sábado, 30 de setembro de 2017

Bancos, Crime e Sociedade


“Dinheiro na mão é vendaval”- cancioneiro popular-Paulinho da viola

Sempre fiquei perplexo com a rubrica presente no balanço dos  bancos intitulada “provisão para devedores  duvidosos”, que aparece e desaparece a mercê da canetada do gestor, e por isso, um prejuízo certo pode se tornar um lucro contábil e , vice versa, dependendo da situação e da necessidade do banco -de tal forma que um amigo, que trabalha como diretor financeiro nesta  área, me informou com a maior desfaçatez : quem faz o lucro ou prejuízo da instituição sou eu, trabalhando isso aí. Como assim cara pálida? E ele desconversou,pois o momento não permitia maiores detalhamentos. É ... esta artimanha ,pouco clara, foi usada segundo publicações especializadas, na falência fraudulenta do Banco Santos , está presente    na compra pelo ITAÚ ,do BMG - o rei dos créditos consignados, e está no   DNA da crise bancária americana de 2008, e na atual crise econômico –financeira da Eurozona. Uma organização assim, faz muitas vítimas - os fundos garantidores, os correntistas, o tesouro nacional- todos  perdem, menos os banqueiros. Foi assim  também com o banco Pan Americano do Sílvio Santos, às vésperas da eleição de Dilma Roussef, e que foi abafado pelo governo Lula , até que se abrissem as urnas. E porque? Claro que para não chamar atenção sobre a diferença gritante, entre o montante gasto pelo bolsa família, e aquele dispendido para  Bolsa _Banqueiros,   que poderia  ficar claro naquele momento para a sociedade, e  por conseguinte, levar milhões de votos  para o ralo. Todavia, onde estava a oposição? ela não teve intelligentsia trabalhando a seu favor, porém estava ocupada também em roubar o País, e se deixou tripudiar pelo Napoleão de São Bernardo, e  réu  do petrolão - mensalão  ,que deu migalhas aos pobres, e banquetes com caviar e vinhos caros, aos banqueiros-parceiros (cujos crimes ainda não foram julgados)e empreiteiros corruptores ( e réus) tipo Joesley Batista – JBS e Marcelo -Odebrecht.

Aprendi que  valor é igual a função dividida pelo Custo ao executá-la. Logo, para que se tenha valor, há que se executar algo a um preço adequado. Quando se faz as coisas a qualquer preço , o valor diminui drasticamente e  se torna tão ínfimo, que o custo nesta operação se mostra iníquo-saltando a vista do povo, e a partir daí ninguém segura revoluções – iguais à da Lava jato, e às primaveras árabes da vida.

O dinheiro das nações tem sido gasto para salvar o sistema bancário mundial-dezenas de trilhões de dólares tem saído dos tesouros nacionais, e a conta amarga tem sido paga pelos orçamentos destes países. Este paradigma, no Brasil,  é responsável pela desigualdade social extrema, e pela  cruel exclusão social. Notadamente no BNDES, que,  refém desta matriz econômica, perdeu dezenas de bilhões de dólares ao investir, e perder a aposta, em grandes conglomerados econômicos( a JBS usou segundo o COAF cerca de 250 bilhões do BNDES durante a era lulopetista), e foi incapaz de investir da mesma forma, em milhões de pequenas e médias empresas nacionais, que  representam mais de 80% dos empregos nacionais, o  que explica o drama de 13 milhões de desempregados. Dá pra se calar diante de tanta iniquidade? Os espanhóis foram para a rua, os gregos também , os argentinos bateram panelas, os americanos ocuparam Wall Street .E nós?

Finalizando, temos sido enganados por políticos que se locupletam com “operações uruguais” ,mensalões, escândalos econômicos do clã Sarney, milhões de reais de aloprados do PT , e desvios do tesouro para uma elite de   operadores corruptos do estado, com seus petrolões, JBSs e Odebrechts. É muito pouco clamar “acorda Brasil” ,quando Temer e seus ladrões assaltam o erário, e tornam isso explícito ao saírem de palácios com malas cheias de dinheiro. Temos de gritar e ir para as ruas antes que seja tarde demais, e se levantem salvadores da pátria, até mesmo fardados. É mandatário  garantirmos o legado de liberdade e democracia tão duramente conquistados , tão caro a nós e às futuras gerações.

José Carlos Nunes Barreto

Professor doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia(ALU)

debatef@debatef.com

 

 

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