sábado, 30 de setembro de 2017

Gestão da Excelência Científica


 Uma republicação deste artigo de mais de dez anos atrás, pediria uma  revisão , todavia , infelizmente,  permanecem nele, tanto tempo depois, as bases estruturais de nossa dependência econômica e tecnológica, por isso o ofereço para análise de meus leitores, e pergunto: Até quando?


 

    Os professores Jean Pierre Férézou e Roberto Nikolsky, analizaram a produção científica brasileira  em instigante artigo publicado na Folha de SP dez anos atrás, intitulado “Excelência científica e Crescimento”, sob o impacto da publicação pela revista científica “Nature” do ranking de países que concentram 98% dos artigos das publicações mais citadas. Nele o Brasil ocupa o 19 lugar de um grupo de 31 países de vanguarda. Estamos na frente de 174 países e passamos de 0,84% dos artigos  publicados em Ciência e Engenharia no quinquênio de 1993-1997,para 1,21% em 1997-2001,o que representa um crescimento de 45% acima da média mundial. Porque esse desempenho não correspondeu a um crescimento expressivo do nosso PIB, no mesmo período? Segundo os autores a resposta é que que não é a ciência( Geração de Conhecimentos) mas sim o domínio da     tecnologia industrial( ou seja a competência no uso de conhecimento capaz de gerar inovações) é  que torna nossa indústria mais competitiva. e faz a economia crescer de modo sustentado e rápido. Exemplo: os países orientais, chegam a ter 30 vezes mais patentes que o Brasil(caso da Coréia do Sul) concedidas no maior mercado, o americano.

    Lancemos  luz sobre a estratégia destes países:1)As Indústrias em parceria com as  universidades criam o saber no chão de fábrica focando em inovações tecnológicas e só então publicam 2) há uma sinergia entre inovações e ciência e dispêndios maiores de P& D(Pesquisa e desenvolvimento)não acadêmicos são proporcionados pelos resultados em todas as cadeias produtivas.3) no conceito 80/20, 80% dos pesquisadores trabalham nas indústrias e em projetos industriais e 20% na universidade.

       Como participante de congressos internacionais tenho presenciado milhares de jovens doutores chineses, coreanos e indianos na faixa de  28 anos tendo seus trabalhos financiados por  corporações   e os resultados maiores se dão no mercado e no PIB daqueles países.   Voltando nossos olhos para nosso País, temos um excelente case endógeno desta estratégia oriental: trata-se da EMBRAPA, que hoje sozinha responde por 3% dos artigos científicos do mundo em sua área e possui dezenas de patentes homologadas em NY no Escritório de marcas e patentes dos EUA - o USPTO, explicando o nosso atual aumento do PIB, e superávit comercial baseado no agronegócio. Quanto as demais publicações, salvo raras exceções, seguem o 20/80 da lei de PARETO ou seja, o substancial, que está em um número muito maior que 80% talvez 95%,está sendo realizado na universidade e muito longe dos meios de produção, daí sua alienação,.‘ num processo elitizante e estéril para o desenvolvimento econômico e social do país”.

 Concluindo gostaria de fazer um chamamento aos candidatos a reitor da UFU: Não formemos doutores para o desemprego ou aulista! vamos quebrar  este ciclo de desperdício do capital intelectual brasileiro! A questão é de estratégia e não de recursos!  Façamos melhor Gestão da excelência científica!

                             Prof. Dr José Carlos Nunes Barreto

 Sócio-diretor da DEBATEF CONSULTORES e Professor Universitário

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