sábado, 23 de fevereiro de 2019

Dengue, Zica virus e Shikungunha, versus Aedes Egypt

"Daquilo que eu sei/Nem tudo me deu clareza/Nem tudo foi   permitido/Nem tudo foi concebido/.../
Não fechei os olhos/Não tapei os ouvidos/cherei, toquei,provei./ah ! usei todos os sentidos/ Só não lavei as mãos/E é por isso que eu me  sinto/Cada vez mais limpo..."  Cancioneiro popular -  Ivan Lins


Um enorme out - door  de propaganda do governo municipal de Uberlândia, aterroriza os transeuntes com um enorme mosquito, e o aviso "se vc não se cuidar a dengue vai te pegar".

Propaganda perversa de um governo, que perdeu o controle do processo (já amplamente conhecido), que evita crises como essa da dengue, ao medir com antecedência o grau de infestação de larvas de Aedes Egypt nos bairros, a partir da visita de agentes de saúde nas casas dos munícipes.

E, apesar de muita gente não permitir a entrada dos funcionários da prefeitura, a presença dos mesmos, suas continuadas explicações e conscientizações às populaçoes , e,  a alimentação dos resultados  no banco de dados da secretaria de saúde, permite fazer a gestão de saúde pública e eliminação das larvas, ou redução drástica de sua proliferação.

Infere-se que este governo não disponibilizou recursos adequados para combater a epidemia, e joga criminosamente a culpa na população, já que, como é sabido , a maior causa da infestação, é e sempre foi, o descuido com a água parada e o lixo , dentro das habitações.

Se controlada, esta causa raiz pela visita e auditoria oportuna dos profissionais citados, e no limite com o fumacê abatendo os bichos que voarem, se evitaria a instalação desta epidemia ora observada, infelizmente...

O que mudou, indago...Justamente:  há falha no processo, tantas vezes realizado com sucesso em anos anteriores, e que já evitou centenas de mortes. Não se viu em muitos logradouros, agentes, fumacê, nada...Lamentável senhor prefeito. Qual é o valor de uma única vida perdida, pergunto eu, com indignação incontida...

Como  no verso de Ivan Lins em tela, não lavei minhas mãos, qual Pilatos - nossa câmara municipal, e uso este artigo para deixar isso bem claro, e sugiro aos responsáveis envolvidos, visitar as enfermarias dos hospitais da cidade, para constatar a dor e morte de pessoas, vítimas desta incúria administrativa.

 Até quando , se mentirá de forma tão deslavada aos concidadãos e contribuintes, questiono...

             José Carlos Nunes Barreto
Pós doutor e Sócio diretor da DEBATEF Consultoria

O Adeus de Bibi Ferreira

" As muito feias que me perdoem/Mas a beleza é fundamental. É preciso/Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso/Qualquer coisa de dança,  qualquer coisa de  ' haute couture'/ Em tudo isso/Não há meio - termo possível.É preciso/Que tudo isso seja belo. É preciso que súbito/Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto/ Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora."  Vinícius de Moraes


Em 13/02/2019 aos 96 anos morreu uma das mais completas artistas do mundo: Bibi Ferreira nascida Abigail Izquierdo Ferreira, filha de Procópio Ferreira e Aída Izquierdo, bela e elegante, como este poema em tela.

Bibi trabalhou durante 72 anos, de 1941 a 2018, tendo no período, atuado como atriz, cantora, diretora, produtora e escritora, e sempre  considerada a grande dama do teatro brasileiro.

Sua filmografia, inclui Bibi canta Piaf; Marquesa de Santos; Cidade Melhor; Almas adversas
e Fim do Rio.

Me lembro das apresentações primorosas da artista pelos  palcos do mundo , tendo estreado na Broadway, com mais de 90 anos, assombrando o universo pop com sua arte contemporânea e   seu exponencial talento.

Fica , portanto uma lacuna difícil de ser coberta, pois trata-se de alguém que  representa os estertores de uma escola de teatro, que não existirá mais: aquela fundada e  ensinada nos circos e palcos teatrais do início do século 20, da qual Procópio Ferreira, seu pai e mentor, foi legítimo representante.

2019 segue assim, com uma sequência  de notícias ruins e acontecimentos não menos, fazendo lembrar a fala realista de Clarice Lispector: "Corro perigo/Como toda pessoa que vive/ E a única coisa que me espera/ É exatamente o inesperado."

Com Bibi uma luz se apaga, e a estrela, agora eterna, se posiciona na constelação da história da arte , em um mundo cada vez mais carente do belo, elegante, justo e verdadeiro, como ensinava o mestre Platão.

               
                    José Carlos Nunes Barreto
Pós doutor e Sócio diretor da DEBATEF Consultoria

sábado, 16 de fevereiro de 2019

O jeitinho-gambiarra do brasileiro mata!

"Corro perigo/ Como toda pessoa que vive/E a única coisa que me espera/É exatamente o inesperado"
Clarice Lispector



Primeiro foi o rompimento anunciado da barragem de brumadinho, que não estava com seus alvarás de segurança adequados, depois o incêndio nos dormitórios improvisados em containers  da equipe de  estrelas mirins do flamengo, por ultimo a perda do talento e vida do jornalista Ricardo Boechat, em acidente de helicóptero, não licenciado para transporte de passageiros...


Esta é a ponta do iceberg a revelar, a quem quiser enxergar, que o jeitinho brasileiro, cantado em prosa e versos como algo benéfico ao País, e inato em seu povo, também possui, infelizmente,seu lado de morte e destruição...


 Pois impera em todos os negócios, e em suas respectivas cadeias de suprimento, à revelia  de padrões e normas, há muito aceitos no universo tecnológico, onde o não cumprimento das mesmas, aumenta exponencialmente o risco  de acidentes, com perdas materiais e de vidas.


Meus pêsames ao Brasil, que ainda chora as vítimas da Vale, do Flamengo, da empresa dona do helicóptero que matou Boichat, da boite Kiss que há cinco anos tirou a vida mais de 200 jovens universitários em Santa Maria...


Mas , principalmente, minha raiva, minha indignação ,meu descontentamento com este estado da arte, da falta de uma cultura de segurança.


Pela falta de atacar a impunidade,  e a anomia da sociedade, onde parece que todos estamos esperando pelas próximas vítimas...


Das enchentes que destroem casas e móveis dos mais pobres,  adoecendo a população com a leptospirose ;
Das barreiras que rolam, sepultando  pessoas vivas;
Das caldeiras que explodem matando trabalhadores.


Mais uma vez indago, Brasil,até quando. Até quando...


                                               José Carlos Nunes Barreto
                               Pós Doutor e sócio da DEBATEF Consultoria