quinta-feira, 1 de abril de 2021

Cheiro de morte, uma Republicação da Desesperança.


  “Hipócritas!Ai de vós condutores cegos! Pois sois semelhantes aos sepulcros caiados”

Jesus Cristo


A semana que passou foi recheada de debates na sociedade brasileira sobre maioridade penal. No congresso e nas mídias, a inteligenttsia nacional mais uma vez dividida ,discute a conveniência ou não de se reduzir a idade de 18 para 16 anos para imputabilidade de penas , principalmente após o crime hediondo ocorrido com João Hélio. O menino de 6 anos foi morto após ficar preso no cinto de segurança em assalto no carro da família, no Rio de Janeiro. Mais histórias semelhantes, presenciamos em Udi, BH,SP, Recife... Dramas que se repetem na sociedade brasileira, envolvendo menores de 18 anos, que no caso em questão, não são só pobres favelados como seria de se esperar, e sim, gente pertencente à classe média, embora também haja ricos protagonistas, destas histórias de barbárie e banalização da vida.

Quando isso acontece, “ nossos guias”se reúnem no congresso, e nos palácios governamentais para mudarem as leis, como forma de aplacar a indignação do povo, que clama por justiça . Pedem até pena de morte, que na prisão, pelos próprios detentos de fato acontecerá, para consolo geral. Matamos mais que o Irã , a China ou Iraque em guerra. Porém com o carnaval , as pessoas vão esquecer ,e esses infanticidas , se não morrerem, logo estarão na rua, e a tal possível lei cairá no esquecimento... E assim vamos, de esquecimento em esquecimento sendo conduzidos ao precipício. Os pilotos cegos desta nave à deriva, estão preocupados em dividir o butim de dezenas de ministérios e milhares de cargos de livre provimento, além de verbas que farão o próximo escândalo(que também será esquecido) de dólares na cueca, em malas etc...A impunidade é nossa marca. A Hipocrisia também.

Estamos no centro de uma crise moral em todas as esferas da sociedade. Do dirigente partidário que ordenou a compra de um dossiê, com dinheiro sujo, passando pelo cidadão corruptor de guardas de trânsito, até ao garoto criminoso que não parou o carro porque não quis(era um boneco de Judas, responde com chocante frieza).Neste cenário, empresas de telefonia fazem contratos de fidelização em massa, sem  terem condição estrutural de atender a todos clientes( Termos de ajuste de conduta do Ministério público, e o PROCOM multando ,e estes são lampejos de cidadania).Empresas aéreas vendem passagens demais, aproveitando o caos operacional dos controladores de vôos. Escolas particulares de ensino superior fingem ensinar , e tratam mal alunos e professores(Há honrosas exceções ).

Nossa elite está perdida. Sem foco. Sem visão . Sem outra estratégia, a não ser levar vantagem em tudo. A famosa Lei de Gerson- que ensina furar fila de vacina, para usar um exemplo atual. Ou seja, o ganha –perde: Para ela ganhar todos temos de perder. Numa era em que a motivação só acontece no sistema ganha –ganha. Em que as pessoas são chamadas de Capital Humano. E o antigo RH virou Talentos Humanos.

É triste. Como educador e consultor, ministrando conhecimento, nunca as ferramentas da qualidade foram tão requisitadas, para inovação e criatividade, como agora. Todavia, quem nunca nos procura, é exatamente quem mais precisa: o poder público. A cegueira desse pessoal, pode levar Minas Gerais a outra derrama. E o País ao enfarte.

José Carlos Nunes Barreto

Pós- doutor e sócio da Debatef Consultoria

 

 


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