“Não há nada mais difícil de reciclar, nem mais perigoso de
controlar, do que o início de uma nova
ordem de coisas” Nícolo Maquiavelli
Estive ano passado no 11º almoço empresarial da ACIUB quando ,onde com prazer,
escutei lideranças de Uberlândia pensando o ano 2100. Hoje relembro tudo isto, em um momento
em que a economia resvala,(apesar do crescimento de 0,7% em 2017) diante de um abismo , do qual estamos sendo içados por um governo corrupto
e semi-interino há 15 meses. E que ,
apesar das agendas emergenciais , precisa dizer urgentemente, a que veio, pois
continuamos com 13 milhões de desempregados, e “sem o seu trabalho, um homem (ou mulher ) não tem
honra- não dá pra ser feliz , não dá pra ser feliz” ensina o nosso cancioneiro
popular.
Fiz uma releitura de um artigo, do qual tirei inspiração para esta
escrita. Ainda em inglês, e não lançado no brasil, um livro intitulado numa
tradução livre:”Brasil em transição: crenças, lideranças e mudança
institucional” no qual se conceitua rede dominante, como um conjunto de
lideranças, Institutos, um pool pensante
de academias e pessoas, que influenciam e escolhem as instituições no
País, e que banca a regra do jogo. A obra é da lavra dos
professores Carlos Pereira da FGV, Lee
Jackston da Univ. de Indiana ,EUA e Marons Melo da UFPE.
O momento atual, do qual emergimos após uma desastrada recessão de 3 anos,
suscita reflexões sobre o apagão ético e político, que se abateu sobre parte
destas instituições a partir da Lava – Jato, que envolve toda elite, em situação
jamais vista na Nação. O lulopetismo na lona, mas não morto, pede clemência que
não lhe será dada , nem na ONU, nem na
justiça brasileira, tais os descaminhos
e crimes em que se enredou,juntamente com outros partidos políticos. Os autores analisaram as crenças e valores ,a
partir de 1964 até hoje, e concluíram que durante o regime militar , o
desenvolvimentismo alentava essas elites, até a segunda crença a partir da
redemocratização, onde se lutou para sarar os traumas da sociedade brasileira
,ferida pelos horrores do estado de exceção(que salvadores da pátria fardados querem reviver?) aliado à inflação.
A partir da constituinte de 88 e dos governos de Itamar franco ,
FHC e Lula1, através da política de responsabilidade fiscal, aliada à inclusão
social, empoderou-se instituições, tal
qual em países desenvolvidos, e partiu-se
agora, para a quarta crença que é o império da lei,o respeito ao estado de
direito( daí o longo processo de impeachment de Dilma Roussef), e a
participação da sociedade civil, através da internet . Esta rede dominante é a
que move a Nação rumo ao processo de inclusão social, ao desenvolvimento social e material com
prosperidade e qualidade de vida, segundo a tese dos autores, que valido.
Hoje temos entre centenas de nações ( Porque fracassam as
Nações?-Adam Smith tentou explicar)menos de
30 estão no patamar de países desenvolvidos, e a maioria
construiu este arcabouço social e
técnico jurídico, ainda no século XIX. Nos últimos 100 anos somente o Japão e a
Coréia do Sul galgaram este pódio- olimpicamente falando, e mais recentemente o
Chile.
Finalizo, acreditando, assim como os autores, que após este duro
processo, seremos os próximos,
principalmente se pensarmos como em
Uberlândia no Brasil 2100.Todavia,tal qual Maquiável, não acho trivial se estabelecer uma nova ordem de coisas. Todavia
ela já está ocorrendo, com os benificiários do ancién regime ,sendo julgados e
presos,com alguns tentando se desfazer
das provas de seus crimes contra o povo brasileiro, enquanto a população acompanha implacavelmente cada
centavo roubado da saúde , segurança e educação. Tempos de faxina eleitoral.
Saberemos votar da próxima vez?
José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e presidente da Academia de Letras de Uberlândia-ALU
debatef@debatef.com
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