sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Minha Vida como Pesquisador de Universidade Pública -USP e UFU (1)

A miopia estratégica de nossos dirigentes choca e constrange, mesmo os que não são neófitos. Pesquisa , desde sempre foi e é investimento , não custeio. É inaceitável que se afirme tal impropério à luz do dia, e ninguém prenda o meliante, da elite política atrasada, que inclui o corrupto presidente da república.

Fui bolsista da CAPES, durante meu mestrado que defendi em 1995, e banquei as pesquisas de meu doutorado que terminei em 2000, porque o CNPQ, na era FHC, também não tinha dinheiro para pesquisa, e congelou o valor das bolsas por 10 anos, o que levou pesquisadores ao desespero de procurar outras formas de subsistência, ocasião em que   fundei minha consultoria e voltei à sala de aula por concurso público no IFET-SP_Instituto Federal de Ensino e Tecnologia de SP.

Quem já pesquisou sabe, que é impossível concluir o trabalho  , se esta não for sua superior e prioritária atividade, e se este não for este seu sonho, e sua loucura, de tal forma que povoe seus pensamentos, e que supitem por isso,  soluções e inovações,  entre o sono e o acordar.

Comigo também foi assim, no mestrado, no  doutorado e no pós - doutorado...A mais  interessante situação foi,  fazer um pedido de uma corveta armada de canhão, ao capitão de mar e guerra no porto de Santos, para me escoltar durante as amostragens que fiz, na saída dos efluentes da Cosipa(siderúrgica da USIMINAS hoje praticamente fechada, e que produzia , na época 3 milhões de toneladas de aço por ano) para a baía de Santos...

Eu explico:Já havia tentado de tudo, até alugar um barco, mas fui avisado por amigos, que seria metralhado pela escolta armada do porto da empresa, se aparecesse por lá...E esta solução, aconteceu como num sonho...amanheci com ela e a idéia clareou durante meu banho matinal. Saí dali com meu projeto e transparências debaixo do braço, direto para capitania de portos, e fiz isso durante semanas, incansavelmente, até ser recebido pela autoridade portuária, que me apoiou, afirmando que a integridade do mar, é  uma das metas da Marinha do Brasil.

 E assim lá  fui eu, durante 13 amostragens, que duraram cerca de 6 meses, porque foram feitas para coincidir, sempre, com a menor cota da tábua de marés, a fim de não diluir o efluente, e, fui durante todo esse período, sendo observado por guardas armados, com cara de poucos amigos,  instruídos pela direção da empresa poluidora, para, em qualquer vacilada, destruir meu sonho.

E este foi meu principal trabalho, o mais citado, e com resultados surpreendentes, até para meus orientadores - pesquisadores de ponta à época- por isso tive de estudar muita biologia, e ganhei uma bióloga como orientadora-minhas homenagens à professora Maria Terezinha Martins- in memorian...O título da pesquisa foi"Caracterização de toxicidade de efluentes de Usina Siderúrgica, Utilizando Bioensaios com Microorganismos"

Muitos pesquisadores vieram depois deste trabalho, e melhoraram as pesquisas e resultados, com inovações. Como não apoiar e custear pesquisas num País tão carente de inovações, indago eu, já legislando em causa própria. Está passando da hora! Não podemos mais perder tantos cérebros!

                        José Carlos Nunes Barreto
Pós - doutor e sócio - diretor da DEBATEF Consultoria


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