quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

A rede Dominante

Em julho do ano passado publiquei um artigo na coluna ponto de vista do jornal Correio de Uberlândia- de saudosa memória, quando ,sob o título" BNDES e Projetos Ambientais", mostrei com números,que parte significativa dos quase 500 bihões de desvios deste banco,único que tem  o social no nome, foi para fora do País  , através da Odebrech, com objetivo comprar com propinas, governantes corruptos do Brasil, América Latina, e África. Continuo o raciocínio abaixo....



“Não há nada mais difícil de realizar, nem mais perigoso de controlar, do que  o início de uma nova ordem de coisas” Nícolo Maquiavelli

Estive no 11º almoço empresarial da ACIUB quando , com prazer, escutei lideranças de Uberlândia pensando o ano 2100. Tudo isto em um momento em que a economia resvala, diante de um abismo , do qual  estamos sendo içados por um governo interino há 3 meses.  E que , apesar das agendas emergenciais , precisa dizer urgentemente, a que veio, pois temos 13 milhões de desempregados, e “sem  o seu trabalho, um homem (ou mulher ) não tem honra- não dá pra ser feliz , não dá pra ser feliz” ensina o nosso cancioneiro popular.

Dias atrás reli um artigo do qual tirei inspiração para esta escrita. Ainda em inglês e não lançado no brasil, de um livro intitulado numa tradução livre:”Brasil em transição: crenças, lideranças e mudança institucional” no qual se conceitua rede dominante, como um conjunto de lideranças, institutos, um pool pensante  de academias e pessoas que influenciam e escolhem as instituições no País, e  que  bancam a regra do jogo. A obra é da lavra dos professores Carlos Pereira  da FGV, Lee Jackston da UNIv. de Indiana ,EUA e Marons Melo da UFPE.

O momento atual, pelo qual purgamos uma desastrada recessão, suscita reflexões sobre o apagão ético e político, que se abateu sobre parte destas instituições a partir da Lava – Jato, que envolve toda elite em situação jamais vista na Nação. O lulopetismo na lona, mas não morto, pede clemência que não lhe será dada , nem na ONU,  nem na justiça brasileira, tais os  descaminhos e crimes em que se enredou. Os autores analisaram as crenças e valores ,a partir de 1964 até hoje, e concluíram que durante o regime militar , o desenvolvimentismo alentava essas elites, até a segunda crença a partir da redemocratização, onde se lutou para destraumatizar a sociedade brasileira ,contra os horrores do estado de exceção aliado à inflação.

A partir da constituinte de 88 e dos governos de Itamar franco , FHC e Lula1, através da política de responsabilidade fiscal aliada à inclusão social, empoderou-se  instituições, tal qual em países  desenvolvidos, e partiu-se agora, para a quarta crença que é o império da lei,o respeito ao estado de direito( daí o longo processo de empeachment de Dilma Roussef), e a participação da sociedade civil, através da internet . Esta rede dominante é a que move a Nação rumo ao processo de inclusão social,  ao desenvolvimento social e material com prosperidade e qualidade de vida, segundo a tese dos autores, que valido.

Hoje temos entre centenas de nações, menos de  30 que estão no patamar de países desenvolvidos, e a maioria construiu  este arcabouço social e técnico jurídico ainda no século XIX. Nos últimos 100 anos somente Japão e a Coréia do Sul galgaram este pódio- olimpicamente falando.

Finalizo, acreditando, como os autores, que após este duro processo,  seremos os próximos, principalmente  se pensarmos como em Uberlândia   no Brasil 2100.Todavia,tal qual Maquiável, não acho trivial se estabelecer uma nova ordem de coisas. Mas ela já está ocorrendo, com os benificiários do ancién regime , se desfazendo das provas de seus crimes contra o povo brasileiro, e a população acompanhando implacavelmente cada centavo roubado da saúde , segurança e educação. Viva os novos tempos!

José Carlos Nunes Barreto

Professor doutor e presidente da Academia de Letras de UDIA-ALU

debatef@debatef.com

 

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