“Da pura água/criar o vinho/do puro tempo/extrair o
verbo”, Orides Fontela
Ainda respirando a derrota
do Brasil para a França, me pergunto porque a arte, do futebol deste País, morreu naquela tarde na forma e na essência, revivendo na gente
aquele antigo complexo de “vira-latas”?
Apaga, apaga. Como fazemos com uma versão inicial e indesejada de um artigo. Ou
com uma lembrança ruim qualquer. Mas como tudo na vida tem os dois lados,
podemos desde já mostrar o lado bom: Estamos livres deste gargalo de produção.
Nos jogos da “Pátria de chuteiras” na copa, muitos negócios pararam. As
expectativas exacerbadas de vitória fizeram o povão esquecer nossas mazelas: A
fome, o desemprego, a falta de educação e de oportunidades, o endividamento das
pessoas e do Estado( o que é muito pior para a Nação).O autor do gol da França
Henry Roussen (?),antes do jogo afirmava aos jornais que os brasileiros são
bons em futebol porque ficam na rua jogando bola das 8 h às 18H, e não vão à
escola. O que não deixa de ser verdade. O que ele não disse é que um em um
milhão de bons jogadores brasileiros negros e pobres como Robinho, tem a
oportunidade de jogar uma copa do mundo. A maioria fica pelo caminho, reféns
dos PCCs da vida, porque o estado brasileiro não dá escola de qualidade, nem
infra estrutura adequada para a saúde, nem políticas públicas decentes para
geração de renda. Um desastre! daí o espaço para a atuação do estado paralelo
do partido da “Correria”(crime no jargão da favela).
Conversei dias destes com um
ex-reitor de uma universidade Federal. O assunto foi sobre a omissão da
academia nesta história. Como podemos continuar errando como o Parreira? não
mudarmos o jogo a tempo de evitar a derrota! Como não aprendermos com os erros?
Uma universidade elitista, fora de realidade. Longe do chão de fábrica,
longe da sociedade. E pior na “reforma
lulista” vai continuar sorvendo os maiores recursos da educação. Quando sabemos
que o maior problema está no ensino básico. Aceitar isso passivamente é o mesmo
que atuar como aquele timinho do Parreira. Se arrastar em campo. Perder a
honestidade intelectual. Mas a vida continua. Isto que é mágico. Como as boas
idéias .Como os bons vinhos. E por falar nisso, adorei a crônica “Um pouco de
vinho” do consultor Hélio Mendes no jornal ”O Correio” de UDI dia 26 p.p. Sou
um apreciador deste secular ”nectar dos deuses”. Um mero aprendiz, a me
encantar com os momentos que ele
proporciona à mesa. Gosto de ler os rótulos com especificações e cepas das
uvas. Algumas manjadas: cabernet, Merlot, Pinot Noir. Outras nem tanto: Malbec,
Chenin, chardonnay entre muitas. Aprender a conhecer, cada uma. Outra arte.
Solver com classe. ”World class” no gosto. “Bouquet” na taça. É alimento para a
alma-está na santa ceia representando o sangue de Cristo. É remédio -
recomendado na bíblia pelo apóstolo Paulo ao díscípulo Timóteo para a cura dos
males digestivos e por nossos médicos de hoje contra o mal colesterol. É um
produto cuja cultura de produção, após milhares de anos, se modernizou, e está
no final de uma cadeia de suprimentos que gera renda e prestígio para
investidores. Precisamos extrair daí, como a poeta, novos sonhos e novo
arrebol.
José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com.br
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