quinta-feira, 29 de julho de 2021

O Absurdo do Assédio Moral

   Vivemos um momento de extrema penúria em termos de segurança jurídica. O TSE  vai e volta em suas interpretações sobre verticalização das coligações partidárias para as próximas eleições. Uma enxurrada de decisões dos tribunais superiores deram liberdade a criminosos, corruptos e prejudicaram as CPIs  do Congresso nacional ao ”blindarem” alguns ilustres investigados. Tudo isto em setores, em que a lei é muito clara. 

Imagine alguém que precisa procurar a justiça, numa área em que legalmente não há clareza, como na questão do  assédio moral. Que é  a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras, à situações humilhantes e constrangedoras, durante a jornada de trabalho, e no exercício de suas funções. Se no caso, é sobre professores mestres e doutores, a coisa fica mais confusa ainda ,pois se trataria de uma “elite” que estaria muito bem colocada na vida, e por isto, nem precisaria de atenção do estado e da justiça.

 Absurdos estão acontecendo, e a sociedade está impassível. Calada e autista. As relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, principalmente em universidades particulares “caça níqueis”,  fazem os professores que obtiveram o título de doutor, “esconderem” o mesmo, com medo de serem demitidos. Há um pacto de tolerância e silêncio, que faz a vítima, gradativamente se desestabilizar, fragilizar-se e perder sua auto estima. A organização tem uma degradação de seu clima organizacional, onde passa a imperar atitudes e condutas negativas dos chefes, sobre os subordinados. As vítimas são isoladas do grupo , hostilizadas , ridicularizadas,  e desacreditadas diante de seus pares,  forçando-o muitas vezes a mudar de emprego, e dependendo da especialidade, de região.  

A revista Banas Qualidade de abril de 2006, entrevistou o consultor e especialista em assédio moral no trabalho ,Gustavo  Galleazzo. Dele :”O assédio moral é um processo que vai congelando o profissional e o tira do centro de decisão. Quando você o  tira do centro de decisão, a capacidade de informação vai se esvaziando. E os prejuízos para empresa são infindáveis. Primeiro há o reflexo na produtividade . Depois  é um risco para a empresa porque o assediado começa a ficar tenso, desgostoso com a organização e começa a divulgar informações sigilosas, deixando de ter zelo com a informação, deixando de ter zelo com os processos  Nada mais claro.

 Contudo,  foi cruel demais o acontecido tempos atrás ao professor doutor Bernardo Bernadino, de um Centro universitário yYY. Negro lutou até ser doutor. Éramos colegas de trabalho, mas sua vida mudou após resolver agir contra este estado de coisas, através de uma legítima ação sindical, nunca aceita pela mantenedora da instituição. Que lhe cortou os vencimentos, após escrever um simples artigo reinvidicatório. As últimas notícias que tive dele não foram nada boas. 

Havia tentado o suicídio após seis meses de privações com água e luz cortadas e sendo socorrido por colegas. Sobreviveu com muitas sequelas físicas e emocionais. Eu, como o mais velho do grupo, tive de vir a público responsabilizar a direção da IES pela vida deste professor, que defendeu os interesses da classe tantas vezes vilipendiada e predada. Claro que sofri represálias, mas faria tudo de novo, e isso foi há 20 anos.

 Hoje, vejo acontecer de novo este processo, até em universidades públicas  federais , em que pesquiso e estudo. Uma verdadeira praga contra a inovação e a criatividade, que os supostos autores destes crimes - e ainda se intitulam gestores, buscam alcançar com suas desastradas atitudes.

 

      José Carlos Nunes Barreto

Pós-Doutor e Sócio fundador da DEBATEF Consultoria

 

domingo, 25 de julho de 2021

A Agenda Oculta


“ Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida  dos dicionários e do pântano enganoso das bocas. A partir deste instante, a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo, ou um rio. E,  a sua morada será sempre o coração do homem.”

Thiago de Mello

 

Após o empeachment de Dilma Roussef em 31 de agosto de 2016, Lula e Dilma foram ao funeral de Fidel Castro, em 25 de novembro do mesmo ano, onde confabularam com bolivarianos. Deixaram de ir ao funeral da chapecoense que uniu colombianos, brasileiros e o mundo.  Maduro já estava louco, e a Venezuela derretia, mesmo assim, a agenda lulocastrista se estabelecia, embora escondida e envergonhada, na política de esquerda, então derrotada no País.

 

Todo mês ficamos à espera dos rendimentos, auferidos pelas atividades que nos sustentam, quer sejam trabalho, investimentos ou aposentadorias. Todos  ganhos de forma honesta, pelo menos para a esmagadora maioria dos incluídos, socialmente falando. Existe uma minoria que trafica influência, entorpecentes, fauna e gente. Para esses, não existe espera, porque os ganhos são enormes, e a curva do crescimento da riqueza ,se torna exponencial em pouquíssimos anos. No meio destas duas situações, perdido, está o socialmente excluído. Quem não tem rendimento nenhum. Zero de grana, vivendo seja de bolsas do estado, de ONGS, doações ou de favor. Alguns chegam à beira do desespero  da fome, e são cooptados  pelo mundo do crime.

 

 São bilhares no mundo, 46 milhões aqui no Brasil da bolsa esmola(que  o governo federal diz que são invisíveis).  Na França,  da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, três gerações de imigrantes africanos, latinos e turcos amargam a falta de oportunidades, e sobrevivem na periferia , com o bolsa família de lá. A falta de possibilidade de sonhar, nos jovens, faz crescer a revolta social , e  as chamas da violência sobre Paris. Nos morros do Rio, armamentos de última geração, financiados com dinheiro de drogas municiam uma guerra suja, de sangue e de palavras.

 

Para os governos do Estado e da cidade do Rio, vale  dizer para o poder público, o importante é criminalizar a favela, vociferar que só nascem bandidos lá, o que não é verdade, pois são trabalhadores reféns do crime organizado, em sua esmagadora maioria. Esta é mais uma agenda, para ocultar a ineficiência do estado, em subir nos elevadores sociais  das avenidas beira mar, e flagrar  os “incluídos” consumindo as drogas do morro nas festas noturnas, após terem participado pela manhã, de passeatas contra a violência, de que são vítimas pelas armas do tráfico.

 

Nestas festas, delegados, professores universitários, artistas , juízes etc., juntamente com suas famílias ,  se confraternizam , fazem “networking” e traficam influência após alguns uíques e uso de drogas ilícitas. E, não são criminalizados por financiarem assim, o tráfico de drogas e armas, que matará algum dos seus nos próximos dias. Há uma importante agenda oculta, neste comportamento da sociedade  incluída, qual seja “ na noite tudo se pode e tudo se sabe...”.

 

Me fez então lembrar os versos de Thiago de Mello em tela: a tal  liberdade como pântano enganoso das bocas, na visão do poeta, se exacerba, e só os fará  acordar na  manhã seguinte, entre lençóis de cetim azul, e pontos de interrogações, tipo o que eu fiz? E quem é você? Presa a grilhões da dor da dependência, e ao choro contido do arrependimento.

 

Quantas “mentiras sinceras”  são levadas em conta, pela sociedade, afim  de esconder “ verdades inconvenientes”? Por exemplo, que o mensalão do governo tucano de   Minas Gerais em 1998, não roubou o Estado para tentar reeleger-se. Que há liberdade na Venezuela de Maduro e na Cuba dos Castros, e que não há agenda oculta no Foro de São Paulo  de Lula...

 

Concluo  sonhando sobre como seria o mundo, sob as asas da liberdade  do ideário republicano, não nas bocas , mas nos corações, qual fogo a inflamar verdades e gerar soluções para todos: acordo pedindo voto auditável , prisão em segunda estância , prisão para quem desviou dinheiro da saúde na pandemia, e o fim desta vergonhosa CPI do fim do mundo!

Tenho dito.



            José Carlos Nunes Barreto

Pós-doutor e Editor Executivo da Revista Sciencomm



 



 



 

 

sábado, 3 de julho de 2021

Namorados


Quando o homem ama uma mulher, fala muito com ela, e sobre ela; quando deixa de a amar, fala com ela sobre ele.”

Johann Goethe

 

Há poesia  no olhar. Um certo clima... De algo novo como criança. Doce como a esperança. Coração pulando a mil. Que faço para expressar  meu amor? Flores nem pensar, isso já faço sempre. Em dias especiais ,como o dia dos namorados, presentes devem ser especiais. Talvez um jantar, quem sabe uma poesia...mas, e se a  rima não for rica? E se as palavras não saírem ?

 

Hoje acordei assim: encantado com o amor. Duas vidas, um homem, uma mulher, que antes nunca se cruzaram, de repente, ao gatilho do olhar, se juntam, e para isso movem terra e mar, e passam a correr lado a lado  como “as paralelas dos pneus na água da chuva ”,descritas na poesia musicada de Belchior.Que também é romântica. Nada melhor do que chover em eventos importantes. Início de namoro, casamento, no reencontro depois da briga...É como o ungir sobre nossas cabeças, da benção do Pai das Luzes, quem sabe o prenúncio do florescer da primavera que se apresenta...

 

Namorados há que são lúdicos. Brincam o tempo todo em seu estado de graça. Casais românticos, dizem que são poucos, diz a canção, não acredito...vejo-os por toda parte. Acho sim, que são loucos, como diz a música do Chico César. Por isso, não há como seguí-los, completaria Salomão em Eclesiastes...  Faço gosto do meu amor. Porque contém tudo isso. Mesmo tantos anos depois do primeiro beijo, não conseguimos ficar longe um do outro. É a mística de Vênus. Às vezes uma paixão, tipo terremoto de sete graus na escala de Richiter, outras vezes, um gostar doce e calmo, como as águas puras e borbulhantes de uma nascente. Que, mais a frente,  será um forte , caudaloso e revolto rio.

 

Sorrio quando lembro de nossas viagens, do nosso amanhecer juntos, e, de nossos cafés da manhã aos domingos. Quer coisa pior de que uma manhã de domingo longe de casa, e/ou brigados/separados? Como bem ilustrou uma nova compositora do nosso cancioneiro popular, ao descrever o desespero da solidão de quem ama, e se vê nesta situação: “ Vou bater na tua porta, completamente  nua, quem sabe então assim, você repara em mim”. Desespero faz  parte. ” É paixão, é amor”.

 

Se você não tem um amor, arranje um. Há sempre um chinelo, que se adapta a  um pé descalço e carente, filosofava com sabedoria, meu saudoso pai. Todavia se, após muitas tentativas, nada deu certo. Relaxe. Ande na chuva. Leia poesias. Cante uma canção. Normalmente o amor chega nestas horas, e se apresenta de formas imprevisíveis, para quem está fértil e pronto. Às vezes,  aparece  numa pessoa que sempre esteve do seu lado, e que, por você ainda não estar preparado pelo “cupido”, “ nem a via  sob este olhar mágico". Ou , supremo prazer, um velho romance antigo, que não deu certo, agora  reaparece no “palco de ilusões”, para se tornar realidade. E, quando isso acontecer, siga seu coração ,que nunca deixou de ser romântico, porque, após tantos anos de seca no deserto da afeição, beberá dessa fonte, primeiramente como quem tem muita sede,sem educação nenhuma...Sôfregamente... Depois, aos poucos, saciados e completos, compartilharão a vida um do outro, ou como lembra Vinícius de Moraes: “posto que é chama, que seja imortal enquanto dure”. A partir daí, beije...muito!

E que assim seja!

 

        José Carlos Nunes Barreto

Pós-doutor e editor executivo da Revista Sciencomm