quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Os Avarentos

“Deus tenha misericórdia de nós e nos abençoe, e faça resplandecer o seu rosto sobre nós” Salmo bíblico.


Me chama a atenção a quantidade de Organizações não Governamentais que desviam dinheiro arrecadado na sociedade, cujo endereço seria os necessitados, motivo da missão da organização. Não há controle adequado no Brasil sobre doações bem interessadas de toda parte, principalmente do exterior. E a Amazônia chega a ter uma ONG para cada seis índios. Mas lá, como em todo lugar deste País, algumas fazem como o “establishment” na parábola do bom samaritano, contada por Jesus aos hipócritas - fariseus e doutores da lei: Após ser assaltado e espancado por ladrões, um judeu foi deixado à beira da estrada. Por lá passaram ao largo além daqueles, os sacerdotes, religiosos, e quem sabe certos “ongeiros” da época, todos compatriotas seus. Foi um inimigo marcado pelo opróbrio, um samaritano, que se compadeceu do judeu, colocou-o sobre o cavalo, pagou médico, hospedaria etc., e ainda mandou “pendurar” o que passasse do numerário deixado para o tratamento, para ser pago na sua volta pelo mesmo caminho.
O sempre atual tema proposto por Jesus na parábola do bom samaritano, “arrepia” muitos políticos e religiosos, até “evangélicos”. Eles usam instituições filantrópicas de utilidade pública no Brasil, para desviar vultosas somas de recursos, que ao longo dos anos, vão para contas de laranjas, e para paraísos fiscais, e exatamente por isso, não têm compromisso político em acabar com a pobreza neste País. O fato dessas somas consideráveis não serem usadas para retirar pessoas de “desvios” do caminho, colocadas que foram por peças pregadas pelo destino, não conta para esses agentes, cujo modelo mental é de total irresponsabilidade social, ou seja, socializar perdas, e faturar com o que é público e destinado à maioria.
Todavia, caro leitor, quantas vezes não deparamos nós com esse fato na nossa própria família? E é em casa que tudo começa. Aquele tio irresponsável (e religioso) que nunca divide os remédios da mãe doente com os irmãos, mas faz questão de faturar sua parte no aluguel da casa da velha. Ou aquela filha que apesar de bem empregada, e usar caras roupas de grife, nunca paga sua parte na conta coletiva do restaurante, nem nos presentes combinados para a tia avó enquanto viva, mas faz questão absoluta, de receber sua parte nos despojos da mesma, agora, após a sua morte. Ou nas lições deixadas pela briga familiar pela herança deixada pelo avô rico. Os familiares mais pobres são passados para trás, porque não tem bons advogados. E os mais ricos e que “nem precisavam”, fazem questão até daquele copo de cristal assim assado. Enfim há total falta de misericórdia. E o que é misericórdia? Ela é prima da caridade é fruto do espírito da tríade fé, esperança e caridade proposta pelo apóstolo Paulo aos cristãos. Significa pensar nos outros em primeiro lugar. Se colocar no lugar de outrem, e procurar sentir o que passa no seu coração. O principal resultado para quem a pratica é ver criado na alma um “espírito público”, que gerará sinergias, liderança, e fará o povo, qualquer povo, atravessar “o mar vermelho a pés secos”. E que Deus nos livre dos avarentos.



José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com


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