" As muito feias que me perdoem/Mas a beleza é fundamental. É preciso/Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso/Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de ' haute couture'/ Em tudo isso/Não há meio - termo possível.É preciso/Que tudo isso seja belo. É preciso que súbito/Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto/ Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora." Vinícius de Moraes
Em 13/02/2019 aos 96 anos morreu uma das mais completas artistas do mundo: Bibi Ferreira nascida Abigail Izquierdo Ferreira, filha de Procópio Ferreira e Aída Izquierdo, bela e elegante, como este poema em tela.
Bibi trabalhou durante 72 anos, de 1941 a 2018, tendo no período, atuado como atriz, cantora, diretora, produtora e escritora, e sempre considerada a grande dama do teatro brasileiro.
Sua filmografia, inclui Bibi canta Piaf; Marquesa de Santos; Cidade Melhor; Almas adversas
e Fim do Rio.
Me lembro das apresentações primorosas da artista pelos palcos do mundo , tendo estreado na Broadway, com mais de 90 anos, assombrando o universo pop com sua arte contemporânea e seu exponencial talento.
Fica , portanto uma lacuna difícil de ser coberta, pois trata-se de alguém que representa os estertores de uma escola de teatro, que não existirá mais: aquela fundada e ensinada nos circos e palcos teatrais do início do século 20, da qual Procópio Ferreira, seu pai e mentor, foi legítimo representante.
2019 segue assim, com uma sequência de notícias ruins e acontecimentos não menos, fazendo lembrar a fala realista de Clarice Lispector: "Corro perigo/Como toda pessoa que vive/ E a única coisa que me espera/ É exatamente o inesperado."
Com Bibi uma luz se apaga, e a estrela, agora eterna, se posiciona na constelação da história da arte , em um mundo cada vez mais carente do belo, elegante, justo e verdadeiro, como ensinava o mestre Platão.
José Carlos Nunes Barreto
Pós doutor e Sócio diretor da DEBATEF Consultoria
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