzu (A arte da Guerra) as estratégias certas para se ganhar batalhas contra o inimigo, que somos nós, a sociedade.

O PCC-Primeiro Comando da Capital ou Partido do crime, teve tempo de sobra para articular. Seria impossível tal sucesso sem o comprometimento de mentes e corações de altos figurões da sociedade (bandidos também), porém mais perigosos, porque influentes e totalmente livres, além de estarem muito próximos do poder. O PCC aprendeu na cadeia com esquerdistas as estratégias de guerrilhas. Aprendeu também com os políticos que financiam as facilidades do poder. E negociou com esses canalhas, querem eleger 2 deputados federais. Para isso através da coerção que presenciamos nos filmes da máfia (agora é realidade!), arregimentou um exército de 300 mil pessoas fora dos presídios. Os quais têm a incumbência de arrecadar R$700 mil por mês para esse fim (hoje vejo como isso é fácil no Petrolão). Não duvidem desta estratégia! E o que estratégia?

Estratégia é escolha. Uma resposta à questão: o que fazer agora e no futuro?. É o direcionamento que damos às organizações, sejam elas empresas, ONGS, cidades ou países... Enquanto o crime organizado dá um baile nesta área, o estado paquidérmico come poeira e é obrigado a se curvar e fazer um acordo (ops) fétido com os bandidos. “O que é bom a gente mostra o que for ruim a gente esconde”. Esta máxima que derrubou o ministro tucano Ricúpero ainda é o paradigma vergonhoso das autoridades do mais poderoso estado do País e também do lulopetismo, cujas entranhas foram expostas em grampos da PF.

Então os bandidos “presos” estão no poder! Aliados aos bandidos de colarinho branco, sanguessugas, vampiros, mensaleiros, petroleiros etc. Triste País de estratégias erradas... não investiu na educação do menino Marcola, trinta anos atrás, perdeu um excelente administrador de empresas, quem sabe um engenheiro? E ganhou um atila inimigo, como tantos outros presos, vale relembrar Fernandinho Beira Mar. Gastamos milhares de dólares para neutralizá-los e não conseguimos! A classe média nessas horas fala em pena de morte. Mas não é preciso, a meu ver, sujar as mãos com sangue. Desses que são filhos do Brasil e frutos daqueles abortos que a igreja proibiu. (outra estratégia?).

Para esses não adianta mandarmos ler. Agora é só cadeia. E lá no centro da Amazônia, sem a cobertura destas iníquas maquininhas celulares que, hoje sabemos , são piores que armas... E rápido,  escolas com qualidade, porque temos entre 2 e 3 milhões de futuros Marcolas (jovens entre 14 e 24 anos sem escolaridade) só no Rio e São Paulo. Sobreviveremos?

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e presidente da Academia de letras de Uberlândia (ALU)
Debatef@debatef.com


A Herança Maldita


O governo mais auto elogiado da história do País saia, após tentar humilhar seus antecessores com pretensas lições de governar. Daí veio a catástrofe de Teresópolis e de Nova Friburgo, então, seu secretário de tecnologia foi obrigado a confessar, no Congresso Nacional: ”Falamos muito e fizemos pouco” - No caso do mapeamento de área de riscos, e fortalecimento da defesa civil nas áreas atingidas, e em  todo o País, esse pouco foi quase nada. O ex - governador Garotinho, de muitos outros pecados, além de coautor do atual estado da arte, divulgou em seu blog, que o governo federal disponibilizou 24 milhões de reais para serem utilizados na remoção de moradores destas áreas, e o dinheiro foi desviado pelo atual governador do Rio, para uma importante rede de televisão, na época da campanha para reeleição. Onde o ministério público? Porque ainda não foi usada polícia federal? Um crime como esse, se comprovado, não poderia ficar sem punição, a fim de servir de exemplo para todos os gestores da coisa pública que desviam recursos do erário. São políticos vigaristas, como ensinava Berttold Brech: por gastarem mal os escassos recursos da sociedade, geram como consequência mortes, carestia, fome, prostitutas, menores abandonados, e futuros assaltantes.

Goebels, no nazismo de Hitler, comprovou que uma mentira falada muitas vezes, se transforma em verdade, e maquiavelicamente, o governo que terminou foi um às no assunto: Mensalão virou “golpe das elites” mesmo com vasta documentação e condenação em andamento no STF. Outra lorota: abriu-se a porta da prosperidade, venderam-se ilusões para o povão e até, pasmem, para a elite que o elegeu como guia. Desgraçadamente para os jovens, reforçando a “lei de Gerson” do menor esforço, a megalomania, ao se julgar excepcionalmente melhor que os outros, sem ralar em cima de projetos, de estudos e da penosa preparação contra o que pode vir de pior. Pobre Brasil. Não somos melhores que ninguém, temos uma argentina de desvalidos, e precisamos investir muito em nossa gente para sairmos do septuagésimo terceiro lugar em IDH, para algo próximo ao que somos como economia, oitavo lugar. Isso só se faz com livros, professores, horas de estudo e meritocracia, ou seja, ganha quem tem conhecimento, habilidades e atitudes aprendidas. Nos últimos 5 anos, crescemos menos que a média da América Latina, e  os países pobres da Europa como Romênia, Sérvia, Bulgária. Apesar disso, ao crescermos 7,5% em 2010, nos deparamos com o apagão de talentos e de infraestrutura. E a perspectiva? Sem um grande projeto nacional de educação que englobe, da escola primária à pós-graduação, não teremos chance de brilhar nesta janela de oportunidade que se abre para os próximos vinte anos.

Finalizando, cada centavo do orçamento é sagrado e deveria ser utilizado para a redenção desta escravidão moderna que nos oprime: Teremos de importar, já, milhares de engenheiros, carpinteiros, pedreiros, pilotos de avião e arquitetos, se quisermos continuar a crescer, enquanto milhões de brasileiros que poderiam ocupar estes postos de trabalho permanecem no limbo. Não é triste?

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com.br

domingo, 27 de março de 2016

“As pessoas em primeiro lugar”



Relembrando e adaptando 10 anos depois o artigo

“A ética do desenvolvimento e os problemas do mundo globalizado” de Amartya Sen e Bernardo Kliksberg, da editora Companhia das Letras, é o livro que recomendo para os presidenciáveis, e todos os cidadãos interessados em debater os temas candentes do País para os próximos 20 anos, tendo como foco a ecologia humana - a sustentabilidade nas ações, e no planejamento voltado para atender  homens e mulheres, como centro das atenções de governantes. Nele, os autores pretendem combater o descaso do poder público, responsável pelo aumento assustador da desigualdade, que atinge amplos setores sociais no mundo, notadamente na América Latina, a mais desigual das regiões - onde jovens, negros, indígenas e mulheres, são os mais atingidos por ações de políticas públicas reféns de uma cegueira social, que explica, desde o  aumento da mortalidade infantil, ao empobrecimento generalizado da classe média argentina após a crise de 2001, e a devastação do pós Kichnerismo, passando pela drástica diminuição da expectativa de vida dos homens negros, habitantes das periferias das grandes cidades brasileiras, mortos, a maioria ainda muito jovens, na guerra urbana patrocinada pelo tráfico de drogas. Todas as informações foram retiradas de um impressionante arsenal de dados estatísticos, que são contrastados  com a realidade sócio cultural de cada país e região do mundo.

Chama a atenção, os dados de segurança  urbana, pois, segundo a Organização  Pan-Americana de Saúde, um índice normal de criminalidade, se situa entre zero e cinco homicídios a cada 100 mil habitantes por ano. Tal situação pode ser tratada com os instrumentos convencionais. Segundo os autores, quando o índice está acima de oito, estamos diante de um quadro de criminalidade epidêmica - caso de Uberlândia, de Minas e do Brasil: uma tabela mostra estes dados em vários países da região, onde focamos o Brasil (em 1980, 11,5 homicídios por 100 mil habitantes.; em 2006, 31 homicídios para cada 100 mil habitantes, hoje acima de 35), ou seja: mais que triplicamos a taxa de homicídio em   de quatro décadas, uma média de homicídios que é o dobro da média mundial. Como nós vivemos nas cidades, é nelas que sentimos a insegurança e o medo, intangíveis, embora tropecemos no tangível: as perdas de vidas humanas além das materiais, segundo estudiosos, (10,5% do PIB), e esta é, a meu ver, a agenda para as próximas décadas. (No Brasil, o estado de SP saiu de 33,15 para 10,08 mortes violentas por 100 mil habitantes nos últimos 10 anos-Um benchmarking).

As ações que tomarmos agora poderão nos aproximar, por exemplo, do Chile (5,4 hom./100 mil hab.) ou do Uruguai (5,2) e nos tirarão, por exemplo, da inaceitável companhia da Colômbia (40); Área andina (45,4) e El Salvador (43,4)- Hoje ao lado da Venezuela, acima de (60), as mais violentas sociedades da América latina, onde o Brasil possui 25 cidades, entre as 50 mais violentas do mundo, com índices como o de Parati-RJ (60).

Portanto não dá para deixar passar despercebido o cutucão do candidato Serra em Lula e Morales, ainda no debate eleitoral 2006: O boliviano aumentava em seu governo a plantação de coca, cuja produção (90%) é dirigida ao Brasil. Lula, então presidente brasileiro fingia não ver, e deixava as fronteiras que nem peneiras (como ainda hoje - com Dilma e seu defunto lulopetisno uma década depois) e sem a devida atenção  de patrulhamento, não evitando a invasão de narcotraficantes do país vizinho. Via de consequência, aonde chega a cocaína, se estabelece um rastro de morte e destruição. Em virtude do exposto, não pudemos concordar com Marina Silva, quando saiu em defesa do governo Lula de então: Não é por ser um índio, que o Sr. Morales não deva ser cobrado assertivamente.

Infelizmente, ele é o chefe de um narco – estado colado ao nosso País, e uma gestão adequada pelos padrões da ONU, deste item lá, significa uma questão de sobrevivência para milhares  de pessoas aqui, nesta sofrida e, agora paralisada Nação.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia (ALU)
debatef@debatef.com

segunda-feira, 14 de março de 2016

Pessoas como Código de barras


Um dos maiores crimes do lulopetismo – de lesa pátria - foi entregar à sanha do mercado a educação superior brasileira, ao deixar se formar, ao arrepio da lei, um super grupo de ensino superior, o maior do mundo, que abarca cerca de 60% do Market share, durante seus governos. Para estudiosos de economia e administração, isto configura uma estrutura oligopolística, onde a força do poder econômico, com ações em bolsa, e compras com maior valor agregado, derrubam toda concorrência, tradicionalmente construída entre comunidades e confessionais - com melhor ensino e melhores avaliações - (salvando-se ainda as municipais, estaduais e federais pelo uso do dinheiro público).

Grande parte dos recursos utilizados por estas Instituições de Ensino Superior é advinda da especulação, própria desta forma de captação de numerários, onde cada aluno e professor vira um código de barra, e onde o lucro deve vir em primeiro lugar “doe-la a quem doe-la”. Naquelas, se buscam valores, há muito esquecidos pelo mercado, como por exemplo, usar a tecnologia para ajudar o ser humano, apesar da busca da sustentabilidade econômica... Nessas, com projeto de thicket médio de 100 dólares, e reduzindo o custo por atividades em escala, além de atuar sobre o salário médio do professor, abaixando-o, ao eliminar postos de doutores, contratar mestrandos e especialistas por um valor menor, logo após a visita do MEC - que se dá a cada 3 anos  em média -  e ao movimentar os mesmos livros de bibliotecas associadas, além de laboratórios acadêmicos, toda vez que é  auditada.

Este sistema utiliza a legislação nos seus limites,(quer nota mínima 3 na avaliação do  INEP pois esta é a melhor relação custo-benefício), paga caros advogados, coopta sindicatos, órgãos reguladores,  e reduz a carga horária em 20% mascarando as auditorias, com um falso EAD sem tutores suficientes,  sem que o aluno tire proveito, pois  o coitado não para em casa, sai de madrugada para trabalhar, estuda a noite, volta para casa depois da meia noite, e, fisicamente não tem condições de se dedicar ao estudo fora dos encontros presenciais, em  grupos de estudos, nos intervalos e antes da aula nas IESs.

Se o CADE não permite estruturas oligopolísticas para indústrias de carros, sabonetes, carnes etc... Porque deixou este monstro ser criado para enganar a sociedade brasileira, no que há de mais sagrado numa Nação, que é a formação de seu povo? Esta é uma das causas de nosso subdesenvolvimento e dependência. As escolhas de nossas elites quando estão no turno do poder – salvo raras exceções que só confirmam a regra - e é por causa de decisões equivocadas no passado, que hoje, por exemplo, os projetos de motores continuam sendo feitos na Europa e Estados Unidos, o núcleo duro de sensores de aviões da EMBRAER, continuam americanos, e os reagentes que nossos pesquisadores precisam ser importados em dólares, além de nossas publicações científicas serem em Jornals de língua inglesa, para terem valor acadêmico.

A educação vai mal da escola fundamental à superior, e a culpa é também da corrupção de prioridades desta podre elite - bilhões de dólares do BNDES para a América Latina e África - muito pouco ou nada para escolas com laboratórios inovadores, e que mudassem a vida de nosso povo. Esse sim é o maior crime do lulopetismo, e não há cadeia que pague esta conta.

José Carlos Nunes Barreto
Professor Doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia
debatef@debatef.com

STF: Dias Melhores


“Também se chamavam sonhos/ E sonhos não envelhecem/ .../ Basta contar compasso/ Que a chama não tem vazio”. Cancioneiro popular

O País parou para ver o último voto do decano do STF, ministro Antônio Cézar Peluzo no julgamento do século, do chamado mensalão. João Paulo Cunha e o PT foram condenados por 9 votos a 2, e Lula junto, apesar de não estar nos autos, porém, como ensinou Peluzo: “Os indícios podem eventualmente ter o valor de provas, sobretudo em casos de corrupção e atentados”. E houve um claro atentado às instituições da nação durante aquele desgoverno, e a embriaguez com o poder levou um ex-torneiro mecânico a pregar que “os fins justificam os meios”, e dizer que “todo mundo faz isso”, ou seja, desviar dinheiro público para partidos políticos e suas campanhas, o que significava fazê-lo para suas próprias arcas. A imprensa mundial em editoriais e capas de revistas renomadas, afirma desde 2007, que o ex-presidente é hoje um homem rico e com alguns bilhões de dólares. E não houve contestação. De onde veio esse dinheiro? Ao mapear o caminho do dinheiro o relator do processo-, o ilustre ministro Joaquim Barbosa, dá a dica. Todavia nem tudo está perdido, e o plenário parou para homenagear a chama do bem que nunca envelhece o poder da moral e dos bons costumes, representada ali por quem trabalhou a vida inteira pela justiça, e não enriqueceu. Não porque não tivesse oportunidade, mas porque fez de um cargo público seu sacerdócio. O País precisava disso e lavamos a alma. A maior corte da Nação inaugura um novo tempo - tempo de colher os sonhos de dignidade há muito semeados pela maioria silenciosa da Nação, contudo também tempo de responsabilidades, ao mostrar que cada voto tem seu peso e que um homem com seu trabalho constrói catedrais que sobrevivem a cataclismas e terremotos, como foi a tentativa lulopetista de turvar a verdade, ao nos chamar a todos de idiotas, afirmando que o mensalão nunca existiu.

E exemplos arrastam. Mudando o pano e rápido: Não dá pra votar em lideranças nacionais que se deixam filmar embriagadas na noite do Rio, e não é a primeira vez. O senador Aécio Neves deve pedir desculpas ao País enquanto é tempo. Há uma clara mudança de paradigma, os cidadãos, não queremos mais quem não possa ter a hombridade de se retratar, ou mostrar com transparência, que mudou. Serra está perdendo em SP por isso, seu discurso está velho, e suas desculpas, esfarrapadas pelos fatos. Nestes novos tempos, ganha quem representa o novo mesmo que seja um velho. O novo é o STF. O novo é ter dignidade e mesmo em situações desconfortáveis, falar a verdade - agir a partir dela, e nunca construir carreiras e governos, em cima de alicerces mentirosos.

Finalizando, quero jogar luz para a cena representada pela segurança na cidade onde vivo: Uberlândia. O estado de São Paulo do mesmo José Serra é benchmarking na área, pois saíram de 33,15 homicídios dolosos por 100 mil habitantes (o numero em torno do qual estamos hoje) para 10,08 em 10 anos - uma curva descendente, resultado de um plano de trabalho vitorioso, que está sendo estudado por universidades do mundo todo. E porque não vamos lá aprendermos? Em casos como esse é preciso correr, como ensinam os versos de Samuel Rosa: “vim correndo/ à frente do sol/ E antes de entrar revi a vida inteira/ ... Azul das cores de abril/ quem sabe isso quer dizer amor?/ Estrada de fazer/ O sonho acontecer/”.

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com

Energia


O crescimento contínuo do consumo de energia e as suas consequências, via de regra negativas para o ambiente, põem um conjunto de questões que, no mínimo, poderão se considerar como complexas. Complexas porque se a energia é hoje considerada um dos elementos fundamentais do desenvolvimento econômico e social de todas as nações, não é menos verdade que o homem começou, finalmente, a perceber que a sua disponibilidade está ligada à quase todos os aspectos relacionados com o equilíbrio do nosso meio ambiente.
    
Ao longo dos últimos anos, um conjunto de soluções tem sido proposto para resolver, ou de alguma forma reduzir este problema:

1)recurso em grande escala às fontes ditas renováveis;
2)utilização de energia nuclear;
3)desenvolvimento de combustíveis alternativos;
4)adoção de medidas de conservação de energia,  promovendo a sua utilização racional.
    
Falemos sobre as energias renováveis: são todas as derivadas do sol – Hidropower, Biomasssa, geotérmica, eólica, marés - e estão em franco crescimento em termos de tecnologia disponível e redução de custo. Já a energia nuclear apesar da maturidade tecnológica, e em alguns países é a mais viável, têm sobre seu uso uma espada de dêmocles que é o resíduo perigoso (radiativo por milhares de anos) além da síndrome “Não em meu Quintal”. As pessoas contaminadas agora pela radiação da usina de Fukushima no Japão são a prova viva de que os protocolos de segurança quanto ao uso da energia nuclear devem ser revistos. Há possibilidade de se continuar usando as energias nuclear para fins pacíficos, desde que com muito maior rigor na segurança.

    Também concordo com a análise de Saraiva - 1997, sobre as questões relacionadas com a produção de qualquer bem ou serviço, que podem ser sistematizadas recorrendo ao que se denominou de “tetraedro tecnológico”. Onde fica clara a evolução dos conceitos nas sociedades tecnológicas, em especial aqueles que surgiram nas últimas décadas. Os vértices do tetraedro são: as matérias primas, a informação, a energia e o ambiente. Da associação desses fatores resulta um serviço ou um bem. Há trinta anos o tetraedro se reduzia a um segmento de reta, entre as matérias primas e a informação, uma vez que naquela altura o custo de energia era quase nulo e os problemas relacionados com as limitações das fontes não eram encarados, senão por alguns “pessimistas”. Há 15 anos o modelo resumia-se a um triângulo. As questões ambientais começavam então a ser postas, mas a avaliação dos seus custos reais era um “problema para as gerações futuras”.
    
Finalmente aos poucos na última década delineou-se um tetraedro, com o último vértice sendo ocupado pela energia a ser consumida durante o processo. Impõe-se desde então responder que quantidade e que tipo de energia é exigido não só pelo próprio processo produtivo como também pelo seu transporte, distribuição e uso além de se calcular o impacto ambiental que produz o processo energético. No Livro “A Vingança de Gaia”, em 2006, o Cientista inglês James Lovelock preconiza que o equilíbrio ambiental já foi rompido pelo aquecimento global, e que o mesmo já passou do ponto sem volta. Lovelock é o Inventor do aparelho que permitiu detectar o acúmulo do pesticida DDT nos seres vivos, motivo pelo qual se interrompeu seu uso. O mesmo aparelho ajudou a identificar o CFC como o gás responsável pela destruição da camada de ozônio. Será demais revermos o uso da energia nuclear?

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com

Negros: A pobreza Brasileira


Ano passado, em outubro, escrevi sobre o impacto que até hoje nos afronta, da sombra de 400 anos de escravidão. Citei o professor Adalberto Cardoso, do IUPRJ, que revisitava a história social do trabalho na Nação, em publicação intitulada “Escravidão e sociabilidade capitalista: um ensaio sobre inércia social”. A ocasião da comemoração do mês da consciência negra me faz voltar ao tema, e peço licença ao leitor amigo para tecer alguns comentários amadurecidos desde então, na posição de ascendente nascido após a libertação formal da escravidão - já que a informal persiste sob a forma de baixa escolaridade e, além disso, na baixa qualidade de vida em meio a esgotos - pois a esmagadora maioria das cidades brasileiras sobrenada sobre eles - onde os mais desfavorecidos adoecem por doenças evitáveis e vinculadas por este ambiente.

Não é difícil, para os afro-brasileiros, constatarem as conclusões do artigo citado, quais sejam, vivemos numa hierarquia social de grande rigidez caracterizando um “aphartheid tupiniquim”, e a dificuldade de que gerações sucessivas tiveram, e ainda tem, para se livrar deste paradigma, que contribui para uma imagem depreciativa do povo, cuja autoestima está melhorando, mas as realidades dos números no censo de 2010, não nos deixa sonhar. Eles mostram novamente uma sofrida áfrica sob os descendentes de anglo saxões e ibéricos, onde os salários dos negros e pardos são em média 50% menores, e a escolaridade é bem menor, sem perspectivas de mudança deste quadro nos próximos 30 anos, a não ser que façamos uma revolução educacional e sanitária neste país. Enfim, a realidade nos mostra que a pobreza brasileira tem cor: ela é negra, e faltam líderes negros no Brasil para enfrentar esta realidade e a esterilização de consciências desta maioria - que consiste em formatar a pior escravidão possível em tempos modernos qual seja a permanência na exclusão digital (em plena primavera árabe) e na dependência de “beber” o cálice venenoso da informação postada por cerca de 20 famílias brancas da elite brasileira, que escolhem o que essa massa vai saber ou não, nos “jornais nacionais” da vida.
    
Nos anos 50, os capitais liberados pelo café, financiaram a consolidação do capitalismo. Observou-se um mercado de trabalho desigual, caracterizado pela lenta incorporação dos negros e seus descendentes, apesar da distante ordem escravocrata. Atualmente alguns traços de violência, absorvidos ao longo do tempo pela sociedade do trabalho brasileira, cunham o termo “escravos modernos”, no cenário em que “senhores” mantêm coletividades inteiras de escravos, e nossos fiscais do trabalho “ousam” libertar tais vítimas da escravidão, que hoje também são brancas.
Muita gente, inclusive este autor (mea culpa), critica as ações diferenciadas para negros - por exemplo, as cotas nas universidades, todavia, este povo merece uma reparação, da mesma forma como acontece após longas guerras onde crimes são cometidos. E o maior crime perpetrado contra a comunidade negra foi e continua sendo sua ausência compulsória em escolas sejam elas básicas, de ensino médio ou na universidade. Por isso minha dedicatória no e-book de doutoramento, disponível em www.teses.usp.br: “À comunidade negra do Brasil, pelo espírito de luta contra o maior período de escravidão jamais visto: da senzala à exclusão social e ausência compulsória na Universidade Pública do País”.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com.br