Gestão
Ambiental: desafio
A busca do
desenvolvimento sustentado, ou seja , a prática de atividades produtivas,sem
degradar o meio ambiente, e sem comprometer a capacidade das futuras gerações
de responder às suas necessidades ,tem se constituído em um desafio em todo o
mundo civilizado.A preocupação com a sua preservação, em termos mundiais, não
se restringe mais ao simples controle da poluição industrial. A tutela jurídica
do meio ambiente já é uma exigência mundial, estando presente nas constituições
de vários países e nos acordos
multilaterais de cooperação internacional. Diversas medidas vêm sendo
adotadas no sentido de harmonizar regulamentos e padrões de produtos, entre
elas estão: a instituição do Selo
Ecológico Comunitário pelo Conselho das Comunidades Européias; a
proposta diretiva sobre embalagens e seus resíduos implementada por alguns
países - membros da U.E.;as medidas fitosanitárias relativas ao comércio de
carne bovina ,após a doença da "vaca louca"; e a ISO 14000:2004, que padronizou no
mundo,os conceitos de gestão ambiental.
Em
Cubatão, onde está implantado o maior pólo sídero-petroquímico do país , operam
vinte e três empresas que produzem do aço à gasolina de aviação, passando por
uma série de produtos químicos. A
degradação ambiental ocorre
através da poluição do ar ,solo e água. Apesar das melhorias já acontecidas, as
condições ecológicas "sui generis" favorecem os altos índices de
poluição do município, o que leva à destruição da fauna , flora e causam danos
à saúde da população da baixada santista, conforme atestam ações do orgão controlador do meio ambiente do estado,
bem como estudos de saúde da USP e testes realizados na área , principalmente
na siderúrgica, que é responsável pela
maior carga tóxica lançada no estuário
da Baixada Santista .A dissertação de mestrado que defendi na Faculdade de Saúde Pública da USP em 1995,
foi clara em mostrar que além de tóxico, o descarte líquido da siderúrgica
possui sólidos sedimentáveis com atividade mutagênica -quebra dos pares do
código da vida - que sedimentam ao longo
do canal do estuário ( da mesma forma outras indústrias também colaboram com o
processo de sedimentação tóxica)Neste
estuário está localizado o maior porto da América Latina, com elevado trânsito
de navios com calados cada vez maiores, e
impactos ambientais diários ao
revolver o lodo do fundo do canal ,e que é potencializado todas as vezes
que a operadora do porto de Santos draga
o canal e retira o sedimento, considerado pela NBR 10.004 :2004 em
alguns pontos como de classe 1( o mais tóxico),e teria de ser disposto de forma
adequada, ou seja em aterros industriais ou incinerado. Mas como fazê-lo se 25
milhões de metros cúbicos de lodo/ano, são contaminados? Este trabalho, é um
desafio técnico pelo qual outros países já passaram e resolveram, e acontece lá
agora 10 anos após meu primeiro estudo ser publicado. Apesar disso, falta o
fundamental hoje: minimizar resíduos na
fonte seja por reutilizar, reciclar
,ou melhorar continuamente os
processos, seja por desenvolver
sensibilidades na comunidade produtiva do polo para gerar um produto
ambientalmente sustentável ,(e não somente em discurso). Aqui em
Uberlândia temos um polo industrial que
já gera quantidade de resíduos tóxicos significativa. Devemos atuar agora para
não termos uma cubatão no futuro!
José Carlos Nunes
Barreto
Professor Doutor
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