quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Luzes e Gestão para a Educação

Estive em SP a serviço do MEC, para reconhecer mais um curso. É nesta atividade que estou na estrada há mais de 40 anos como gestor e professor, e posso dar uma contribuição para a educação do Brasil. A propósito, ainda estamos sob o impacto do anúncio pelo MEC de que 17 escolas de medicina, entre elas 4 federais, jogam no mercado médicos despreparados, face as notas das avaliações de alunos, projeto pedagógico, instalações, professores e corpo técnico daquelas IES - Instituições de Ensino Superior.
 Fico feliz quando vou a esses lugares, e ofereço ao INEP um serviço, para melhorar as organizações escolares. Muitas vezes ao colocar o pé no recinto, em função do foco e do treinamento recebido, percebo fragilidades, itens cruciais para o sucesso do ensino, e checo pontos estratégicos antes apresentados como perfeitos, e que, todavia “in loco”, se mostram verdadeiros fracassos.
Causa constrangimento a todos nós, a infeliz entrevista do coordenador da Escola de medicina da IFES - Instituição Federal de Ensino Superior- de Salvador, culpando os alunos baianos pelo mau resultado do curso. O aluno é o out-put, e é por isso que checamos os egressos, sendo o papel da coordenação fundamental neste fracasso. É como se o oleiro culpasse o barro escolhido, pela má forma da peça esculpida. Eis o absurdo.
Tenho pena de milhares de alunos que se formam sem perspectivas de futuro, por causa de gestões clamorosas em nossas escolas de educação superior. Jovens pobres, que trabalham de dia para pagar seus estudos à noite, e que pela falta de infra estrutura, qualidade de projetos pedagógicos, ou inadequação do Plano de desenvolvimento da Instituição – a visão da organização-, são obrigados a amargar o limbo, penalizando  também o País.
Não adianta colocar a culpa nos trópicos, na falta de equipamentos, de professores e técnicos preparados. O maior problema da educação superior no País é a falta de gestão. Muitas escolas possuem ótimos laboratórios, mas não o utilizam adequadamente porque seu projeto pedagógico é míope. Visitas técnicas que fariam ”a ficha do aluno cair” são ignoradas. Projetos interdisciplinares que formatariam o senso de conjunto e fariam o amálgama de conceitos, nelas inexistem, até porque, a excessiva especialização de alguns mestres e coordenadores, os leva a ter uma “fatiada” visão de mundo.
Estamos falando aqui, de uma amostragem num universo de menos de 20% dos 24 milhões de jovens entre 18 e 24 anos. Por conseguinte, mais de 80% deles estão fora da Universidade, exatamente o inverso das metas universais de países como China e Índia, é o 80/20 invertido, infelizmente. E o dado assustador mostrado pelo Instituto Educar, é que 75% dos estudantes do ensino superior da nação estudam em escolas privadas, e nelas, a inadimplência chega a 50% até poucos anos atrás - e não é mais assim por causa do FIES-Hoje na pauta de cortes do governo.
 Lembrando Victor Hugo: “Nos olhos do jovem brilha a chama, nos olhos do velho, brilha a luz”, com tantos milhões de estudantes necessitados, e sendo atendidos pelo programa FIES - Financiamento de Ensino Superior do MEC, antevejo o desastre já anunciado pelas quedas das ações da Kroton, e outras grandes empresas de educação no Brasil. Finalizo clamando(de novo) por luzes e gestão na educação, para mudarmos a história da educação neste País.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com



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