“Dinheiro na mão é vendaval”- cancioneiro popular-Paulinho da
viola
Sempre fiquei perplexo com a rubrica presente no balanço dos bancos intitulada “provisão para devedores duvidosos”, que aparece e desaparece a mercê
da canetada do gestor, e por isso, um prejuízo certo pode se tornar um lucro
contábil e , vice versa, dependendo da situação e da necessidade do banco -de
tal forma que um amigo, que trabalha como diretor financeiro nesta área, me informou com a maior desfaçatez : quem
faz o lucro ou prejuízo da instituição sou eu, trabalhando isso aí. Como assim
cara pálida? E ele desconversou,pois o momento não permitia maiores
detalhamentos. É ... esta artimanha ,pouco clara, foi usada segundo publicações
especializadas, na falência fraudulenta do Banco Santos , está presente na compra pelo ITAÚ ,do BMG - o rei dos
créditos consignados, e está no DNA da
crise bancária americana de 2008, e na atual crise econômico –financeira da
Eurozona. Uma organização assim, faz muitas vítimas - os fundos garantidores, os
correntistas, o tesouro nacional- todos perdem, menos os banqueiros. Foi assim também com o banco Pan Americano do Sílvio
Santos, às vésperas da eleição de Dilma Roussef, e que foi abafado pelo governo
Lula , até que se abrissem as urnas. E porque? Claro que para não chamar
atenção sobre a diferença gritante, entre o montante gasto pelo bolsa família,
e aquele dispendido para Bolsa
_Banqueiros, que poderia ficar claro naquele momento para a sociedade, e
por conseguinte, levar milhões de votos para o ralo. Todavia, onde estava a oposição? ela
não teve intelligentsia trabalhando a seu favor, porém estava ocupada também em
roubar o País, e se deixou tripudiar pelo Napoleão de São Bernardo, e réu do
petrolão - mensalão ,que deu migalhas
aos pobres, e banquetes com caviar e vinhos caros, aos banqueiros-parceiros (cujos
crimes ainda não foram julgados)e empreiteiros corruptores ( e réus) tipo
Joesley Batista – JBS e Marcelo -Odebrecht.
Aprendi que valor é igual
a função dividida pelo Custo ao executá-la. Logo, para que se tenha valor, há
que se executar algo a um preço adequado. Quando se faz as coisas a qualquer
preço , o valor diminui drasticamente e
se torna tão ínfimo, que o custo nesta operação se mostra
iníquo-saltando a vista do povo, e a partir daí ninguém segura revoluções –
iguais à da Lava jato, e às primaveras árabes da vida.
O dinheiro das nações tem sido gasto para salvar o sistema
bancário mundial-dezenas de trilhões de dólares tem saído dos tesouros
nacionais, e a conta amarga tem sido paga pelos orçamentos destes países. Este
paradigma, no Brasil, é responsável pela
desigualdade social extrema, e pela
cruel exclusão social. Notadamente no BNDES, que, refém desta matriz econômica, perdeu dezenas
de bilhões de dólares ao investir, e perder a aposta, em grandes conglomerados
econômicos( a JBS usou segundo o COAF cerca de 250 bilhões do BNDES durante a
era lulopetista), e foi incapaz de investir da mesma forma, em milhões de
pequenas e médias empresas nacionais, que representam mais de 80% dos empregos nacionais,
o que explica o drama de 13 milhões de
desempregados. Dá pra se calar diante de tanta iniquidade? Os espanhóis foram
para a rua, os gregos também , os argentinos bateram panelas, os americanos
ocuparam Wall Street .E nós?
Finalizando, temos sido enganados por políticos que se
locupletam com “operações uruguais” ,mensalões, escândalos econômicos do clã
Sarney, milhões de reais de aloprados do PT , e desvios do tesouro para uma
elite de operadores corruptos do estado, com seus petrolões,
JBSs e Odebrechts. É muito pouco clamar “acorda Brasil” ,quando Temer e seus
ladrões assaltam o erário, e tornam isso explícito ao saírem de palácios com
malas cheias de dinheiro. Temos de gritar e ir para as ruas antes que seja
tarde demais, e se levantem salvadores da pátria, até mesmo fardados. É
mandatário garantirmos o legado de
liberdade e democracia tão duramente conquistados , tão caro a nós e às futuras
gerações.
José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e Presidente da Academia de Letras de
Uberlândia(ALU)
debatef@debatef.com
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