quarta-feira, 22 de abril de 2015

De vinhos, educação e futebol

 

“Da pura água/criar o vinho/do puro tempo/extrair o verbo”, Orides Fontela

Ainda respirando a derrota do Brasil para a França, me pergunto porque a arte, do  futebol deste País,  morreu naquela tarde na  forma e na essência, revivendo na gente aquele antigo   complexo de “vira-latas”? Apaga, apaga. Como fazemos com uma versão inicial e indesejada de um artigo. Ou com uma lembrança ruim qualquer. Mas como tudo na vida tem os dois lados, podemos desde já mostrar o lado bom: Estamos livres deste gargalo de produção. Nos jogos da “Pátria de chuteiras” na copa, muitos negócios pararam. As expectativas exacerbadas de vitória fizeram o povão esquecer nossas mazelas: A fome, o desemprego, a falta de educação e de oportunidades, o endividamento das pessoas e do Estado( o que é muito pior para a Nação).O autor do gol da França Henry Roussen (?),antes do jogo afirmava aos jornais que os brasileiros são bons em futebol porque ficam na rua jogando bola das 8 h às 18H, e não vão à escola. O que não deixa de ser verdade. O que ele não disse é que um em um milhão de bons jogadores brasileiros negros e pobres como Robinho, tem a oportunidade de jogar uma copa do mundo. A maioria fica pelo caminho, reféns dos PCCs da vida, porque o estado brasileiro não dá escola de qualidade, nem infra estrutura adequada para a saúde, nem políticas públicas decentes para geração de renda. Um desastre! daí o espaço para a atuação do estado paralelo do partido da “Correria”(crime no jargão da favela).

Conversei dias destes com um ex-reitor de uma universidade Federal. O assunto foi sobre a omissão da academia nesta história. Como podemos continuar errando como o Parreira? não mudarmos o jogo a tempo de evitar a derrota! Como não aprendermos com os erros? Uma universidade elitista, fora de realidade. Longe do chão de fábrica, longe  da sociedade. E pior na “reforma lulista” vai continuar sorvendo os maiores recursos da educação. Quando sabemos que o maior problema está no ensino básico. Aceitar isso passivamente é o mesmo que atuar como aquele timinho do Parreira. Se arrastar em campo. Perder a honestidade intelectual. Mas a vida continua. Isto que é mágico. Como as boas idéias .Como os bons vinhos. E por falar nisso, adorei a crônica “Um pouco de vinho” do consultor Hélio Mendes no jornal ”O Correio” de UDI dia 26 p.p. Sou um apreciador deste secular ”nectar dos deuses”. Um mero aprendiz, a me encantar com os  momentos que ele proporciona à mesa. Gosto de ler os rótulos com especificações e cepas das uvas. Algumas manjadas: cabernet, Merlot, Pinot Noir. Outras nem tanto: Malbec, Chenin, chardonnay entre muitas. Aprender a conhecer, cada uma. Outra arte. Solver com classe. ”World class” no gosto. “Bouquet” na taça. É alimento para a alma-está na santa ceia representando o sangue de Cristo. É remédio - recomendado na bíblia pelo apóstolo Paulo ao díscípulo Timóteo para a cura dos males digestivos e por nossos médicos de hoje contra o mal colesterol. É um produto cuja cultura de produção, após milhares de anos, se modernizou, e está no final de uma cadeia de suprimentos que gera renda e prestígio para investidores. Precisamos extrair daí, como a poeta, novos sonhos e novo arrebol.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com.br 

Nenhum comentário:

Postar um comentário