“Cuide-se bem/Perigos há por toda parte/E é tão delicado
viver...”(cancioneiro popular)
Sábias palavras: “Se queres a paz, prepara-te para a
guerra”. Já vivi muitas guerras pessoalmente, mas nenhuma delas comparada à que
ocorreu, quando resolvi estudar os efeitos dos efluentes da siderúrgica de
Cubatão-SP, sobre o meio ambiente e as pessoas na baixada santista. Primeiro
ganhei uma demissão, depois, uma perseguição braba fora da empresa, que atingiu
minha empresa de consultoria, mesmo sendo eu, um simples sócio cotista na
época.
Poderosíssimos
interesses foram contrariados com os rumos da pesquisa, que, diga-se de
passagem, era vista com bons olhos, quando os ventos iam a favor da corporação.
Quando mudaram, meu chefe, o superintendente de engenharia, uma espécie de
coach, me chamou e disse: “ Compreendo o valor do que você está fazendo para a
humanidade, todavia, pense no seu pescoço, e na comida de seus filhos”. A partir
daí, entendi o tamanho da minha descoberta, e o perigo que estava correndo. E
me pus a preparar, para a guerra que viria. Para tanto, criei uma empresa de
consultoria-uma Pjota que me acompanha até hoje- com mais três sócios, e loquei
sua sede na cidade de SP, não na baixada santista, pois minha intenção, era
diluí-la na diversidade de negócios do maior centro financeiro da América
latina. Para driblar a censura, trabalhei terceirizado e quarteirizado. Passei a
ter cuidado com trajetos, pessoas , contatos,
e, fui ao ministério público oficiar as descobertas de contaminação ambiental, após publicar meu
trabalho. E esta foi a declaração de guerra.
Fui convidado pelos
repórteres de TV a explicar os resultados à população, quais sejam, que as altas taxas
toxicidade e atividade mutagênica eram a ante sala do câncer, e estavam
presentes em 80% das amostras. Certas “autoridades” e colegas pau mandados,
fizeram contra ofensiva nos jornais e TVs da região, dizendo: ”Este pesquisador
tem de provar muito bem o que está dizendo, senão será processado por difamar
as indústrias do polo” já o meu velho orientador me defendeu, afirmando” Esta
tese tem fé pública e o selo da USP (Na época a melhor e maior Universidade da AL) ,e esta
universidade está à frente da sociedade em décadas. Obtive vitória com apoios significativos
: ONGs, sindicatos, Maçonaria, que pressionaram o órgão fiscalizador ambiental do
estado- a CETESB, para repetir os ensaios do trabalho em três laboratórios
diferentes, como um antidoping, e o resultado favorável foi parar nas primeiras
páginas dos jornais.
O ministério público fechou a dragagem do estuário e porto
santista ( O maior da AL), por 10 anos até que se resolvesse, com novas tecnologias,
a questão da contaminação do sedimento, e , assim evitar seus efeitos deletérios à vida. Este trabalho é citado, 25 anos depois, em academias brasileiras e ao redor do mundo, e está na
biblioteca do congresso norte americano, na Academia de Ciências Chinesa e em artigos da
revista ”Internacional Environmental” entre outros.
Censores existem e são um perigo... torço para que o leitor amigo nunca tenha algum, como os que
encontrei nesta empreitada, contudo se aparecerem , tenha foco e fé. Tudo vai dar
certo!
José Carlos Nunes Barreto
Pós doutor e sócio- diretor da DEBATEF Consultoria
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