sexta-feira, 31 de julho de 2020

A Gestão do Espaço Urbano

                                                

“O Espaço é a morada do Homem, mas pode ser também a sua prisão” ( Milton Santos)

Revisito artigo publicado no saudoso Jornal Correio em setembro de 2007, sob o título “Nosso hábitat”, aproveitando para atualizá-lo. Ajudei a formar 7 turmas de arquitetos e urbanistas, num grande centro Universitário desta cidade, e após essa convivência, meu olhar sobre uma pólis, é também um pouco o daqueles jovens. Como cereja do bolo, formei um filho na primeira turma de arquitetura da UFU.

Por isso, quando ando numa calçada, me preocupo com a função dela. Da necessidade da sua existência, e do bom estado da mesma. Porque sem ela, as pessoas vão para o “leito carroçável” disputar espaço com os carros. E muitos atropelamentos acontecem, nessa intensa urbanização caótica de nosso tempo. A forma também é importante. Calçadas muito estreitas e escorregadias, também são armadilhas para pedestres. Que se acidentam, principalmente se forem idosos. Com estas comorbidades no espaço urbano, importantes vias da cidade de Uberlândia, se transformam em palco de constantes acidentes.

As pessoas preferem muitas vezes, andar na via principal entre os carros, a enfrentar calçadas totalmente fora de padrão, desniveladas, com buracos e cheia de obstáculos. No bairro onde construí uma casa, na zona sul , as caminhadas só acontecem nas ruas, o que coloca pessoas em risco, e tem gente que sai de casa buscando saúde , mas encontra mutilações e até a morte. E qual é o papel do poder público, se não regular, punir os eventuais abusos dos donos das calçadas, e educar os cidadãos, com campanhas para alertar os pedestres contra esses riscos, indago...

 Também colocar temporizadores para pedestres nos sinaleiros, enfim, cuidar da segurança de forma ampla e irrestrita. O exemplo dos temporizadores é crucial: muitos sinais não o possuem, e onde existem, estão mal regulados, o que gera outro absurdo- obrigar cidadãos a correrem dos carros, enquanto atravessam a faixa de pedestres.

 Uma cidade com 700000 habitantes, precisa cada vez mais de campanhas educativas, tanto para pedestres, quanto para motoristas, ciclistas e motociclistas. Infelizmente as campanhas publicitárias do governo  Odelmo Leão, são rasas e somente voltadas à sua propaganda eleitoral visando a reeleição. As cidades de Curitiba, Brasília, Santos e Niterói são excelentes benchmarkings para seus secretários municipais aprenderem a gastar dinheiro público mais inteligentemente, apostando na vida, visando criar uma cultura cosmopolita e preventiva, e não fazer a roleta da morte, abrindo covas e comprando milhares de sacos mortuários.

Parafraseando o pensamento do geógrafo e imortal Milton Santos: em Uberlândia, o espaço pode ser o túmulo do homem.

        Jose Carlos Nunes Barreto

Pós Doutor e Sócio da DABATEF Consultoria

 

 

terça-feira, 28 de julho de 2020

As Diversas Formas de Roubar

Apoio o governo Bolsonaro, como todos sabem, mas não compactuarei jamais com desvios de dinheiro público, praticado por integrantes deste governo, já que a grande massa votou nele contra a roubalheira estabelecida pelo lulopetismo.
Assim, causa espécie a denúncia do coronel nordestino , Ciro Gomes, ao citar nominalmente o ministro Guedes como um dos autores do possível desvio, de mais de 2 bilhões de reais do Banco do Brasil, em favor do BTG, criatura do atual ministro, e do qual está licenciado.
Também o mau uso de dinheiro da saúde,  destinado à Covid 19, que dispensa licitação, com compras de respiradores superfaturados, construção de hospitais de campanha superfaturados, compra de EPIs também com sobre preço, mais uma vergonha nacional, haja vista as reclamações de profissionais de saúde obrigados a trabalhar sob risco, por causa da ausência destes equipamentos em número suficiente, o que ocasionou contaminações e mortes.
Mas o verso da moeda destes eventos é a riqueza desviada criminosamente para uma elite predadora que desde sempre assalta os cofres da Nação.

             Jose Carlos Nunes Barreto
Pós Doutor e Sócio da  DEBATEF Consultoria

terça-feira, 21 de julho de 2020

Mais um Desastre Evitável:Sequelas e Mortes nos Clientes da Cervejaria Backer!

"Pedras no caminho, indago...Guardo todas... um dia vou construir um castelo"(Fernando Pessoa)

Leio postagem de um colega engenheiro, criticando a omissão (que não é de hoje) do CREA, na esteira das reformas vigentes que servem, muitas vezes para abater o piso salarial dos engenheiros.

Isso  quando não limitam a entrada de muitos no mercado, tantas vezes aviltado, por não saber escolher bem funcionários, excelentemente preparados em Engenharia de Produção, Engenharia Química, com  conhecimento profundo de processos e BPF- Boas práticas de Fabricação.

E  que incluem o APPPC- Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle, o  que evitaria a contaminação da cerveja pelo fluido de arrefecimento, que só deveria passar, com estanqueidade, nas serpentinas dos tanques do processo cervejeiro, e nunca contaminar o produto a ser ofertado ao público, pois é tóxico e mortal, como acontecido no caso da cervejaria Backer!

Lamentável formarmos engenheiros e administradores, que precisam permanecer como operadores de luxo em máquinas de processos industriais, por não haver lugar para os mesmos nas fábricas, que não os contratam. Tomara que este  acidente sirva para que as autoridades competentes, verifiquem e valorizem os responsáveis técnicos de engenharia nas fábricas , não só de alimentos, deste   País.Basta de acidentes evitáveis. Basta de omissões!

Neste contexto,volto a comentar a operação do DMAE aqui de Uberlândia, do qual sou um cliente insatisfeito,  deste monopólio, na verdade uma estrutura de mercado, que não tem apreço pelas críticas e demandas de quem compra seus serviços, como a Backer, e isso nunca acaba bem para o público que usa os bens ou serviços advindos destes processos.
Uma empresa de saneamento que deveria investir na operação, é usada pelo prefeito para manipular os gastos do orçamento municipal, a famosa pedalada usada nos tempos da Dilma, é também um cabide de empregos, na  cartilha  da velha política.

Nela faltam trabalhadores qualificados,  falta supervisão, faltam EPIs e equipamentos essenciais ao serviço de manutenção das redes. A terceirização acentua o problema, e aumenta a distância entre a organização e o cliente. E, historicamente, vender água tratada, coletar lixo e esgoto, tem se tornado um foco de propinas e financiamento do crime organizado dentro dos governos, no País inteiro, e aqui não é diferente. O Presidente da empresa, o vice prefeito, já foi pilhado em transações tenebrosas, e o MPE provavelmente está ainda produzindo provas contra ele. 

Um parlamentar fez a denúncia, e apesar de 20 dos 27 colegas presos e com seus mandatos cassados, a verdade é que, apesar das evidências de desvios de finalidade de  recursos, e da total falta de propósito em melhor atender a clientela, as medidas saneadoras do MPE não chegaram ao executivo,e ao DMAE,  por isso, acredito que o atual prefeito poderá ser reeleito, apesar de tudo, contaminando o próximo mandato que até poderá ser impugnado. Mais um desastre evitável, e  aqui em nosso torrão.

             José Carlos Nunes Barreto
Pós doutor e Sócio da DEBATEF Consultoria


  


         José Carlos Nunes Barreto
Pós Doutor e Sócio da Debatef Consultoria

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Chão de Estrelas

Republico esse meu texto, pedindo permissão à "Gazeta do Triângulo" de Araguari - excelente parceria- pois às vésperas da revista Sciencomm 10, no prelo, nada mudou nesta visão, apesar da bela poesia...

Chão de estrelas, por José Carlos Nunes Barreto

sex, 21 de novembro de 2014 00:03
José Carlos Nunes Barreto 
“Eu canto/ porque o instante existe/E minha vida esta completa/
não sou alegre /nem sou triste/sou poeta”
Cecília Meireles
Cartola cantou o que Orestes Barbosa escreveu :”A porta do barraco era sem trinco/mas a lua furando nosso zinco/salpicava de estrelas nosso chão…” a propósito, esta poesia sintetiza  a criatividade e visão estratégica  de alguém que estava no limiar da base da pirâmide de Maslow – uma pessoa  obstinada , que depois subiu até o topo da vida, por entender que naquele chão havia um céu. Nós da revista Sciencomm  nos espelhamos nesta  poderosa visão, para aproveitar  idéias e soluções de TCCs (trabalhos de conclusão de cursos) dos cursos de  engenharia e administração,muitos deles relegados a uma simples brochura de capa dura, depositada  na biblioteca de umainstituição de ensino superior (IES) – verdadeiro chão batido – para publicá-las em nosso sítio www.revista.sciencomm.com.br , beneficiando toda sociedade e evitando que deixem de brilhar, juntamente com seus autores e coautores.
Vida dura, a de editor de revista científica com essa proposta ,neste País: falta matéria prima,primeiro por causa da lacuna na formação de nossos alunos e até professores,na língua pátria, depois,falta  incentivo a experimentos e iniciação científica – por ultimo, percebe-se uma continuada  anomia na gestão de talentos, por parte de organizações que deveriam estimulá-los.
Como sabem, tenho delegação do MEC para avaliar o universo de projetos de curso , instalações ,professores, e Instituições de ensino superior Brasil afora, que me proporcionou nos últimos dez anos ,o registro do desperdício de  milhares de oportunidades para  publicação de artigos, jogadas no lixo da história por parte de orientadores e Instituições.Isto equivale  negar à comunidade de negócios e à sociedade como um todo, o resultado de pesquisas, inovações  e soluções na área do conhecimento ocorridas na academia, que turbinariam a produtividade ,gerariam patentes, e aprimorariam talentos humanos.
Pior: os números mostram que menos de 20% dos professores publicam,inclusive os mestres e  doutores, o que invariavelmente obriga  a equipe de avaliadores do MEC dar nota 1 ou 2 ( variação de 1 a 5) neste quesito. Sempre comparo o artigo científico à uma caçamba  com corda , através da qual se retira do fundo do poço do conhecimento , insumos para uma sedenta  sociedade, ansiosa  por matar a sede por inovações, produtividade e soluções inadiáveis para seus constantes desafios operacionais, até mesmo existenciais. Há portanto,um crime de lesa pátria sendo perpetrado por quem deveria zelar pela formação de pessoas, e pela geração de conhecimento no País.
Deixando claro que contamos com o concurso de uma das melhores agencias de regulação do mundo na área da educação- O INEP- que apesar disso,padece a meu ver , de uma miopia estratégica, ao não exigir um plano de ação imediato para mudar este  importante paradigma.
Saúdo desta forma,a chegada do quarto número da  #revistaciencomm, certo que o mesmo cumprirá sua missão de divulgar artigos científicos garimpados como  pedras preciosas retiradas do chão de escola. Contribuirá assim para o crescimento da inovação no País,através do fortalecimento da vocação  de seus talentos humanos.Será mais uma lâmpada da ciência. Haja luz!
* Professor doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia-ALU
debatef@debatef.com