Republico esse meu texto, pedindo permissão à "Gazeta do Triângulo" de Araguari - excelente parceria- pois às vésperas da revista Sciencomm 10, no prelo, nada mudou nesta visão, apesar da bela poesia...
Chão de estrelas, por José Carlos Nunes Barreto
sex, 21 de novembro de 2014 00:03
* José Carlos Nunes Barreto
“Eu canto/ porque o instante existe/E minha vida esta completa/
não sou alegre /nem sou triste/sou poeta”
Cecília Meireles
não sou alegre /nem sou triste/sou poeta”
Cecília Meireles
Cartola cantou o que Orestes Barbosa escreveu :”A porta do barraco era sem trinco/mas a lua furando nosso zinco/salpicava de estrelas nosso chão…” a propósito, esta poesia sintetiza a criatividade e visão estratégica de alguém que estava no limiar da base da pirâmide de Maslow – uma pessoa obstinada , que depois subiu até o topo da vida, por entender que naquele chão havia um céu. Nós da revista Sciencomm nos espelhamos nesta poderosa visão, para aproveitar idéias e soluções de TCCs (trabalhos de conclusão de cursos) dos cursos de engenharia e administração,muitos deles relegados a uma simples brochura de capa dura, depositada na biblioteca de umainstituição de ensino superior (IES) – verdadeiro chão batido – para publicá-las em nosso sítio www.revista.sciencomm.com.br , beneficiando toda sociedade e evitando que deixem de brilhar, juntamente com seus autores e coautores.
Vida dura, a de editor de revista científica com essa proposta ,neste País: falta matéria prima,primeiro por causa da lacuna na formação de nossos alunos e até professores,na língua pátria, depois,falta incentivo a experimentos e iniciação científica – por ultimo, percebe-se uma continuada anomia na gestão de talentos, por parte de organizações que deveriam estimulá-los.
Como sabem, tenho delegação do MEC para avaliar o universo de projetos de curso , instalações ,professores, e Instituições de ensino superior Brasil afora, que me proporcionou nos últimos dez anos ,o registro do desperdício de milhares de oportunidades para publicação de artigos, jogadas no lixo da história por parte de orientadores e Instituições.Isto equivale negar à comunidade de negócios e à sociedade como um todo, o resultado de pesquisas, inovações e soluções na área do conhecimento ocorridas na academia, que turbinariam a produtividade ,gerariam patentes, e aprimorariam talentos humanos.
Pior: os números mostram que menos de 20% dos professores publicam,inclusive os mestres e doutores, o que invariavelmente obriga a equipe de avaliadores do MEC dar nota 1 ou 2 ( variação de 1 a 5) neste quesito. Sempre comparo o artigo científico à uma caçamba com corda , através da qual se retira do fundo do poço do conhecimento , insumos para uma sedenta sociedade, ansiosa por matar a sede por inovações, produtividade e soluções inadiáveis para seus constantes desafios operacionais, até mesmo existenciais. Há portanto,um crime de lesa pátria sendo perpetrado por quem deveria zelar pela formação de pessoas, e pela geração de conhecimento no País.
Deixando claro que contamos com o concurso de uma das melhores agencias de regulação do mundo na área da educação- O INEP- que apesar disso,padece a meu ver , de uma miopia estratégica, ao não exigir um plano de ação imediato para mudar este importante paradigma.
Saúdo desta forma,a chegada do quarto número da #revistaciencomm, certo que o mesmo cumprirá sua missão de divulgar artigos científicos garimpados como pedras preciosas retiradas do chão de escola. Contribuirá assim para o crescimento da inovação no País,através do fortalecimento da vocação de seus talentos humanos.Será mais uma lâmpada da ciência. Haja luz!
* Professor doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia-ALU
debatef@debatef.com
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