Blog do Consultor e Professor de Graduação e Pós Graduação José Carlos Nunes Barreto
sexta-feira, 22 de março de 2024
Saber da Água Virtual no Dia da Água
"Da semente sai futuro;Nem que seja temporão"cancioneiro popular
Todo ano em torno do dia mundial da água-22 de março, paramos para refletir sobre a importância da água em nossas vidas, e na semana dedicada ao tema, acontece o fórum mundial da água, evento em que projetos inovadores, trabalhos científicos e benchmarks em gestão e economia da água, apresentaram soluções para uso,reúso e otimização da água.Todavia mais de 2,5 bilhões de pessoas ,ainda sofrem com a falta de acesso à condições básicas de saneamento no mundo. A cada ano, 1,4 milhão de crianças morrem de doenças relacionadas à falta de saneamento básico.
Com o recrudescimento da crise de comodities alimentícias, muitas organizações internacionais passaram a analisar, além da quantidade de água física disponível em litros para as nações, a quantidade de litros de água virtual consumida,ou seja, a quantidade de água embutida no processo de transformação e logística do bem fundamental para os seres humanos, que é o alimento.
Todavia , up to date agora, é fazer com que os novos estudos de impacto ambiental, levem em conta, além da água física- aquela da torneira, também a água virtual,principalmente a exportada pelos empreendimentos analisados.E este é um dos temas mais interessantes debatidos pela intelligentsia
mundial a respeito do petróleo do século 21: a água.
Como consequência deste raciocínio, para produzir apenas um tomate no Marrocos,segundo estudo de Stuart Orr - especialista da ONG WWF no mapeamento mundial da água, são necessários 13 litros de água,e, ainda segundo o autor,levados em conta,todos os ingredientes, uma xícara de café representaria 140 l de água naquele país, e segundo discussões ocorridas no Fórum do água , gastaríamos 130 l aqui no Brasil , desde a semeadura, colheira e beneficiamento, logística e finalmente preparo deste produto verde-amarelo em sua marca mundial.
Assim, uma camisa produzida com com algodão cultivado no Paquistão ou no Uzbequistão requer 2.7 mil litros de água numa região que já apresenta sinais de escassez.Segundo o relatório do Instituto Internacional da Água de Estocolmo-SIWI, o Brasil é o campeão, pois exporta 91 bilhões de m3 de água agrícola virtual por ano, e importa 199 bilhões de m3 - o que representa uma importação líquida de 107 bilhões de m3 a cada ano.
Estando correta esta estimativa, ela mostra uma surpresa para muitos estudiosos que diziam,como favas contadas, que seríamos exportadores líquidos de água em grãos e outros itens, vejam só.
Em segundo lugar no ranking do WWF está o México (com importação líquida de 84 bilhões de m3 por ano), seguido de Japão(83 bilhões de m3), China ( 78 bilhões de m3),Itália (50 bilhões de m3) e Reino Unido(40 bilhões de m3).
O que esses números acabam de demostrar, é que todo mundo rico e em desenvolvimento está importando sob forma virtual, água de regiões pobres e ameaçadas de seca, por falta de gestão da água, e nesta economia da água, isso equivale a exportar os problemas ambientais dos ricos para os pobres, de tal forma que a pobreza logo se tornará em miséria, que aos poucos atingirá a todos.
Não existe almoço grátis:o uso de inovação e novas tecnologias , como o uso do grafeno na dessalinização da água do mar, no planejamento integrado e recuperação das bacias dos rios, a redução do desperdício de água, principalmente na agricultura, com o uso do gotejamento por pontos mapeados por softwares,o reúso da água etc...são metodologias e planos de ação já conhecidos, porém olvidados e colocados em stand by por governantes e grandes esmpresas, de países que por enquanto importam água e exportam miséria.
Jose Carlos Nunes Barreto
Professor Doutor e Sócio - diretor da DEBATEF Consultoria
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário