quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Minha alma canta no Rio


                                         

Estou como Dorival Caymi quando cantava: “O Mar/ Quando quebra na praia/É bonito , é bonito...”E, como Tom Jobim em sua poesia, que homenageava a chegada ao aeroporto da cidade, debruçado sobre a baía da Guanabara: “Minha alma canta/Vejo o Rio de Janeiro/Estou morrendo de Saudade...”

Eu, que nasci carioca, contudo, hoje estou mais mineiro que nunca, mas faço questão de todos os anos, nessa época, colocar o pé na areia, para zerar o stress com a queima de fogos na praia. É um privilégio poder viver, entre duas culturas, a praiana, e a das montanhas. Segundo outro  mineiro- carioca, o ilustre Carlos Drumond de Andrade: “Minas não é palavra montanhosa/É palavra abissal/Minas é dentro e fundo/.../Ninguém sabe Minas/.../Só os mineiros sabem/E não dizem/Nem a si mesmos/O irrevelável segredo/Chamado Minas...”

Já em Copacabana , vejo muitos velhos com cara de jovens, caminhando, rindo e abraçando a vida, apesar das vicissitudes de segurança, pelas quais a cidade passa. Esta felicidade, foi medida em várias cidades do Universo, e o Rio ganhou disparado.  Em um mundo  que, vocês já notaram,  não costumamos rir mais, dar bom dia, caracterizando  um ethos urbano - industrial meio manicômio , meio digital, somos mais tristes que alegres...E o carioca é diferente, gosta do espaço das ruas e calçadões, não só de shoppings, e dá graça a seus congraçamentos e encontros.

Por falar no poeta Drumond, olha ele ali, eternizado numa estátua, exatamente no local onde costumava sentar no calçadão! Homenagem merecida por sua simplicidade e por sua arte. Como ao descrever amor:” O amor é grande/E cabe nesta ‘frase’ sobre o mar/O mar é grande/E cabe na cama/E no colchão de amar”

Ando nas ruas, e, gosto de observar pessoas, e em nenhum lugar do mundo, a conversa flui com leveza e sem reservas, como no Rio, mesmo com alguém que nunca se tinha visto mais gordo...O tal do inconsciente coletivo, lá,   minimiza todo mal que possa existir na cidade, e faz essa gente ter um ótimo astral para trocar uma boa prosa, com qualquer um que passa...E isto em Toronto, Uberlândia ou New York é uma heresia, que dá fogueira em praça pública!

Ao sobreviver a tantas crises provocadas por bandidos políticos, e por bandidos de seus morros, o carioca ri de si,  faz um samba,  segue em frente, se esquivando das balas perdidas ,dando mostra de  resiliência e felicidade.



Viva o Rio!



          José Carlos Nunes Barreto

Pós- doutor e sócio -diretor da DEBATEF Consultoria




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