“Vou deixar a
rua me levar/ ver a cidade se acender/.../Eu vou lembrar você”
Do nosso
cancioneiro popular.
E
o Líbano não é aqui. Temos dois países distantes. Que sofrem de maneiras
diferentes, e interagem com a dor do Mundo. De tão brutal o abismo, dá
vertigem. O País “corporate” na Vila Olímpia em SP e o PCC nas zonas sul e
leste, nas palavras de João Sayad, em artigo na Folha de SP de 07/08/2006. Ele
não é qualquer um. Foi ministro do planejamento do governo Sarney. É inflente
economista - pensador do nosso tempo, e vive em SP.
Em
plena campanha para Presidência da República, falta um projeto de Nação. Os
estudiosos de fora do País, como C. K. Prahalad, um indo - americano, têm
propostas melhores que os envolvidos nesta rinha desértica de idéias. Também
vem de fora o conceito de BRICs e com ele as projeções, que embora na rabeira e
comendo poeira, nos colocam junto com a Rússia, a India e China, no olho do
redemoinho da transformação deste século. Este conjunto de países representarão
40% do PIB mundial além 800 milhões de novos consumidores de classe média já em
2010, segundo Estudo da Goldman Sachs. Nas décadas seguintes devem desbancar
potências como JP Alemanha e EUA. A lógica dos negócios vai sofrer mudanças
críticas com a entrada destes consumidores emergentes. Essa classe média no
Brasil é a mesma que vai eleger o próximo congresso e o Presidente da
República. Será que isso não nos diz nada?
Crescemos
menos, somos os menos educados, temos a maior carga tributária, a pior e mais
avariada infraestrutura. Contudo nosso lado “corporate” possui um parque
industrial diversificado, grandes reservas minerais ao lado de uma rede de
universidades, linkadas a um elogiado sistema de pós graduação, que já produz
1,8% dos artigos científicos do mundo, ultrapassando países de primeiro mundo.
No
nosso “lado PCC” somos um líbano, massa de manobra dos países desenvolvidos e
de belicosos espertos como Chavez e Morales. No “Corporate” somos liderança com
potencial de ser o maior fornecedor mundial de produtos agrícolas.
No Líbano
real, a guerra é por procuração dos EUA de um lado e por Síria + Irã do outro,
com uma mãozinha da França. O Hezbollah só tem sua força por causa do armamento
e apoio logístico destes países. E Israel, a nosso ver atacou o Líbano só para
atrair a Síria e o Irã ao teatro de operações, e facilitar assim a ampliação do
conflito, que propiciaria o tão almejado ataque dos americanos ao seu
arqui-inimigo, o eixo do mal Irã.
Mas
não é de hoje que somos um quintal dos poderosos, que usam o BIRD (Banco
Mundial) e O FMI(Fundo Monetário Internacional) para atingir seus objetivos.
Agora é a OMC (Organização Mundial do Comércio), onde se destaca o “caso dos
pneus”: A UE (União Européia) impugnou entre outras medidas, a proibição da
importação de pneus recauchutados da UE, imposta ao Brasil. Um absurdo
surrealista! Se vitoriosos em seu intento, teremos de recuar nas nossas suadas
políticas de proteção à saúde e ao meio ambiente, para receber como destinação
final, um passivo ambiental europeu. Via de consequência geraremos mais dengue,
mais acidentes, mais poluição e mais mortes. O que é pior: isso ou um míssil do PCC - Hezbollah?
José Carlos
Nunes Barreto
Professor-doutor
Uberlândia MG
debatef@debatef.com
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