quarta-feira, 22 de abril de 2015

De Gurus e Seguidores

 

“Eu sou eu e minhas circunstâncias” Ortega Y Gaset

Como consultor e professor (e esta é a profissão de minha vida),sou procurado por ex-alunos, em situações de tomada de decisão em suas vidas. Aprecio quando vêm só para conversar ,ocasião em que procuro ajudar  explicando a visão de mundo que eles respeitam. E a maior alegria de alguém que realmente formou pessoas é reencontrar um discípulo e ver que  ele é grande e muito maior do que você imaginou lá atrás. Chamo isso de coaching (técnica de treinamento usada em craques de times).Às vezes não cobro por consultorias e coachings. Na minha arte isto é possível, para quem já acha que tem o bastante e a alma não é pequena. No entanto não me considero guru de ninguém. Nem tenho seguidores. Aliás acho essa idéia incômoda. Já pensou a gente caindo num buraco?

Interessante  é ler as opiniões de gurus e de um guru dos gurus como Peter Drucker, que desencarnou em novembro último, farto de dias e “ supitando” sabedoria. Ele foi o maior especialista em administração do século passado - o Pai do “Management”. Descreveu a sociedade brasileira como um mix de instituições de negócios, governos, cultura e entes sociais, oriunda de rápida transformação a partir do campo, em menos de 50 anos. Na década de 50,ele foi o primeiro a afirmar que os trabalhadores faziam parte dos ativos de uma organização. Um escândalo para a época! Ensinou que desenvolvimento econômico e social se faz com gestão acima de tudo.

Boris Tabacof da FIESP em recente artigo no Jornal “O estado  de SP”, exaltou o mestre, e o fez como contraponto  à   visão monetarista tradicional dos economistas da PUC RJ que “governam” o estado brasileiro há 12 anos. Detalhou como  o planejamento do desenvolvimento em função apenas da poupança e do investimento - tese destes jovens, prejudica a nação.

O fato é que com o pífio crescimento do País na última década, hoje somos BRICs comendo poeira. E parece que não temos  estadistas. Não se pensa mais o estado como se fazia no começo do século passado. Idéias seguidas de ações que nos fizeram crescer como a China de hoje, no chamado “milagre brasileiro”. Décadas e décadas até meados  de 1986.Anos JK, Brasília,Itaipu e toda infraestrutura logística. Criação do Sistema S(senai/sesi)e Liceus de ofício. Criação de Universidades de verdade(Não estas últimas anacrônicas - salvo exceções ). Instituições que até hoje são fundamentais para o País.
Peter Drucker foi consultor e coach de vários ícones de administração de empresas como Jack Welch da GE, Alfred Sloan da GM e Andrew Grove da Intel. Contudo já velho, desencantou-se com o capitalismo e passou a ser voluntário do chamado terceiro setor (ONGs),que saldou como o paradigma salvador da sociedade neste século . Ressaltou  no fim, que a cobiça desenfreada dos executivos das grandes corporações transnacionais (seus seguidores até então), gerou as fraldes e o estouro da bolha das pontocom ,  destruindo reputações e vidas. Alertou que tudo pode se repetir de novo, agora com a bolha de preços dos imóveis americanos. Os “sem misericórdia” cairão novamente em sua própria armadilha,  não sem antes serem duramente disciplinados  pelo mestre. Que descansa em paz.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com.br

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