quarta-feira, 22 de abril de 2015

Fé e Confiança



Aos meus alunos de pós graduação tenho sempre de mostrar “cases” de planejamento estratégico bem sucedidos, e neles constato que a visão dos fundadores é o que move essas organizações. Quem acreditaria na revolução contida em um pequeno computador pessoal, na década de 70?-caso da Microsoft de Bill Gattes -ou  que um armazém de varejo em Uberlândia disposto a fazer entregas a seus clientes se transformaria na maior empresa de logística da América Latina, tantos anos depois ?-caso do Grupo Martins do Sr alair Martins, ou que o sonho de Martin Luther King “libertaria” a sociedade negra americana  e geraria a poderosa Condolleza Rice de hoje?- Sempre pergunto em minhas consultorias: como você e sua empresa esperam estar fazendo negócios daqui a dez anos? A maioria dos empresários não sabe a resposta. Alguns poucos respondem na ponta da língua. Têm-na como visão ,após o filtro dos princípios(crenças e valores)somados à análise do ambiente de negócios.  Há fé nestes líderes.

Ao “tocarem” as organizações (religiosas, empresas ou países) essas lideranças têm a seu favor “insights” que lhe são emprestados por conselheiros, normalmente fora dos papéis e ambições hierárquicas da organização que dirigem. Esses costumam dar ao líder opiniões e informações imaculadas, com elevada franqueza e iluminada perspectiva de êxito. Há entre esses conselheiros e líderes uma relação de confiança que Saj-nicole Joni chama de estrutural em seu brilhante artigo ”A Geografia da Confiança” em “Harvard Dusiness Review” 2004-03, após estudar a questão de liderança em 150 empresas européias e americanas. Há segundo a autora, dois outros tipos de confiança: a profissional e a pessoal.Fica claro que um dirigente precisa de um “kitchen board” -uma espécie de conselho de sua cozinha- ,para que suas decisões possam acontecer após ouvir pelo menos três opiniões as vezes estruturais, outras profissionais e algumas até pessoais,  porque após tomadas e executadas moverão muitas vezes mercados, países e o mundo.

   Interessante notar que quando se movem dentro da organização, os conselheiros podem mudar o peso de suas opiniões junto ao líder. A confiança profissional cresce à medida que a liderança trabalha lado à lado com indivíduos que reiteradamente demonstram domínio sobre certos processos e áreas do saber. Alguns homens de confiança estrutural deixam de sê-lo, quando assumem cargos dentro da organização e passam a ser “contaminados” pelos interesses corporativos. Já a confiança pessoal, normalmente conservada  a partir de laços familiares ou de amizade, é réfem de todas as mazelas que estas relações abrigam, fazendo despencar(no divórcio por exemplo)conselheiros e ascender novos, com todos os seus impactos.

Por maior que seja a ascensão de alguém no papel de líder, a tríade de confianças estrutural, profissional e pessoal   é mais do que necessária em seu corpo de conselheiros para tomada de decisões que podem mudar a vida de milhares de pessoas e a sorte de organizações. Já a fé...esta só vem de Deus(para os que crêem).

Concluindo:“ “A Fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vê-em” ensina a bíblia, ”um líder para ter sucesso deve aprender  a usar a geografia da confiança”  completa Saj-Nicole Joni. Que tal ficarmos com as duas, fé e confiança, para líderes e para nós mortais comuns nesta pós-páscoa?

José carlos Nunes Barreto
Professor Doutor
Debatef@debatef.com.br


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