terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Carta Aberta ao STF

Mais uma vez publico  uma carta aberta ao STF- que tem soltado  criminosos, blindado políticos corruptos com foro privilegiado, e causado - como diriam meus alunos. Na verdade republico a última delas por sua atualidade, quando alerto à corte para que perceba  sua inutilidade, face a sua inoperância e alto custo operacional, frente um País desesperado por justiça na Lava Jato, e isso pode  agora se materializar em ataques físicos da população  à este inútil palácio!







 Já escrevi  várias vezes sobre a importância do STF haver julgado e condenado os ladrões petistas do mensalão e, que isto é muito pouco ante a demanda  por julgamentos da classe política, e a exacerbada tibieza de Suas Excelências,  aliada ao excessivo gosto do poder pelo poder, mesmo que para serem humilhados por um escroque meliante no cargo de presidente do congresso, no caso de Renan Calheiros, Vossas Excelências  deveriam  fazer o mesmo com os políticos meliantes tucanos mineiros ou não, que inventaram o delito, além de pmdebistas que assaltaram a Petrobrás, e que estão denunciados na Lava Jato. Para relembrar um absurdo dentre muitos acontecidos nos últimos anos, peço vênia a Vossas Excelências para ,voltando ao assunto, renovar minha indignação com o julgamento dos embargos infringentes da ação 470, que livraram os apenados de pagar pelo crime de formação de quadrilha. A mesma que continuou delinquindo com a Odebrech na Petrobrás  durante e após esse julgamento E o que é quadrilha? No wikipédia, significa:" bando, associação criminosa ou gangue - denominações atribuídas a um grupo de pessoas, que tem por objetivo praticar crimes, ou atividades consideradas ilegais em determinado  ordenamento  jurídico..."

Ora Senhores, dizer que o maior esquema de corrupção da história deste País, que se reunia dentro do palácio do Planalto  para achacar empresários  e  desviar dinheiro público, não tinha esse fim, é querer enganar os brasileiros e despistá-los acerca da forma como são  indicados os novos postos de ministro deste tribunal. Triste País cujos dirigentes se reúnem na calada da noite, para   trocar a composição da suprema corte,  com o único intuito de  livrar criminosos das penas que merecem, personagens que  a história haverá de enterrar como ladrões. O Brasil não merecia isto. Um  processo empobrecedor de valores tão caros ao futuro  de qualquer país - a   meritocracia, a justiça como última instância para fazer acontecer a cidadania de um povo.

Está escrito: “Bem aventurado o homem cuja força está em Ti; em cujo coração se encontram os caminhos aplanados, o qual , passando em vale árido, faz dele um manancial; de bênçãos o cobre a primeira chuva”,salmo 84 de David .Um coração aplanado é aquele que promove a justiça aqui na terra, já que a justiça divina é certa, e colocará os bodes a arder em suas consciências ad eternum – e este é o inferno, de Dan Brown, ou não.

Alerto a Suas Excelências para que levantem os olhos para  o mundo a sua volta. Observem as barricadas de Kiev. Vejam as ruas de Paris ou do Rio de Janeiro.  As revoluções das  multidões contra  injustiças estão construindo a história contemporânea  e , data vênia ,os Senhores  não poderão se esconder para sempre debaixo de suas negras togas  e em caros palácios . Como “ marias antonietas” do presente, serão decapitadas pelo avanço dos fatos , que farão a nova ordem prevalecer, onde não   mais aceitaremos que existam dois tipos de decisões judiciais,  a dos ricos e aboletados em altos postos da sociedade,  e a dos pretos e pobres que representam a  maioria.

Apesar disso, não apoiamos a violência  como  a do MST - braço armado e financiado do petismo , que esteve a ponto de invadir e quebrar  este palácio, agora feito inútil. Contudo,  a mesma história ensina que toda insensibilidade no poder será castigada, e isto também vale, é claro, para o  executivo e o legislativo.

Concluo , deplorando o vale árido pelo qual os brasileiros atravessamos, buscando homens sábios  e com coração aplanados, e ainda assim ,como um simples escriba, feito portador desta missiva , lembrar aos ilustres juristas que só a fé  faz de Deus a  nossa força ,  capaz de gerar bem aventuranças e paz social à Nação, como as bênçãos esverdeadas de uma primeira chuva. Que Ele nos Guie.

José Carlos Nunes Barreto

Professor Doutor e Presidente da ALU- Academia de Letras de Uberlândia-MG

debatef@debatef.com

Poeira de Estrelas...

                                             
Perdi há cerca de um mês atrás um grande amigo, de mais de 40 anos, da turma de engenheiros mecânicos de 1974 ,Oswaldo Firmino Júnior,que atualmente dividia seu tempo como pecuarista e  presidente de uma das empresas do grupo Algar. Toda morte é estúpida para quem é um simples mortal, todavia , o acidente que levou Oswaldo foi daqueles menos esperados por quem lidava com gado em sua fazenda há dezenas de anos.: um coice de um bezerro- acompanhei de perto sua estada no hospital, e quando já esperávamos pela alta, uma piora aconteceu, com uma infecção pulmonar, e foi o fim.
Revi no velório muitos de nossos amigos comuns, e a conversa foi uma só: porque o Juju foi morrer assim? Era cuidadoso, elegante no trato, com pessoas e animais...ponto de equilíbrio, na família e nas empresas, em que colaborava, gerenciando conflitos e formando pessoas. Uma perda irreparável como capital humano e liderança.
Daí, após a sedimentação da dor, vem as lembranças boas da comissão de formatura, que até hoje organiza os encontros da turma com 43 anos de formados, das visitas às empresas que dirigia, sempre com tempo na agenda para receber a gente. Das  conversas,  tipo papo cabeça, em que divergíamos , mas sempre gargalhávamos ao final.
No grupo de amigos no watzap  rememoramos fotos, textos e situações , e também já contávamos nossos mortos : Juju era o nono. Todos voltaram a ser poeira de estrelas. O Pai das luzes os chamou...

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

O Congresso nacional flerta com o abismo...


                          
 Após o ministro Luiz Fux do STF devolver a lei das 10 medidas contra a corrupção, conspurcada por interesses corporativos de senadores e deputados envolvidos em corrupção- dando-lhe sentido inverso ao que se propunha- a fim de que voltasse a tramitar na câmara dos deputados, e que respeitasse o espírito dos legisladores, no caso 2 milhões de pessoas, este escrevedor no meio. 
Chama a atenção a postura non sense do presidente da casa Sr Rodrigo Maia, -recebedor de 1 milhão de reais ilícitos pela Odebrech- que afirmou , como  pirraça, que  iria verificar as 2 milhões de assinaturas!!!Ora vejam, teria de levar meses ou anos para fazê-lo, ou seja não implementaria a lei , portanto em tempo hábil. Todavia, mentes brilhantes da casa, principalmente os funcionários concursados o demoveram de tal intento, e fizeram uma comissão com estrutura para assessorar a comissão de legislação incumbida da tarefa. Estaremos de olho vivo!

A rede Dominante

Em julho do ano passado publiquei um artigo na coluna ponto de vista do jornal Correio de Uberlândia- de saudosa memória, quando ,sob o título" BNDES e Projetos Ambientais", mostrei com números,que parte significativa dos quase 500 bihões de desvios deste banco,único que tem  o social no nome, foi para fora do País  , através da Odebrech, com objetivo comprar com propinas, governantes corruptos do Brasil, América Latina, e África. Continuo o raciocínio abaixo....



“Não há nada mais difícil de realizar, nem mais perigoso de controlar, do que  o início de uma nova ordem de coisas” Nícolo Maquiavelli

Estive no 11º almoço empresarial da ACIUB quando , com prazer, escutei lideranças de Uberlândia pensando o ano 2100. Tudo isto em um momento em que a economia resvala, diante de um abismo , do qual  estamos sendo içados por um governo interino há 3 meses.  E que , apesar das agendas emergenciais , precisa dizer urgentemente, a que veio, pois temos 13 milhões de desempregados, e “sem  o seu trabalho, um homem (ou mulher ) não tem honra- não dá pra ser feliz , não dá pra ser feliz” ensina o nosso cancioneiro popular.

Dias atrás reli um artigo do qual tirei inspiração para esta escrita. Ainda em inglês e não lançado no brasil, de um livro intitulado numa tradução livre:”Brasil em transição: crenças, lideranças e mudança institucional” no qual se conceitua rede dominante, como um conjunto de lideranças, institutos, um pool pensante  de academias e pessoas que influenciam e escolhem as instituições no País, e  que  bancam a regra do jogo. A obra é da lavra dos professores Carlos Pereira  da FGV, Lee Jackston da UNIv. de Indiana ,EUA e Marons Melo da UFPE.

O momento atual, pelo qual purgamos uma desastrada recessão, suscita reflexões sobre o apagão ético e político, que se abateu sobre parte destas instituições a partir da Lava – Jato, que envolve toda elite em situação jamais vista na Nação. O lulopetismo na lona, mas não morto, pede clemência que não lhe será dada , nem na ONU,  nem na justiça brasileira, tais os  descaminhos e crimes em que se enredou. Os autores analisaram as crenças e valores ,a partir de 1964 até hoje, e concluíram que durante o regime militar , o desenvolvimentismo alentava essas elites, até a segunda crença a partir da redemocratização, onde se lutou para destraumatizar a sociedade brasileira ,contra os horrores do estado de exceção aliado à inflação.

A partir da constituinte de 88 e dos governos de Itamar franco , FHC e Lula1, através da política de responsabilidade fiscal aliada à inclusão social, empoderou-se  instituições, tal qual em países  desenvolvidos, e partiu-se agora, para a quarta crença que é o império da lei,o respeito ao estado de direito( daí o longo processo de empeachment de Dilma Roussef), e a participação da sociedade civil, através da internet . Esta rede dominante é a que move a Nação rumo ao processo de inclusão social,  ao desenvolvimento social e material com prosperidade e qualidade de vida, segundo a tese dos autores, que valido.

Hoje temos entre centenas de nações, menos de  30 que estão no patamar de países desenvolvidos, e a maioria construiu  este arcabouço social e técnico jurídico ainda no século XIX. Nos últimos 100 anos somente Japão e a Coréia do Sul galgaram este pódio- olimpicamente falando.

Finalizo, acreditando, como os autores, que após este duro processo,  seremos os próximos, principalmente  se pensarmos como em Uberlândia   no Brasil 2100.Todavia,tal qual Maquiável, não acho trivial se estabelecer uma nova ordem de coisas. Mas ela já está ocorrendo, com os benificiários do ancién regime , se desfazendo das provas de seus crimes contra o povo brasileiro, e a população acompanhando implacavelmente cada centavo roubado da saúde , segurança e educação. Viva os novos tempos!

José Carlos Nunes Barreto

Professor doutor e presidente da Academia de Letras de UDIA-ALU

debatef@debatef.com

 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Reinventando a Vida

Às vésperas do carnaval, e em momento crítico quanto à virada da economia - após 3 anos de dura recessão,  procuro visualizar o futuro, e como sempre, a  partir nesta perspectiva, é preciso pensar nas pessoas em primeiro lugar - nas filas do INSS com a crise previdenciária à porta, nas escolas do século passado e sem vagas, nos corredores de hospitais e do SUS superlotado , na crise da segurança, e nos estados e municípios falidos pela má gestão. E, mesmo assim ter esperança de dias melhores,  reinventando a vida, como Cecília Meireles ensinou em seu verso "Reinvenção".
A vida só é possível reinventada/
Anda o sol pelas campinas/e passeia a mão dourada/pelas águas,pelas folhas.../
Ah! tudo bolhas/que vem de fundas piscinas/de ilusionismo...-mais nada.

A vida, a vida, a vida,
A vida só é possível
reinventada.



Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcanço...
Só - no tempo equilibrada, 
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só - na treva, 
fico: recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida, 
a vida só é possível 
reinventada.

A quarta revolução


 

A função da Academia e Think Thanks, em tempos de crise, é apontar caminhos para a sociedade. Aliás, antever as crises, e evitá-las está entre as metas que estes players teimam em não cumprir, imobilizados em abraços de afogado com políticos e governantes cegos.
No excelente livro “A quarta Revolução”, os autores John Micklethwait e Adrian Wooldrige cumprem esta regra ao anunciarem a falência do estado, e alertarem para as grandes transformações previstas em escala global, em função do uso massivo de inovações tecnológicas, de tal monta, que com os novos usos da tecnologia da informação, as democracias correrão perigo.
E esta é uma boa leitura que recomendo para os próximos feriados, pois quem lê um livro assim, muda primeiro a si mesmo, depois muda o mundo. Principalmente, ao constatar, algo desesperador, quando contratamos para a Nação mais uma década perdida, por causa da miopia estratégica de governantes de plantão. Onde o desemprego estrutural entre os jovens, que ajudamos a formar, está, infelizmente, entre os subprodutos desses tempos de ilusionismo.
O Brasil figura, ao lado da África do Sul, Itália, e Sudeste Asiático, na lista de países e regiões onde os impactos da quarta revolução industrial serão predominantemente negativos, informam os painéis de discussão do último fórum econômico mundial em Davos na Suíça.
Para contornar esta situação, será necessário investir primeiro em qualificação de pessoas e, depois, reformar o estado, utilizando de forma mandatária, os orçamentos legislativos para investir em inovações tecnológicas e sustentabilidade – temos massa crítica para isso. Por exemplo, as inovações em startups, em curso no universo de produção de energia e no uso de tecnologia da informação, até 2020, impactarão nossa mão de obra, reduzindo-a em 6% pela otimização dos postos de trabalho. Todavia, segundo os especialistas, há um contraponto que aquece a alma: o setor de mobilidade e logística no Brasil, e notadamente em Uberlândia, terá uma janela de oportunidades jamais vista até hoje, e poderá ser o trator a nos tirar da imobilidade. O novo governo de Uberlândia,  eleito em novembro, deve aliar gestão e inteligência para explorá-la, assim esperamos.
Já na área de relações internacionais, as Academias deveriam, a meu ver, redirecionar pesquisas, patentes e artigos, visando países do oriente, como Singapura – um padrão, que reformou o estado, e prepara seus alunos para esta nova era. E seus efeitos de benchmarking já atingiram a China e EUA e estão se irradiando para países da região, como Arábia Saudita, Bahrem, Omã, Quatar, Emirados árabes Unidos e, quem diria, já chegaram ao Chile, aqui pertinho, além do México, Índia e Turquia… Por que estaríamos fora disso?
 Como em 1808, esperamos a abertura do País ao mundo – do conhecimento, da inovação e da iluminação, a favor dos talentos nacionais – para voltarmos à rota de nosso destino de grandeza. Reinventando a vida.
José Carlos Nunes Barreto
Professor Doutor e Presidente da Academia de Letras de Udia (ALU)
debatef@debatef.com