Estou como Dorival Caymi quando cantava: “O Mar/ Quando
quebra na praia/É bonito , é bonito...”E, como Tom Jobim em sua poesia, que
homenageava a chegada ao aeroporto da cidade, debruçado sobre a baía da
Guanabara: “Minha alma canta/Vejo o Rio de Janeiro/Estou morrendo de
Saudade...”
Eu, que nasci carioca, contudo, hoje estou mais mineiro que
nunca, mas faço questão de todos os anos, nessa época, colocar o pé na areia,
para zerar o stress com a queima de fogos na praia. É um privilégio poder viver,
entre duas culturas, a praiana, e a das montanhas. Segundo outro mineiro- carioca, o ilustre Carlos Drumond de
Andrade: “Minas não é palavra montanhosa/É palavra abissal/Minas é dentro e
fundo/.../Ninguém sabe Minas/.../Só os mineiros sabem/E não dizem/Nem a si
mesmos/O irrevelável segredo/Chamado Minas...”
Já em Copacabana , vejo muitos velhos com cara de jovens,
caminhando, rindo e abraçando a vida, apesar das vicissitudes de segurança,
pelas quais a cidade passa. Esta felicidade, foi medida em várias cidades do
Universo, e o Rio ganhou disparado. Em
um mundo que, vocês já notaram, não costumamos rir mais, dar bom dia, caracterizando
um ethos urbano - industrial meio manicômio
, meio digital, somos mais tristes que alegres...E o carioca é diferente, gosta
do espaço das ruas e calçadões, não só de shoppings, e dá graça a seus
congraçamentos e encontros.
Por falar no poeta Drumond, olha ele ali, eternizado numa
estátua, exatamente no local onde costumava sentar no calçadão! Homenagem
merecida por sua simplicidade e por sua arte. Como ao descrever amor:” O amor é
grande/E cabe nesta ‘frase’ sobre o mar/O mar é grande/E cabe na cama/E no
colchão de amar”
Ando nas ruas, e, gosto de observar pessoas, e em nenhum
lugar do mundo, a conversa flui com leveza e sem reservas, como no Rio, mesmo
com alguém que nunca se tinha visto mais gordo...O tal do inconsciente coletivo,
lá, minimiza todo mal que possa existir na cidade,
e faz essa gente ter um ótimo astral para trocar uma boa prosa, com qualquer um
que passa...E isto em Toronto, Uberlândia ou New York é uma heresia, que dá
fogueira em praça pública!
Ao sobreviver a tantas crises provocadas por bandidos
políticos, e por bandidos de seus morros, o carioca ri de si, faz um samba, segue em frente, se esquivando das balas perdidas
,dando mostra de resiliência e
felicidade.
Viva o Rio!
José Carlos
Nunes Barreto
Pós- doutor e sócio -diretor da DEBATEF Consultoria
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