Uma ida ao teatro no fim de semana em que o STF tenta enterrar a Lava jato, pode ser o gatilho para reflexão pesada sobre a vida ,a família, nosso País e a política .Talvez por ser inspirado pela cultura de Medeia , pagã e bela, uma história de reis e feiticeiros, no texto de Eurípedes mais de 5000 anos, injetada pelos gênios de Chico Buarque e Paulo Pontes, em nossa realidade urbana .
Não poderia pois deixar de ser um texto político, pois retrata uma mulher, Joana, madura,sofrida , com dois filhos, moradora de um conjunto habitacional, em uma unidade pertencente à Creonte- rico e poderoso dono das casas e do poder político, sendo um corruptor por excelência. Seu marido, Jasão, forte e vigoroso,bem mais jovem que ela, e compositor de sambas- patrocinado por Creonte- a ama, mas vai se casar com Alma, jovem bonita e escultural filha do senhorio...
Por isso sai de casa e se afasta da mulher e dos filhos que tanto quer. E em fim trágico, Joana mata os filhos com veneno e depois se enforca, quedando no cadafalso da morte, desiludida. Tudo isso em meio aos fios bordados pelas músicas de chico Buarque, iniciado como o tema supra citado e que dá nome à peça , imortalizada que foi por décadas na voz de Bibi Ferreira.
Procuro separar as coisas, pois não sou alinhado às teses canhotas do autor, todavia, aplaudo sua vocação e talento, principalmente em canções e textos, em que se coloca no lugar das mulheres, em época que as mesmas , buscam por igualdade, e como nunca antes, numa verdadeira epidemia, são mortas por seus parceiros, que não lhes dão o direito de refazer suas vidas. (feminicídio dá arrepio em quem respeita suas mulheres, é marido, pai e avô de meninas)
Em licença poética, que pedindo vênia aos leitores, vejo Creontes , para nós que amamos a liberdade e a democracia, como os 11 ministros do STF, que se acham acima das leis e do próprio País. E nossa população, seria a Joana, que o desespero pode levar à loucura do suicídio, diante das vicissitudes da realidade ,torcida pelos capa pretas sem misericórdia, todavia se postam do lado errado da história , como as maria- antonietas da revolução francesa.
Tentar matar a lava jato pode ser a gota d´água...Venceremos com o povo, e nosso lema , como o deles, será liberdade, igualdade, e fraternidade!
José Carlos Nunes Barreto
Pós - doutor e sócio diretor da DEBATEF Consultoria
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