quinta-feira, 30 de julho de 2015

Pai

“Pai,/ você foi meu herói/ meu bandido/
hoje mais/ muito  mais/ que um amigo...”
Do nosso cancioneiro popular.


Se você não assistiu ainda o filme ”Os dois filhos de Francisco”. Corra! Vale a pena. Os dois filhos em questão são Zezé de Camargo e Luciano, a mais famosa dupla de artistas do gênero “caipira-romântica”. Gosto muito de cinema tipo telona, e escolho, escuto opiniões antes de assistir a película, para tirar o maior proveito possível. Neste filme há a figura de um pai que transforma-literalmente- os filhos em cantores, treinando e investindo o que não tinha em instrumentos musicais para os mesmos. ”É o amor/Que mexe com a minha cabeça/ E me deixa assim/... Fazendo eu  esquecer de mim”. Quem nunca cantarolou esta música do brilhante compositor e cantor Zezé de Camargo? Todavia o mais importante vem depois: a reflexão sobre os fatos marcantes mostrados na película. A luta pela sobrevivência. A fome. A migração. Ser enganado por empresários. A tragédia da perda do irmão que fazia a dupla originalmente. E, ”last but not least” (último mas não menos importante)a figura marcante de uma mãe que como pêndulo dava o contrabalanço ao romantismo sonhador de um pai zeloso pelo futuro dos meninos. Todos temos mães e pais. Alguns já se foram. Outros ainda nos abençoam. Porém toda vez que presenciamos situações assim, seja no cotidiano, seja em filmes, nos remetemos à eles, e à nossa infância, para lembrarmos de ocasiões semelhantemente vividas. Lembro de meu pai. Trabalhador como Francisco. Sonhador como ele. Com muitos filhos também. Quando passei no vestibular da UFU para Engenharia Mecânica no longínquo 1970, vindo de Goiânia, fiz trajetória inversa aos meninos de Francisco, que acabavam de chegar lá. Lembro que minha família não tinha como me bancar aqui. Mas o velho pai nem pensou na hipótese de eu desistir: ”você com este título de doutor ainda pode ser Presidente da República”. E lutou com poucos recursos que sobravam da manutenção da casa com mulher  e outros sete filhos menores, para me mandar “algum” até que eu pudesse me sustentar com as aulas de matemática, que passei a ministrar na escola estadual Bueno Brandão e no Colégio D. Pedro I. Começava aí minha carreira de professor que nunca mais parou, e logo em seguida iniciava a de pai de dois meninos e uma menina. Hoje formados, graças a Deus.

Minha reflexão também se deteve no significado da ausência da figura do Pai. O tanto que ela faz falta. Quando alguém não tem pai na infância perde o “animus” - aquele que te empurra para frente e diz, não tema filho! Enquanto o “anima” - a mãe - o acolhe quando algo dá errado, tal como no “Yang/Yung” oriental, complementares e fundamentais para sermos felizes e alcançarmos o sucesso. Meu pai já se foi. O velho Barreto. E nestas linhas de emoção, compartilho com vocês minha saudade. Minhas lágrimas. E minha homenagem. Sempre lembrando que ainda temos (e sempre tivemos) o Pai das luzes-Jeová, que com sua infinita bondade e misericórdia derrama sobre todos, dia a dia, o sol, a chuva, e sua graça que as escrituras nos ensinam que é melhor que a vida. Se você ainda o tem, abrace seu pai e aproveite a benção de sua presença.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com   



O Líbano é aqui

“Vou deixar a rua me levar/ ver a cidade se acender/.../Eu vou lembrar você”

Do nosso cancioneiro popular.


E o Líbano não é aqui. Temos dois países distantes. Que sofrem de maneiras diferentes, e interagem com a dor do Mundo. De tão brutal o abismo, dá vertigem. O País “corporate” na Vila Olímpia em SP e o PCC nas zonas sul e leste, nas palavras de João Sayad, em artigo na Folha de SP de 07/08/2006. Ele não é qualquer um. Foi ministro do planejamento do governo Sarney. É inflente economista - pensador do nosso tempo, e vive em SP.

Em plena campanha para Presidência da República, falta um projeto de Nação. Os estudiosos de fora do País, como C. K. Prahalad, um indo - americano, têm propostas melhores que os envolvidos nesta rinha desértica de idéias. Também vem de fora o conceito de BRICs e com ele as projeções, que embora na rabeira e comendo poeira, nos colocam junto com a Rússia, a India e China, no olho do redemoinho da transformação deste século. Este conjunto de países representarão 40% do PIB mundial além 800 milhões de novos consumidores de classe média já em 2010, segundo Estudo da Goldman Sachs. Nas décadas seguintes devem desbancar potências como JP Alemanha e EUA. A lógica dos negócios vai sofrer mudanças críticas com a entrada destes consumidores emergentes. Essa classe média no Brasil é a mesma que vai eleger o próximo congresso e o Presidente da República. Será que isso não nos diz nada?

Crescemos menos, somos os menos educados, temos a maior carga tributária, a pior e mais avariada infraestrutura. Contudo nosso lado “corporate” possui um parque industrial diversificado, grandes reservas minerais ao lado de uma rede de universidades, linkadas a um elogiado sistema de pós graduação, que já produz 1,8% dos artigos científicos do mundo, ultrapassando países de primeiro mundo.

No nosso “lado PCC” somos um líbano, massa de manobra dos países desenvolvidos e de belicosos espertos como Chavez e Morales. No “Corporate” somos liderança com potencial de ser o maior fornecedor mundial de produtos agrícolas.
No Líbano real, a guerra é por procuração dos EUA de um lado e por Síria + Irã do outro, com uma mãozinha da França. O Hezbollah só tem sua força por causa do armamento e apoio logístico destes países. E Israel, a nosso ver atacou o Líbano só para atrair a Síria e o Irã ao teatro de operações, e facilitar assim a ampliação do conflito, que propiciaria o tão almejado ataque dos americanos ao seu arqui-inimigo, o eixo do mal Irã.

Mas não é de hoje que somos um quintal dos poderosos, que usam o BIRD (Banco Mundial) e O FMI(Fundo Monetário Internacional) para atingir seus objetivos. Agora é a OMC (Organização Mundial do Comércio), onde se destaca o “caso dos pneus”: A UE (União Européia) impugnou entre outras medidas, a proibição da importação de pneus recauchutados da UE, imposta ao Brasil. Um absurdo surrealista! Se vitoriosos em seu intento, teremos de recuar nas nossas suadas políticas de proteção à saúde e ao meio ambiente, para receber como destinação final, um passivo ambiental europeu. Via de consequência geraremos mais dengue, mais acidentes, mais poluição e mais mortes. O que é pior: isso ou   um míssil do PCC - Hezbollah?

José Carlos Nunes Barreto
Professor-doutor
Uberlândia MG

debatef@debatef.com

O Resultado do descaso

Relembrando Milton Santos, maior geógrafo do Brasil: ”O espaço é a morada do homem, mas pode ser também a sua prisão”.

O ano de 2010 está findando e será reconhecido no futuro como aquele em que aconteceu a batalha do Rio, quando forças da legalidade finalmente enfrentaram o poder paralelo do tráfico nos morros do Rio de Janeiro. Parecia um filme "Tropa de Elite 3", só que real, e nele, muitas vidas de inocentes foram ceifadas,  apesar dos números serem frios e dizerem que não houve o esperado “banho de sangue”. Todavia mais uma vez, os negros e pobres foram sacrificados no altar do descaso do estado. Os especialistas em segurança já apontavam para a escalada da violência no Rio e no Brasil, primeiro na década de 80, epidêmica e acima de 8 homicídios por cem mil habitantes-depois catas trófica, hoje, acima de 31 mortes para cada 100 mil habitantes. A causa principal é o tráfico de drogas alimentado pela Bolívia, em mais de 80% do total de suprimentos. Em qualquer guerra, o fundamental é cortar o suprimento, e se não o fazemos é por falta de ação ou comprometimento com a causa. Uma parte sensível de nossa polícia é corrupta e está vendida ao tráfico. Especulava-se no programa “Roda Viva” da rede Cultura, logo após o evento em questão, em entrevista com o ex - secretário nacional de segurança pública e ex- secretário de segurança pública do Rio no governo garotinho, que o catalizador do movimento terrorista, que precipitou a ação das forças legais no Rio, seria a queda de braço entre traficantes e policiais, pela taxa cobrada pelos últimos para fazerem “vista grossa” ao tráfico. Lamentável, mais precisamos dizer com todas as letras, que a principal tomada das forças da lei e da ordem ainda não foi feita, qual seja, acampar e intervir nas polícias do País.

Curioso que as inteligências nacionais não tocam no assunto,  ficam no “border line” enquanto os comandantes do tráfico, de dentro das cadeias de “segurança máxima” comandam massacres na população civil, em represália ao alto preço cobrado pela banda podre da polícia brasileira. E não estamos falando de algo inusitado no mundo. A operação “mãos limpas” na Itália e a destruição do cartel de Cali pelas ações em prol da legalidade na Colômbia, por exemplo, fizeram desaparecer as bandas podres da polícia e do judiciário nestes países, reféns até então da máfia. Prendeu-se e julgou-se chefes de polícia, delegados, juízes e procuradores corruptos e macunados com o tráfico de drogas e de armas. Não precisamos “reinventar a roda”. A boa pergunta a ser feita é: Porque ainda não foi realizado isso aqui?

A paz é o melhor presente que desejamos a todos neste final de ano. Populações inteiras prisioneiras dos bandidos em suas comunidades, anos a fio, comemoram este natal livres da “lei do silêncio”, e os negócios da sociedade civil começam a florescer em morros e favelas ocupados agora pelas unidades de polícia pacificadoras no Rio- um modelo a ser seguido por BH e por todas metrópoles brasileiras. Simples assim: sai o poder paralelo, entra o estado, que agora tem uma enorme avenida a ser construída em termos de relacionamentos e serviços para a população. Quem pode mensurar o prejuízo de dezenas de anos desta ocupação ilegal de território pelas milícias e máfias de drogas e armas? E como não responsabilizar o estado por tanta demora em agir?

Cristo, o Senhor do natal e de nossas vidas, nos ensina que “se conhecermos a verdade, a verdade nos libertará”. Esta verdade renova mente, corações e espírito trazendo perspectivas de cura para o corpo. Atitudes  novas, como essa das autoridades do Rio, transformam  o espaço urbano e principalmente nossas casas. E felicidade nada mais é que isto: salvar a alma das opressões do maligno e seus anjos, libertar o corpo de doenças e vícios, construir liberdades.

Felicidades! E Feliz natal a todos e todas.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com.br

Justiça


“Nem os sábios nem os destemidos se deitam nos trilhos da história para esperar que o trem do futuro passe por cima deles”

Dwight D. Eisenhower


Sempre achei que uma das maiores chagas da nação é a falta de acesso à justiça para o cidadão comum... Pois a ONU acaba de públicamente censurar este país como carente de justiça-deu na France Press. Chacinas não resolvidas, sem punição aos responsáveis- sempre envolvendo policiais civis e militares, portanto o Estado-atirando contra  pessoas desarmadas e sem passagens na polícia e cujo único crime foi sair na rua no instante em que “a bandidagem”  fazia sua carnificina “à la gangues de Nova York”: Na última(last but not least)trinta pessoas mortas na região de Queimados(triste nome) no RJ. Paradoxalmente, não só a base da pirâmide social sofre com esta calamidade. O STF detém por muitos anos com sua morosidade, decisões que afetam grande parte do PIB nacional,(em bilhares de dólares)representado por empresários e empresas muitas já falidas pela espera. A insegurança jurídica reina e aumenta o risco Brasil e o “espread” bancário, afastando até mesmo investidores internacionais.

Nepotismo, formação de quadrilha, tráfico de influência, venda de sentenças, e falta de disposição para mudar e cortar na própria carne, são alguns dos crimes e mazelas que acompanhamos atentos nas páginas policiais dos jornais e magazine s do país e principalmente do exterior, onde livres da pressão e do poder dos magistrados lemos antes daqui, absurdos da nossa “justiça”. Há medo de se tocar no assunto, até mesmo no ministério público. E este é dentre as instituições forjadas na constituição cidadã de 1988,a que mais esperanças dá ao  brasileiro e em  quem ele mais confia para ajudar na transformação da justiça.

E qual a solução? Perguntaria o leitor. Acredito que como formador de opinião não posso me deitar nos trilhos da história. Como lembrou o grande estadista americano citado acima. Boas perguntas são uma forma de resolver os problemas de administração pública como ensina Sthefen Kenetz na edição da revista Veja de 30 de março. Então vamos lá: 1)A quem interessa um judiciário assim? 2)Porque na reforma do judiciário só se faz mudanças tópicas; 3)Porque não aprendemos com a Itália na operação “Mãos Limpas” de combate à máfia que contaminou aquele judiciário? 4)Será que não temos homens públicos corajosos para este comando que a nação clama? 5)Como executar uma reforma que desate este verdadeiro nó que segura o país? 6)Onde deverá acontecer o começo do processo? 7)Quanto custa isto? 8)Em quanto tempo se faz?

Vocês podem não ter percebido mas estas perguntas são parte de uma ferramenta da qualidade que ensinamos nos cursos de administração e é  usada por empresas no mundo inteiro: O 5W2H(iniciais em inglês de: o que? Quem? onde? porque? como? quanto custa? e Quando?, sempre que a parte mais difícil já foi executada, isto é após descobrirmos o problema fundamental ou raiz. E parece que está bem claro qual é ele, ou não?

José Carlos Nunes Barreto
Professor Doutor

debatef@debatef.com

Bispos e pastores do mal



Quando vi o filme “O nome da rosa” pensei que seria o máximo em termos de enredo do mal dentro da igreja. Cabe notar que naquele monastério, onde foram rodadas as cenas, viveram durante séculos monges, a maioria filhos caçulas da nobreza européia, enviados para clausura como forma de evitar dividir a herança da família. Para muitos, não havia escolha: ser sacerdote era a única saída. Mas é importantíssimo frisar que existem hoje, graças a Deus, muitas abençoadas carreiras eclesiásticas, de pastores de almas, que são fruto de um despertar, um toque  do espírito santo,  da mesma forma que aconteceu à S. Francisco de Assis, que rico renunciou a tudo por amor a Deus, doou  aos pobres sua riqueza. Fez o solicitado por Jesus àquele rico príncipe que o procurou à noite: ”Vai vende tudo que tens e dá aos pobres”.

Bispos e pastores há, porém, que só pensam em poderes e riquezas deste mundo. São avarentos, e não tem o menor constrangimento em se apoderar das ofertas dos fiéis, seja para pequenas coisas (quem não é fiel no pouco, como o será sobre fortunas?), seja para fazer campanha política e/ou promoção pessoal. Alguns compram e mantêm emissoras de TVs, com o dízimo da igreja, pagando caríssimos espaços na madrugada, desestabilizando esse mercado de comunicação. Enfim vivem nababescamente.

A história eclesiástica mostra que, após dezenas de anos de delitos acobertados pelas igrejas - de modo geral- itens como roubo, tráfico de influência, puxadas de tapete de pares que podem fazer sombra, difamação e calúnia, abuso sexual de menores, etc...(a lista é longa demais),alguns desses atores terminaram sendo julgados, nunca por seus pares, e poucos foram presos. Uma vergonha! Ao invés de vestir toda armadura de Deus para combater o mal deste mundo, eles são o próprio mal. São os dominadores deste mundo tenebroso juntamente com o diabo e seus anjos, fazendo acordos com os Sarneys da vida, não importando os meios para chegar a um almejado fim.

Pastores há, também, que de seus púlpitos agem como covardes a citar exemplos de casos acontecidos sob sigilo de sua ação pastoral. Expondo os fiéis. São macacos em loja de louças, não sendo éticos, não tendo humildade, ao contrário sendo vaidosos, orgulhosos, presunçosos  dentro dos seus ternos e túnicas de “linho egípcio”. É lamentável dizer, mas estão como Eli nos tempos de Samuel. Deus não fala mais através deles, não podem mais fazer maravilhas, pois o poder sobrenatural do Senhor lhes foi tirado. Alguns ouvirão dele no dia do juízo: ”não vos conheço”. 

O Pior eu veria em outro filme: “O Código Da Vinci”, que inovou. Trouxe mais suspense e mistérios. Por causa de seu enredo, houve até quem se desviasse da fé. E ele é só uma nova trama, no essencial, uma ficção que despreza dados e fatos verídicos, e cria outros mentirosos. Uma cilada armada pelos principados e potestades, igual à que parou o apóstolo Paulo quando se dirigia para uma de suas igrejas. Se parou Paulo, que dizer a nós, homens de fé menor que o grão de mostarda? São tempos difíceis, mas tenho certeza que se os pastores e bispos continuarem assim, Deus continuará a falar nem que seja através de pedras ou com uma mula, como fez com Balão.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com.br     

Água Seis Sigma já


Domingo foi o dia mundial da água, e eventos em todo mundo marcaram a data, que no Brasil, com as raras exceções de sempre, passou batido, principalmente nas prefeituras que operam os sistemas de saneamento, incumbidos de gerirem a água potável, e que se caracterizam como um dos mais ineficientes e ineficazes do mundo, com perdas médias de 42%, e em alguns casos (10 empresas, segundo o Snis - Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento, por exemplo no Piauí, Amazonas, Acre e Alagoas), desperdiçando mais de 50% do líquido antes que chegue à torneira do usuário,contra uma benevolente indicador  de no máximo 20% da ANA- Agência Nacional da Água.

O índice 20% já é um absurdo frente às perdas toleradas de outras manufaturas de no máximo 2%, sem falarmos nas excelentes que são seis sigmas e erram 3,4 erros por milhão de operações, o que representaria 0,00034%, e zeraria os vazamentos de água, utilizando uma já consolidada tecnologia de gestão testada com êxito em grandes empresas como 3M, NOKIA, TOYOTA, MARTINS entre outras.

A maioria das empresas está na faixa de 30%,caso da COPASA em Minas Gerais,  que com esse índice joga no esgoto 777 milhões de litros de água/dia(só na capital BH 222 milhões de litros/dia), o que garantiria duas vezes o abastecimento da capital mineira em um dia.A ineficiência é por definição  proporcionar um out- put, utilizando alta quantidade de recursos, quando comparado a um benchmark que gasta bem menos para atingir  o mesmo resultado.Como não existe almoço grátis, quem paga a conta é o contribuinte,  e a empresa quando não é monopólio,  caso das operadoras de  água, é descartada como fornecedora, por outra concorrente com  melhores serviços e preços menores.

Há, no entanto uma preocupação maior, que foi desenhada nas conferências mundiais sobre o clima, que é o fato de cada vez mais bilhões de pessoas ficarão sem acesso à água potável neste século, e os números da OMS mostram que já hoje, em diversas partes do planeta a cada oito segundos morre uma criança por falta de água potável, o que equivale a 3 milhões de meninos e meninas mortos por ano.

É mandatário, portanto, criar políticas públicas para educar a população a melhorar o seu padrão de consumo, para evitar absurdos vistos todos os dias, por falta de conscientização. Mudar a legislação, focando no conceito de pegada hídrica(volume de água doce usado para produzir os bens e serviços consumidos por pessoa,empresa ou país) , na taxação dos grandes consumidores que esbanjam. Por exemplo, para exportarmos 67,5 milhões de toneladas de grãos no Brasil, ano passado gastamos cerca de 70 bilhões de litros d’agua. Como não se cobra eficiência também no uso, a irrigação perde, segundo especialistas, 50% do que aplica, com técnicas de inundação e por gravidade, já que poucos usam o gotejamento, mais eficaz indo ao ponto, e com baixo consumo de água, portanto eficiente.

Além disso, poluímos muito a água que usamos e não a reciclamos. Mesmo a água tratada, está cada vez mais insegura, pois as ETAS não dispõe de tecnologia para tirar alguns produtos químicos tóxicos e cancerígenos a taxas de 0,00000008g/l, como dioxinas e furanos, ou hormônios,ou qualquer outro produto perigoso criado ao redor do mundo enquanto você lia  este artigo.

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

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A Revolução dos Bichos



No ultimo feriado, escolhi como releitura “A revolução dos bichos” de George Orwel, e o que mais me chamou a atenção, foram os dois “pós- fácios” escritos pelo autor: o primeiro reeditando o prefácio de 1945 endereçado à intelligentia britânica e americana, o segundo de 1947, endereçado às pessoas comuns da URSS. Em 1945, a Rússia era aliada dos ingleses e americanos contra o nazifacismo, e por isso o constrangimento foi geral quando identificaram na fazenda dos bichos, o regime centralizador da Rússia, e em seus dirigentes, os porcos que comandavam. Orwel em sua bela sátira, analisa a teoria de Marx do ponto de vista dos animais, em contraponto à dominação humana, fazendo clara alusão à experiência soviética como um todo. Daí o choque de frente com a “real politik” ocidental, com sua elite preferindo “acreditar” nos relatos fantasiosos que a imprensa vermelha estatal fazia dos processos de Moscou. Esses países não quiseram “sujar as mãos” e recontar a história mudada pela propaganda comunista, e por isso o autor, inconformado, a transformou em uma estória de bichos, que se rebelaram contra seu dono e o expulsaram da fazenda, assumindo eles mesmos a gestão da produção.

Escreveram sete mandamentos, e a medida que o bonapartismo da liderança dos porcos fica claro, a lei vai sendo mudada para favorecer  os ocupantes do poder.Uma comunicação  atroz, faz as ovelhas se convencerem, que alguns bichos são mais iguais que outros, por isso “merecem” algumas regalias.Depois, mais e mais poder centralizador, concentração de renda, a tal ponto que  os bichos de quatro patas até  já estariam andando de pé, como os homens do “ancién regime”. E suas atrocidades e expurgos até extrapolam o que se fazia antes, e que se tornara motivo da tal revolução.

Refletindo sobre o assunto a fim de interpreta-lo para o Brasil de hoje, relembro da revolução que nós, como os bichos dessa estória, pensávamos que faríamos quando colocássemos o PT no poder. A primeira mudança dos “mandamentos” veio na “Carta aos Brasileiros”, quando descobrimos que a política econômica seria a mesma do governo anterior. Depois de decepção em decepção, até ao mensalão e à ameaça do impeachment do porco mor foi um pulo. Apesar disso, as ovelhas ainda estão gritando palavras de ordem bem alto. Para evitar que sejam ouvidas lideranças sensatas, e para não pensarem nos anos difíceis que terão de encarar, assim que a conta pela má gestão, e pelas fantasias napoleônicas, for entregue à Nação. Até querem aumentar o índice exigido de produtividade nas fazendas, para desapropria-las todas de uma vez e tomá-las numa revolução “socialista” branca.

Pois bem. A exemplo do que aconteceu com a elite americana e européia na década de 40, a nossa intelligentsia,  nossa mídia, nossas sensatas  lideranças, parece que já foram cooptadas pelo carisma maligno deste napoleão de São Bernardo, e não estão querendo “sujar as mãos”.Por outro lado o País anseia por  respostas para questões candentes como segurança pública, saúde e educação, muito mais que sentar no G20 da ONU, pois para pensar em liderar o mundo, precisamos primeiro cuidar de nós mesmos, pois ao contrário da fábula, não existem   homens que são mais iguais que outros.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com.br