quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Conhecer o Futuro


Este é o tema do artigo científico que apresento com meus alunos do oitavo período de administração, no terceiro seminário de pesquisa do ENUTEC - encontro UNIUBE de Tecnologia. O objetivo deste seminário é promover a participação de pesquisadores, professores, alunos de graduação e pós graduação, no esforço de publicar seus experimentos e revisões bibliográficas num ambiente próprio, onde há expositores de novas tecnologias, professores convidados com expertises de notória especialização, além do mercado que participa buscando talentos e inovações. Peço vênia para dividir com o leitor amigo, a sequência utilizada para chegar a este momento especial na vida destes alunos, que vão agora em direção ao futuro. Tudo começou com a disciplina que lhes apresento no último semestre do curso de Administração: “Análise e elaboração de projetos” que tem como finalidade gerar a competência gerencial para o aluno criar, operar e gerenciar projetos, utilizando a tecnologia PMI/PMBoK reconhecida em qualquer parte do mundo. Iniciamos o semestre com um brainwriting 6-3-5, ou seja um toró de idéias escrito em  papel pelas equipes com  seis participantes. Cada membro pode apresentar até 3 idéias em até 5 minutos em uma roda. Ao sinal do facilitador, passam o papel para o participante da direita, e cada membro tem acesso às idéias do companheiro do lado, de forma que todos tenham conhecimento das propostas do grupo, quando muitos “absurdos” à primeira vista, se revelam grandes inovações após implementações. E foi o que aconteceu com “Conhecer o Futuro” - projeto voltado para jovens carentes de 13 a 17 anos, que tem como objetivo fazer palestras e visitas técnicas nas áreas sonhadas como possíveis profissões para esses adolescentes. Aqueles que querem ser médicos ouvem palestras de médicos convidados e que doam seu tempo à causa. O mesmo acontece com engenheiros, juízes, geólogos, padres etc... Após este encontro, são disponibilizados ônibus com facilitadores que levam os interessados para visita técnica em sua área desejada, e no projeto há o controle posterior dos estudos e avanços dos meninos e meninas, envolvidos neste processo. Na contextualização do projeto, está colocada a carência de mão de obra qualificada no País, o que tem gerado importação de cérebros, enquanto nossos jovens permanecem desempregados ou sub empregados por não terem as habilidades e atitudes  necessárias para atuar no mercado. O caso da engenharia é gritante: em 1992 - quando atuei como chefe da assessoria técnica do CONFEA, em Brasília - o problema era a falta de oportunidade para engenheiros: vivíamos então a “década perdida”. Hoje este órgão libera por ano cerca de 20000 vistos de trabalho em áreas tecnológicas para indianos, chineses, argentinos e profissionais de toda parte do mundo, sem os quais o País não conseguiria crescer. Nossa elite dirigente, infelizmente, deixou no limbo a juventude do Brasil e somos obrigados a dar os melhores empregos para pessoas de outros países.

O Projeto “Conhecer o Futuro”- faz análise técnico econômico financeira e comprova ser viável. Usa a ferramenta MS PROJECT que delimita o caminho crítico de execução, e tem uma relação custo - benefício excelentíssima, por resgatar a um custo baixo (graças à Deus e ao voluntarismo), o futuro de nossos jovens, filhos e filhas do Brasil.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com.br 

Chão de Estrelas

“Eu canto/ porque o instante existe/ E minha vida esta completa/ não sou alegre/ nem sou triste/ sou poeta”.
Cecília Meireles

Cartola escreveu: “A porta do barraco era sem trinco/mas a lua furando nosso zinco/salpicava de estrelas nosso chão...” a proposito, esta poesia sintetiza a criatividade e visão estratégica de alguém que estava no limiar da base da pirâmide de Maslow - uma pessoa obstinada, que depois subiu até o topo da vida, por entender que naquele chão havia um céu.  Nós da revista sciencomm nos espelhamos nesta poderosa visão, para aproveitar idéias e soluções de TCCs (trabalhos de conclusão de cursos) dos cursos de engenharia e administração, muitos deles relegados a uma simples brochura de capa dura, depositada na biblioteca de uma instituição de ensino superior (IES)- verdadeiro chão batido -para publicá-las em nosso sítio www.revista.sciencomm.com.br, beneficiando toda sociedade e evitando que deixem de brilhar, juntamente com seus autores e coautores.

Vida dura, a de editor de revista científica com essa proposta, neste País: falta matéria prima, primeiro por causa da lacuna na formação de nossos alunos e até professores, na língua pátria, depois, falta incentivo a experimentos e iniciação científica - por ultimo, percebe-se uma continuada  anomia na gestão de talentos, por parte de organizações que deveriam estimulá-los.

Como sabem, tenho delegação do MEC para avaliar o universo de projetos de curso, instalações, professores, e Instituições de ensino superior Brasil afora, que me proporcionou nos últimos dez anos, o registro do desperdício de milhares de oportunidades para publicação de artigos, jogadas no lixo da história por parte de orientadores e Instituições.  Isto equivale negar à comunidade de negócios e à sociedade como um todo, o resultado de pesquisas, inovações e soluções na área do conhecimento ocorridas na academia, que turbinariam a produtividade, gerariam patentes, e aprimorariam talentos humanos.

Pior: os números mostram que menos de 20% dos professores publicam, inclusive os mestres e doutores, o que invariavelmente obriga a equipe de avaliadores do MEC dar nota 1 ou 2 (variação de 1 a 5) neste quesito. Sempre comparo o artigo científico à uma caçamba  com corda, através da qual se retira do fundo do poço do conhecimento, insumos para uma sedenta  sociedade, ansiosa  por matar a sede por inovações, produtividade e soluções inadiáveis para seus constantes desafios operacionais, até mesmo existenciais. Há portanto, um crime de lesa pátria sendo perpetrado por quem deveria zelar pela formação de pessoas, e pela geração de conhecimento no País.

Deixando claro que contamos com o concurso de uma das melhores agencias de regulação do mundo na área da educação - O INEP - que apesar disso, padece a meu ver, de uma miopia estratégica, ao não exigir um plano de ação imediato para mudar este importante paradigma.

Saúdo desta forma, a chegada do quarto número da #revistaciencomm, certo que o mesmo cumprirá sua missão de divulgar artigos científicos garimpados como pedras preciosas retiradas do chão de escola. Contribuirá assim para o crescimento da inovação no País, através do fortalecimento da vocação de seus talentos humanos. Será mais uma lâmpada da ciência. Haja luz!

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia-ALU
debatef@debatef.com


Tragédia Brasileira

“Segurança é uma questão de Estado e deve estar acima das diferenças políticas. Precisamos de um pacto por uma reforma institucional profunda. Ou haverá segurança para todos, ou ninguém estará seguro” Luiz  Eduardo Soares  Ex - Secretário Nacional de Segurança Pública.

Após o voto do decano do STF a favor dos embargos infringentes estabeleceu-se de vez  a sensação de impunidade na sociedade brasileira - uma das tragédias que fazem parte do conjunto da obra de insatisfação  da Nação. A ausência de educação e saúde com “qualidade fifa”,  aliadas aos crimes sem solução ,à polícia corrupta e despreparada e a política de encarceramento em massa das classes menos favorecidas, que não podem usar a justiça da elite e dos grandes advogados ,completam a lista mas não a esgotam, tamanha a miséria espiritual desta agenda.

Vou falar em seguida alguns números instigantes citados pelo sociólogo e estudioso em tela, criador do conceito das UPPs, e autor do livro “Segurança tem Saída” pela editora Sextante, que recomendo aos dirigentes e gestores da segurança pública deste País. Começo com o número de jovens assassinados na maioria homens e afrodescendentes-são quarenta mil por ano na faixa de idade entre 14 e 24 anos-de tal impacto, que já falta na pirâmide etária social este perfil étnico. Se juntarmos a estes, os cinquenta mil mortos em acidentes de trânsito por ano e os cerca de 40000 mortos em acidentes de trabalho, teríamos mais mortos anualmente que os cem mil mortos em dois anos e meio de guerra na Síria. E porque nós e o mundo não percebemos isso? Sem dúvida porque as vítimas são da maioria silenciosa: preta, pobre e pouco representada. Basta ver o alarde que é feito quando cai um boeing com algumas dezenas de mortos, que concentram mais usuários brancos e da elite (o que está mudando, ainda bem, mas  não invalida a comparação).

Das quarenta mil mortes por assassinato, a maioria se dá com a presença do trinômio álcool, armas e tráfico de drogas, potencializada pela presença de uma polícia que é um verdadeiro macaco em loja de louças: desaparelhada, sem formação adequada, sem auxílio adequado de perícias, o que faz com que somente se esclareçam em média 10% dos assassinatos. Via de consequência, a vida vale muito pouco neste País, a pistolagem arrebanha tanta gente, e os crimes contra a vida e o patrimônio cresce em escala geométrica. Pois o professor Soares diagnostica: temos 56 polícias brasileiras-27 PMs estaduais, 27polícias civis estaduais, polícia Federal e polícia rodoviária federal. Não há um sistema nacional que organize estas instituições, que na maioria das vezes competem entre si, e raramente dialogam, mesmo quando as soluções de crimes exigem  isso. Não nos esqueçamos das guardas municipais e das seguranças armadas, que equivalem a quase um exercito paralelo, com a maioria apresentando carência de formação, agravada pela falta de controle adequado por parte do estado, e eis o terrível estado da arte da segurança pública no Pais.

A grande verdade é que este assunto virou questão de vida e morte para todo cidadão brasileiro, que enfrenta esta guerra da falta de segurança diariamente, e é um sobrevivente da ação desordenada de nossas polícias, com eterno fogo amigo contra a população - sábia, a qual diz ter mais medo da polícia que dos bandidos, e o autor em epígrafe, infelizmente, mostra de maneira inequívoca, que ela tem toda razão. Que Deus nos ajude!

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor Doutor e Presidente da Academia de letras de Uberlândia(ALU-MG)

debatef@debatef.com

Crônica do imaterial

“Não me ofereça ferramentas./ Ofereça- me o benefício e o prazer de fazer coisas bonitas./.../Não me ofereça coisas./ Ofereça-me ideias, emoções, ambiência, sentimentos e benefícios./Por favor, não me ofereça coisas” autor desconhecido.

Interessante e estressante este País: Chama a policia para tirar cento e poucas famílias de um prédio abandonado por seus donos no centro de SP (o que ocorre em qualquer cidade neste mundão de Deus), e permite que 2 milhões de casas de alto padrão avancem sobre as bordas do manancial ,em área de preservação ambiental - às vésperas da maior seca dos últimos 100 anos na região. Nova York – aquela do rio Hudson, não teve este azar, pois seus dirigentes há 20 anos atrás, fizeram um planejamento para evitar que suas fontes de água fossem dilapidadas. Chamaram cada produtor rural que possuía essas fontes em suas terras, e decretaram: Agora vocês são produtores de água, e vamos paga-los por isso. Simples assim.

Não é a toa que o candidato falecido (ou assassinado?) do PSB avisava para não desistirmos desse País. Porque não está fácil. Os jovens e os não tão jovens, estão esperando o que vai dar esta eleição, para levarem suas cabeças a passear (e viver menos estressadas) na Austrália, no Canadá, na Inglaterra etc... onde  a educação ,a saúde ,a segurança e outros paradigmas imateriais ,realmente  prevalecem, e onde quem, às duras penas  estudou, tem seu valor reconhecido.

Ademais aqueles 0,01% de humanos representados por tais casas acima citadas, são os donos do Território nacional. Para eles tudo pode. O aparato da lei existe para protege-los, pois pagam excelentes advogados, e muitos, pertencem à nomenclatura do regime, onde, no anedotário político, se diz: para os amigos tudo-para os inimigos a lei. Triste País! E tais políticos voltam todos os anos a comprar votos e consciências ,seja com dinheiro vivo, seja com cargos, pelos motivos de sempre, desde o império: o poder pelo poder.

Conheço um deputado “amigo” que só me dá atenção em vésperas de eleição. Estive em Brasília com alguns intelectuais co-autores de um artigo, com soluções candentes e necessárias à republica, e ele se disse muito ocupado(hoje sei-talvez com o mensalão ou quem sabe o petrolão). Sequer nos ouviu, e passou o documento para seus assessores, que fizeram o favor de engaveta-lo.

“Casas? saneamento básico? Educação? Ha!Ha! Há!-Queremos saber quanto ganharemos. Qual é o percentual sobre o contrato?3%???”. Este hipotético diálogo, foi ouvido diversas vezes por procuradores da república, antes de prenderem alguns figurões. Fizeram do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto um balcão de negócios. E daí partiram para as estatais. A Petrobrás que o diga. Emporcalharam o templo da Nação-são cambistas imundos, piores que aqueles da época do Cristo. Se não fizermos como o mestre-descermos o cacete- e prendermos esta corja, estaremos comprometendo o futuro do imaterial, da esperança que ainda alenta nossos jovens.

Concluo com as palavras do salmista no exílio: Ele dizia- “Quem vai andando e chorando enquanto semeia, trará na volta, com alegria, seus molhos nos braços”. Pura poesia da esperança.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e Presidente da ALU-Academia de Letras de Uberlândia

debatef@debatef.com

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Risco, Prevenção e Culpa

“Se não conhecerdes o inimigo e nem a si próprio, perderás todas as batalhas - se conhecerdes a si próprio e não o inimigo, ganharás metade delas e perderás a outra parte. Se, todavia conhecerdes a si e o inimigo, ganharás todas as pelejas.”
Sun Tsu

Toda vez que acontece uma tragédia no Brasil, o poder estabelecido, quando muito, se mobiliza para expressar palavras de encorajamento, e condolências com promessas de atendimento. Neste momento de luto nacional pelo acontecido em Santa Maria, a Presidente Dilma só cumpriu sua obrigação, colocando ministros de Estado e os recursos federais para ajudar as vítimas do incêndio da boite Kiss no RS. Todavia, os marqueteiros de Sua Excia, já estão usando este fato em sua campanha extemporânea para reeleição, ao arrepio da lei. E o que nos interessa saber, é se, quando tudo tiver esfriado, quais os reais resultados deste ativismo repentino do palácio planalto. Será que repetiremos, o “follow up” do que aconteceu a pouco mais de um ano atrás no dilúvio da serra no RJ? Vamos torcer para que daqui a um ano, algo tenha sido feito para melhoria no gerenciamento de riscos em situações similares, Brasil a fora. Vamos querer saber então, se foram fechados todos  espaços  de atendimento ao público com alvarás vencidos; se foram julgados e presos os responsáveis pelos crimes cometidos. Essas coisas básicas e republicanas...

Não faltam leis neste País-falta vergonha. Como desabafou um médico plantonista em Santa Maria que atendeu a filha já morta: a falta de respeito às leis é norma, não só na base da pirâmide social, onde estão os flanelinhas que cobram o espaço na rua para o cidadão que paga impostos (como se fora ele quem tivesse pago), mas segundo aquele  infelicitado pai, tal  absurdo chega  ao olimpo onde estão os atuais condenados do mensalão( apesar de donos do poder- aí esta uma mudança importante). Contudo, se não nos unirmos exigindo a pena, ficarão fora da cadeia desmoralizando a justiça, tal como fizeram os chavistas na Venezuela.

Mas afinal, de quem é a culpa, perguntaria meu aturdido amigo leitor. E eu respondo antes que mandem prender os guardas da boite, como sempre acontece nesta nação: a NBR 9077, da ABNT é a lei para edificações no Brasil que garante, desde 30 de junho de 1993,que uma população possa abandonar o espaço em caso de incêndio, ”completamente protegida em sua integridade física”. Pergunto então quem são os responsáveis técnicos do projeto e execução na boite Kiss. E o faço diretamente aos presidentes do CREA- RS e  CAU-RS que tem o dever moral de responder, e denunciar tais engenheiros e /ou arquitetos ao Ministério Público. Os conhecimentos desta norma são mandatários para todos Engenheiros civis, de Segurança e arquitetos, e a falta de qualidade de muitos cursos de Engenharia e arquitetura, tem lançado no mercado profissionais despreparados. Não basta fechar o vestibular de 2000 faculdades, como faz hoje apropriadamente o MEC. É necessário que os conselhos de classe acompanhem o desempenho destas turmas com vermelho na nota. Caso contrário, a sociedade brasileira terá de chorar ainda muitas lágrimas. Estamos avançando para o conhecimento de nós mesmos como sociedade planetária na internet- segundo Al gore em “Future”- todavia, somos derrotados dia a dia, ao não reconhecer nosso maior inimigo: a falta de educação de qualidade.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com



Errado ou Inadequado?

“Para os outros, estar errado é uma fonte de vergonha; para mim, reconhecer meus erros é uma fonte de orgulho. Quando entendemos que a compreensão imperfeita faz parte da condição humana, não há vergonha em estar errado, mas sim em não reconhecer os erros”.
George Soros

Em tempos de casamento gay na igreja, abençoado pela decisão do STF de tornar legal a união de pessoas de mesmo sexo. Em época em que a homofobia, (que pode ser uma indignação mal interpretada) está prestes a virar crime, o politicamente correto virou uma forma de sobrevivência. Apesar disso, não podemos nos calar diante da marcha acelerada dos acontecimentos, “quando a coisa assume um vulto tal que “o errado” vira certo e o padrão considerado normal se torna o inadequado” em várias áreas de nossas vidas, e principalmente sob um governo que resolve transformar este estado da arte em políticas públicas.
Como trabalho com educação de pessoas e organizações, procuro focar em assuntos da área de ensino e aprendizagem, e este mês correu pela internet um belo artigo supostamente atribuído à  Alexandre Garcia, criticando o   livro “Por uma vida melhor”, que não teve o português adequadamente revisado , foi publicado com erros terríveis de concordância, e  distribuído pelo Ministério da Educação assim mesmo, para meio milhão de crianças de norte a sul do País.
           O MEC ultimamente tem errado onde não deveria, mas até aqui sempre se desculpou. Todavia desta vez fez o impensável: validou o erro abarcando uma teoria  esdrúxula, de que o  erro de português deve ser tolerado , para não haver uma “discriminação linguística” com quem o comete, pois não haveria mais certo ou errado e sim adequado ou inadequado dependendo da situação .O que  os novos “çábios” querem  é que, daqui para frente devamos  tolerar erros de português até em livros e seus autores, apesar de afirmarem, paradoxalmente, que a norma culta continuará sendo cobrada nas provas e avaliações. O que dizer? viva o Tiriica! no salve-se quem puder da incompetência, tornada  política de educação pelo governo do  PT, sem pensar no que virá em termos estratégicos.
Tomara que tudo não passe de um enorme e fenomenal erro, e uma nota admitindo isso encerre a questão, após autorizar a logística reversa do lixo cultural entregue a nossos filhos, e pago com dinheiro público. Em seguida, como deveria ser praxe em nossas instituições republicanas, o ministério público federal, como guarda da lei exigiria dos responsáveis o ressarcimento ao erário público dos valores gastos irresponsavelmente.
Como observo o País em que vivo, sei que nada disso acontecerá e mais um crime cometido contra a educação ficará impune, todavia não abro mão do direito de protestar e gritar bem alto que, bem mais do que o dinheiro, roubam o futuro desta nação, e nossa elite sequer toma conhecimento, pois está entretida em contar a pecúnia obtida vendendo sua consciência. Para esses relembro Maiakóvski: “Na primeira noite eles se aproximam e colhem uma flor no nosso jardim. E não dizemos nada”. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, arranca-nos a voz da garganta. E, porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada”.

          José Carlos Nunes Barreto
          Professor doutor
          debatef@debatef.com.br


Código Florestal e Água


Apesar dos desastres climáticos que castigam nosso País e o mundo, e que fizeram pessoas despertarem para a dura realidade do aquecimento no planeta, o desmatamento da Amazônia aumentou  37% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o INPE-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, caracterizando uma inflexão da curva que descia há 3anos  e que coincide com a aprovação na Câmara Federal do novo código florestal que afrouxa a legislação ambiental, concede anistia  a quem desmatou , permitindo  reduções de área de reserva legal e APAs - Área de preservação ambiental ao longo de  corpos d’água, Brasil afora.  Neste “affair” entre agronegócio e ambientalistas, ainda não resolvido pelo Congresso Nacional, todos perdem se não convergirmos para um ponto  comum: a necessidade de gerirmos melhor os recursos hídricos e preservarmos os mananciais de água doce, para estas e as futuras gerações. Não há como produzir no campo sem água, e esta nova legislação, visando atender situações de curto prazo, compromete o futuro da água no País, encoraja desmatadores, e desmotiva quem preservou, pois não há compensação por isto, muito pelo contrário, dependendo de onde se encontra a propriedade, grande parte da área útil pra plantar fica indisponível, diminuindo o preço da terra. Quem cumpriu a lei se sente lesado, e a ciranda da impunidade se fortalece. Há uma miopia estratégica que precisamos reverter no senado federal: pensar na área da floresta de pé e preservada como improdutiva e impecílio para a produção. Por exemplo, avançando sobre o serrado - que funciona como uma caixa d’água da Nação, a produção de grãos ficará insustentável daqui a menos de uma década, por falta d’água. O que fazer? ao meu ver, mudar a lei para remunerar quem preserva, quebrando este círculo vicioso ,que é incentivado de fora do País por grandes grupos econômicos que vêem no aumento da  demanda mundial  por alimentos, uma oportunidade fácil para ganhar muito dinheiro, com a política de “terra arrasada”. Sobre este aspecto, chama a atenção recente publicação publicitária financiada por empresas do agronegócio mundial, que querem orquestrar um conceito no seio da população, de que há orgulho em nos transformarmos em ”uma grande fazenda mundial chamada Brasil”. Uma ideia que não respeita nossas leis, nem nosso patrimônio sócio - ambiental: este País seria simplesmente uma terra com porteiras, cadeados, poucos donos e pouquíssima água, em sentido contrário as lutas do agronegócio nacional e do movimento ambientalista.
Vale registrar que uma das heranças benditas do governo Lula, foi a criação de unidades de conservação e a demarcação de terras indígenas que somam 75 milhões de hectares, e que equivalem a um muro de proteção que impede o avanço do desmatamento, colaborando para a preservação da água e por conseguinte do clima.
Concluindo, não dá para viver sem água e em clima cada vez mais seco como o que vivemos hoje em dia, e o Brasil precisa desconstruir esta ideia alienígena de que é só uma fazenda. Ela nos é maligna, pois contribui para que não reajamos à desindustrialização, já que desta forma podemos acreditar- como querem estes mesmos atores, que a China é que é a indústria. O preço que pagaremos como nação é alto demais para não agirmos já.

José Carlos Nunes Barreto
Professor Doutor

debatef@debatef.com.br