" Não matarás"- Moisés no decálogo do antigo testamento
Escrevo agora sobre o assunto, alguns meses depois de perder uma amiga e orientada de mestrado, assassinada a facadas em Paracatu MG, por um ex - namorado que não aceitou o fim do relacionamento. Esta ex-aluna brilhante, professora de pós graduação nos meus cursos de pós lato sensu, era coach, além de membro atuante de igreja evangélica , onde exercia sua fé. E é neste ponto crucial que quero tocar. Uma ferida aberta, dentro de uma congregação, por pastores , quem sabe mal preparados para um evento psicológico desta monta( advogo tese que todo pastor deveria estudar psicologia, e/ou ser assessorado formalmente por psicólogos), e que exerciam poder sobre uma lista de watzap, que expulsou o elemento, dito cristão do grupo, de forma abrupta e não consensada, e sem a mediação de psicólogos.
Segundo relatos de pessoas envolvidas, isso gerou fúria no mesmo, e, a partir deste descontentamento inicial, somado ao stress do desatamento do casal, infelizmente desembocou nesta tragédia, com outro morto, o pai do pastor, e vários feridos, quando o infeliz atirou contra pessoas na nave da igreja, após assassinar a professora em casa, finalmente foi ferido pela polícia, ao desarmá-lo.O pastor, alvo principal do desiquilibrado, fugiu pulando um muro, mas a morte já havia ceifado pessoas queridas e ferido outras. A principal observação que faço é que, por se tratar de uma igreja, o crime toma um viés assustador: não se percebeu o risco com o crescer do problema !
A falta de empatia grassa, em lugares que deveriam primar pela graça e paz...Não vejo preparo psicológico em muitos casais de pastores, nem vida de oração e integridade, para aconselhamento de casais.O que não os impedem de fazê-lo, com prejuízos muitas vezes irreparáveis, como parece ser o caso. Ao juntar a isso, à onda de feminicídio no mundo, principalmente no Brasil , que está entre os principais países a matar mulheres no mundo, temos o caldo de cultura que nos mostra o tamanho do desastre acontecido.
Tenho filhas e netas, e esta aluna era uma filha do saber, pois atuávamos na mesma área. Heloísa Vieira Andrade, a quem homenageio postumamente, era pessoa que amava ser empática e ajudou milhares de alunos e organizações...E este triste evento, acendeu uma luz amarela. que me impôs o desafio de lutar pelas mulheres de minha família, de tal forma que além delas, todas amigas, alunas e o universo feminino seja aquinhoado com o mesmo salário dos homens, mesmas oportunidades profissionais, em quantidade e qualidade, e tenham também, principalmente o direito de escolher terminar uma relação tóxica, sem perder a vida. E este não poderá mais ser um trade off: o casamento ou a vida, como hoje é , em muitos casos, o que explica o feminicídio. Somente pais e mães, que escutam e ajudam suas filhas,nessa situação de risco sabem a luta que é, salvá-las vivas ou com sequelas, de verdadeiros demônios que se apossam de suas vidas, e famílias. Oremos por nossas filhas e netas, e apoiemos agendas, que não são de direita nem de esquerda, mas de vida, que somente buscam a felicidade de suas meninas, ao manter suas vidas íntegras, e protegidas da insanidade de um machismo doentio.
Quanto a nós homens, e também mulheres que chefiamos famílias, devemos entender que a mudança essencial é nos valores, dos meninos que, criados por nós, tem que ser moldados desde pequenos, a respeitar as mulheres, a começar pelas avós, mães, e irmãs, para que mal algum lhes suceda, de tal forma que se tornem protetores das mesmas , via de consequência, também de todas mulheres da sociedade, ao invés de algozes, como estamos a presenciar nesta dura e hodierna jornada ora vivida.
Que assim seja!
José Carlos Nunes Barreto
Pós - doutor e diretor da DEBATEF Consultoria
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