" O Escrito não passa de escórias do vivido" (Franz Kafka)
Estou no mercado há mais de 45 anos e já enfrentei várias crises. E tudo isso me fez lembrar um velho adágio popular:" Não há mal que dure para sempre". Elas sempre passam, e são cíclicas como as grandes cheias dos rios. Por conseguinte, algumas acontecem de 10 em 10 anos, de 30 em 30 e as piores são aquelas que vem de 100 em 100 anos.
Os especialistas em variação de PIB, mostram as formas de queda do mesmo de acordo com a duração do fenômeno. Em L se parece com a crise japonesa dos anos 90, que durou 10 anos. Em V sugere a rápida recuperação do Brasil na crise asiática, em 1997.Em U poderia ser a de 2008 que durou 3 anos, quando se recuperaram a maioria das economias do mundo, Brasil no meio.
Me recordo então da quebra da Bovespa em 1971, quando eu estudante de engenharia na UFU vendia papéis para me bancar. Alguns clientes perderam muito, e fiquei assustado. Houve descontrole geral, e a bolsa brasileira levou a partir dali 10 anos para se recuperar. Em 1981, na crise provocada pelo cartel da organização dos países exportadores de Petróleo( OPEP),já chefiava a produção de uma laminação de uma grande siderúrgica. E ficamos 3 meses sem laminar um único ferro, em total desespero, quanto ao futuro da empresa e do País. Em 1991, veio a crise imposta por Collor e vi colegas serem levados ao suicídio, porque suas economias foram confiscadas no altar de um plano econômico impostor.
Em 2001, quando voltava de viagens de estudos à china, as torres gêmeas foram ao chão, dias após eu ter estado lá, durante uma escala de voo, e em uma fabulosa livraria em tudo parecida à livraria cultura na avenida Paulista em SP. A crise daquela época foi brava, pois se juntou à do bug do milênio , das empresas pontocom. A de 2008 , foi em L no mercado americano que mergulhou durante 10 anos, num esforço semelhante ao ocorrido na segunda guerra mundial, para evitar uma dura recessão como a de 1929, e o governo Obama foi obrigado a retirar e substituir 2,2 trilhões de dólares de créditos podres em poder de bancos americanos, escondidos que foram, furtivamente, em carteiras de investimentos de milhões de investidores.
Lord Keynes inspirou o plano Marshal, que recuperou a economia de vários países destruídos pela segunda grande guerra, entre eles o Japão, e agora inspira líderes do mundo nos enormes aportes de capital, que os principais países realizam para mitigar o estrago feito pelo liberalismo extremo em países do ocidente, EUA à frente.
Concluo, temeroso quanto ao que faremos no Brasil com a escola de Chicago no comando da economia, pois foram os mesmos que desregulamentaram o mercado financeiro do ocidente,criaram uma crise big one, e tiraram proveito próprio- ficaram podres de ricos. Alguns foram julgados como criminosos, por fraudes contra economia popular, através de cláusulas contratuais abusivas, que retiraram bilhões de dólares de incautos e crentes cidadãos. A observar.
José Carlos Nunes Barreto
Pós - Doutor e Sócio- diretor da DEBATEF Consultoria
Nenhum comentário:
Postar um comentário