Estive em SP a serviço do MEC, para
reconhecer mais um curso. É nesta atividade que estou na estrada há mais de 40
anos como gestor e professor, e posso dar uma contribuição para a educação do Brasil.
A propósito, ainda estamos sob o impacto do anúncio pelo MEC de que 17 escolas
de medicina, entre elas 4 federais, jogam no mercado médicos despreparados,
face as notas das avaliações de alunos, projeto pedagógico, instalações,
professores e corpo técnico daquelas IES - Instituições de Ensino Superior.
Fico feliz quando vou a esses lugares, e
ofereço ao INEP um serviço, para melhorar as organizações escolares. Muitas
vezes ao colocar o pé no recinto, em função do foco e do treinamento recebido, percebo
fragilidades, itens cruciais para o sucesso do ensino, e checo pontos
estratégicos antes apresentados como perfeitos, e que, todavia “in loco”, se mostram
verdadeiros fracassos.
Causa constrangimento a todos nós, a
infeliz entrevista do coordenador da Escola de medicina da IFES - Instituição
Federal de Ensino Superior- de Salvador, culpando os alunos baianos pelo mau
resultado do curso. O aluno é o out-put, e é por isso que checamos os egressos,
sendo o papel da coordenação fundamental neste fracasso. É como se o oleiro
culpasse o barro escolhido, pela má forma da peça esculpida. Eis o absurdo.
Tenho pena de milhares de alunos que se
formam sem perspectivas de futuro, por causa de gestões clamorosas em nossas
escolas de educação superior. Jovens pobres, que trabalham de dia para pagar
seus estudos à noite, e que pela falta de infra estrutura, qualidade de
projetos pedagógicos, ou inadequação do Plano de desenvolvimento da Instituição
– a visão da organização-, são obrigados a amargar o limbo, penalizando também o País.
Não adianta colocar a culpa nos
trópicos, na falta de equipamentos, de professores e técnicos preparados. O
maior problema da educação superior no País é a falta de gestão. Muitas escolas
possuem ótimos laboratórios, mas não o utilizam adequadamente porque seu
projeto pedagógico é míope. Visitas técnicas que fariam ”a ficha do aluno cair”
são ignoradas. Projetos interdisciplinares que formatariam o senso de conjunto
e fariam o amálgama de conceitos, nelas inexistem, até porque, a excessiva
especialização de alguns mestres e coordenadores, os leva a ter uma “fatiada” visão
de mundo.
Estamos falando aqui, de uma amostragem
num universo de menos de 20% dos 24 milhões de jovens entre 18 e 24 anos. Por
conseguinte, mais de 80% deles estão fora da Universidade, exatamente o inverso
das metas universais de países como China e Índia, é o 80/20 invertido,
infelizmente. E o dado assustador mostrado pelo Instituto Educar, é que 75% dos
estudantes do ensino superior da nação estudam em escolas privadas, e nelas, a
inadimplência chega a 50% até poucos anos atrás - e não é mais assim por causa
do FIES-Hoje na pauta de cortes do governo.
Lembrando
Victor Hugo: “Nos olhos do jovem brilha a chama, nos olhos
do velho, brilha a luz”, com tantos milhões de estudantes necessitados, e sendo
atendidos pelo programa FIES - Financiamento de Ensino Superior do MEC, antevejo
o desastre já anunciado pelas quedas das ações da Kroton, e outras grandes
empresas de educação no Brasil. Finalizo clamando(de novo) por luzes e gestão
na educação, para mudarmos a história da educação neste País.
José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com
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