Relembrando Milton Santos, maior
geógrafo do Brasil: ”O espaço é a morada do homem, mas pode ser também a sua
prisão”.
O ano de
2010 está findando e será reconhecido no futuro como aquele em que aconteceu a
batalha do Rio, quando forças da legalidade finalmente enfrentaram o poder
paralelo do tráfico nos morros do Rio de Janeiro. Parecia um filme "Tropa de Elite 3",
só que real, e nele, muitas vidas de inocentes foram ceifadas, apesar dos números serem frios e dizerem que
não houve o esperado “banho de sangue”. Todavia mais uma vez, os negros e
pobres foram sacrificados no altar do descaso do estado. Os especialistas em
segurança já apontavam para a escalada da violência no Rio e no Brasil,
primeiro na década de 80, epidêmica e acima de 8 homicídios por cem mil
habitantes-depois catas trófica, hoje, acima de 31 mortes para cada 100 mil
habitantes. A causa principal é o tráfico de drogas alimentado pela Bolívia, em
mais de 80% do total de suprimentos. Em qualquer guerra, o fundamental é cortar
o suprimento, e se não o fazemos é por falta de ação ou comprometimento com a
causa. Uma parte sensível de nossa polícia é corrupta e está vendida ao
tráfico. Especulava-se no programa “Roda Viva” da rede Cultura, logo após o
evento em questão, em entrevista com o ex - secretário nacional de segurança
pública e ex- secretário de segurança pública do Rio no governo garotinho, que
o catalizador do movimento terrorista, que precipitou a ação das forças legais
no Rio, seria a queda de braço entre traficantes e policiais, pela taxa cobrada
pelos últimos para fazerem “vista grossa” ao tráfico. Lamentável, mais
precisamos dizer com todas as letras, que a principal tomada das forças da lei
e da ordem ainda não foi feita, qual seja, acampar e intervir nas polícias do
País.
Curioso que
as inteligências nacionais não tocam no assunto, ficam no “border line” enquanto os comandantes
do tráfico, de dentro das cadeias de “segurança máxima” comandam massacres na
população civil, em represália ao alto preço cobrado pela banda podre da
polícia brasileira. E não estamos falando de algo inusitado no mundo. A
operação “mãos limpas” na Itália e a destruição do cartel de Cali pelas ações em
prol da legalidade na Colômbia, por exemplo, fizeram desaparecer as bandas
podres da polícia e do judiciário nestes países, reféns até então da máfia. Prendeu-se
e julgou-se chefes de polícia, delegados, juízes e procuradores corruptos e
macunados com o tráfico de drogas e de armas. Não precisamos “reinventar a roda”.
A boa pergunta a ser feita é: Porque ainda não foi realizado isso aqui?
A paz é o
melhor presente que desejamos a todos neste final de ano. Populações inteiras
prisioneiras dos bandidos em suas comunidades, anos a fio, comemoram este natal
livres da “lei do silêncio”, e os negócios da sociedade civil começam a florescer
em morros e favelas ocupados agora pelas unidades de polícia pacificadoras no
Rio- um modelo a ser seguido por BH e por todas metrópoles brasileiras. Simples
assim: sai o poder paralelo, entra o estado, que agora tem uma enorme avenida a
ser construída em termos de relacionamentos e serviços para a população. Quem
pode mensurar o prejuízo de dezenas de anos desta ocupação ilegal de território
pelas milícias e máfias de drogas e armas? E como não responsabilizar o estado
por tanta demora em agir?
Cristo, o Senhor
do natal e de nossas vidas, nos ensina que “se conhecermos a verdade, a verdade
nos libertará”. Esta verdade renova mente, corações e espírito trazendo
perspectivas de cura para o corpo. Atitudes novas, como essa das autoridades do Rio, transformam o espaço urbano e principalmente nossas casas.
E felicidade nada mais é que isto: salvar a alma das opressões do maligno e
seus anjos, libertar o corpo de doenças e vícios, construir liberdades.
Felicidades! E Feliz natal a todos
e todas.
José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com.br
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