“Pai,/ você
foi meu herói/ meu bandido/
hoje mais/
muito mais/ que um amigo...”
Do nosso
cancioneiro popular.
Se
você não assistiu ainda o filme ”Os dois filhos de Francisco”. Corra! Vale a
pena. Os dois filhos em questão são Zezé de Camargo e Luciano, a mais famosa
dupla de artistas do gênero “caipira-romântica”. Gosto muito de cinema tipo
telona, e escolho, escuto opiniões antes de assistir a película, para tirar o
maior proveito possível. Neste filme há a figura de um pai que
transforma-literalmente- os filhos em cantores, treinando e investindo o que
não tinha em instrumentos musicais para os mesmos. ”É o amor/Que mexe com a
minha cabeça/ E me deixa assim/... Fazendo eu
esquecer de mim”. Quem nunca cantarolou esta música do brilhante
compositor e cantor Zezé de Camargo? Todavia o mais importante vem depois: a
reflexão sobre os fatos marcantes mostrados na película. A luta pela
sobrevivência. A fome. A migração. Ser enganado por empresários. A tragédia da
perda do irmão que fazia a dupla originalmente. E, ”last but not least” (último
mas não menos importante)a figura marcante de uma mãe que como pêndulo dava o
contrabalanço ao romantismo sonhador de um pai zeloso pelo futuro dos meninos.
Todos temos mães e pais. Alguns já se foram. Outros ainda nos abençoam. Porém
toda vez que presenciamos situações assim, seja no cotidiano, seja em filmes,
nos remetemos à eles, e à nossa infância, para lembrarmos de ocasiões
semelhantemente vividas. Lembro de meu pai. Trabalhador como Francisco.
Sonhador como ele. Com muitos filhos também. Quando passei no vestibular da UFU
para Engenharia Mecânica no longínquo 1970, vindo de Goiânia, fiz trajetória
inversa aos meninos de Francisco, que acabavam de chegar lá. Lembro que minha
família não tinha como me bancar aqui. Mas o velho pai nem pensou na hipótese
de eu desistir: ”você com este título de doutor ainda pode ser Presidente da
República”. E lutou com poucos recursos que sobravam da manutenção da casa com
mulher e outros sete filhos menores, para
me mandar “algum” até que eu pudesse me sustentar com as aulas de matemática,
que passei a ministrar na escola estadual Bueno Brandão e no Colégio D. Pedro I.
Começava aí minha carreira de professor que nunca mais parou, e logo em seguida
iniciava a de pai de dois meninos e uma menina. Hoje formados, graças a Deus.
Minha
reflexão também se deteve no significado da ausência da figura do Pai. O tanto
que ela faz falta. Quando alguém não tem pai na infância perde o “animus” - aquele
que te empurra para frente e diz, não tema filho! Enquanto o “anima” - a mãe -
o acolhe quando algo dá errado, tal como no “Yang/Yung” oriental,
complementares e fundamentais para sermos felizes e alcançarmos o sucesso. Meu
pai já se foi. O velho Barreto. E nestas linhas de emoção, compartilho com
vocês minha saudade. Minhas lágrimas. E minha homenagem. Sempre lembrando que
ainda temos (e sempre tivemos) o Pai das luzes-Jeová, que com sua infinita
bondade e misericórdia derrama sobre todos, dia a dia, o sol, a chuva, e sua
graça que as escrituras nos ensinam que é melhor que a vida. Se você ainda o
tem, abrace seu pai e aproveite a benção de sua presença.
José Carlos
Nunes Barreto
Professor
doutor
debatef@debatef.com