segunda-feira, 15 de junho de 2020

O Mito do Empreendedor no Brasil , Uma Live...

"O mito é uma fala, um relato ou uma narrativa dramática, cujo tema central é a explicação do mundo dos homens, das técnicas, dos deuses, das relações- uma forma de conhecimento" Marilena Chauí


Tive o prazer de ser convidado ,pela Faculdade de Gestão Woli(FGW) para participar de uma live,  com o título em tela, e fui.  Ao me preparar, li resenhas do best seller " A jornada do Herói"de joseph Campbell e do livro de Michael  Gerber " o Mito do empreendedor", em comum acordo  com o professor Welson Barbosa- empreendedor de sucesso,e a professora Sebastiana Gomes, coordenadora da pós graduação e extensão da FGW e mediadora.

O objetivo foi jogar luz sobre, porque muitas empresas não conseguem prosperar, em função da cabeça de seus donos, que apesar de entenderem as questões técnicas de seus negócios, pois são especialistas, não entendem de negócios ,e sequer tem expertises de administradores. Daí o resultado quase sempre ser um desastre, pois 40%fecham as portas no final do primeiro ano de operação, e  em 5 anos, 80% estarão falidas segundo pesquisa do autor americano, com mais de 1 milhão de americanos,relatada por Gerber em seu livro. Tal fato,  que não é muito diferente no Brasil, segundo informa o SEBRAE, em um estudo completo realizado com 2800 empresas no estado de SP, abertas entre 2007 e 2011:24,4% fecharam nos primeiros 2 anos e 50% com até 4 anos, cerca de 70% em até 5 anos.

O que ficou nestes empreendedores foi mágoa, tristeza e um prejuízo médio de 57 456,00 reais de recursos próprios, ou de familiares em sua maioria(88%).Quando se multiplica este número por centenas de milhares de empresas que fecham, temos um número impressionante de riqueza perdida- alguns bilhões(R$57.456,00x 100.000 = R$5.745.600.000,00)pela sociedade brasileira,  ano após ano.

Resolvemos comparar o empreendedor à um herói, com justa razão. E , no livro " A jornada do Herói", Campbell, destaca que  nos 12 passos do herói, em direção à sua missão, no quarto passo, o mesmo encontra o mentor, e, após esse evento , o mesmo consegue seguir seu caminho até o total empoderamento, o qual utiliza no seu retorno, para cumprir sua missão na terra de onde partiu.  Seu propósito é cumprido, ajudando seu povo, trazendo iluminação e resultados positivos para suas demandas.

Imperioso seguir  o texto de Campbell, quando compara a jornada de alguns heróis da bíblia, como Moisés, Jonas e o próprio Cristo,com as histórias de Prometeu, Osiris e  Buda ...onde todos seguem este mesmo paradigma. Cristo por exemplo teve como mentor o próprio Deus, e o Espírito Santo, durante os quarenta dias e quarenta noites do deserto, em que foi tentado  até a deixar de cumprir sua missão, em troca do poder e riqueza deste mundo, mas , com ajuda do mentor, venceu as tentações, e realizou seu desafio na cruz do calvário...

Então pergunto: porque nossos empreendedores desprezam a visão e a destra forte de uma mentoria, que pode estar numa consultoria, ou numa rede de professores em faculdades, ou num sábio qualquer, onde os mesmos poderiam se ancorar e performar, porque, de novo indago...

Um consultor experiente pode diagnosticar, e propor um plano de ação preventivo, antes que se feche uma empresa,com as principais causas que poderiam leva-la à este resultado catastrófico: a falta de planejamento prévio, a falta de conhecimento do negócio, e falta de estudar o mercado e clientes, além do comportamento muitas vezes perdulário do gestor, uma vez que somente 3% deles são de fato empreendedores, administradores e especialistas ao mesmo tempo, numa só pessoa, segundo Gerber. A esmagadora  maioria ,tem em si 70% de técnico ou especialista, 20 % de administrador e somente 10% de empreendedor, que entende de negócios.

 Por isso a necessidade de mentoria, de escolas de negócios, e de ajuda de entidades como SEBRAE, associação de lojistas, Associação de indústrias , Federações de indústria e comércio, porque se perdem bilhões por ano - não só no Brasil,   onde em torno de 70% dos gestores, segundo o estudo do SEBRAE , acima citado, sequer procuram estas entidades, e salta à vista a falta de políticas públicas, para evitar tal descalabro, com tantos recursos e vidas desperdiçadas.

Foi um bom momento poder compartilhar esta visão com a sociedade, e lembrar que, qualquer um pode ser empreendedor na empresa onde trabalha, ou em sua própria carreira. Me permitam falar de minha experiência, pois fiz as duas coisas , com relativo sucesso:fiz carreira na Academia , e empreendi em uma pequena  empresa de consultoria, no mercado há 31 anos, cujos resultados me ajudaram a formar os filhos,e adquirir algum patrimônio. Sim,muitos trabalhadores  investem ou na carreira e ou na empresa onde trabalham,  conseguindo tanto ou mais dinheiro e sucesso, sem entrar na estatística de causa mortis de empresas jovens, nem amargar prejuízos e amarguras da falência.

             José Carlos Nunes Barreto
Pós- Doutor e Sócio da DEBATEF Consultoria

Nenhum comentário:

Postar um comentário