terça-feira, 18 de junho de 2019

Pela Nova Previdência- Uma Opinião

"Previdência é prever, planejar contra os infortúnios (adversidades) da vida.
Imprevidência é a concretização dos infortúnios sem estar preparado(a).
Por isso, é importante você se planejar financeiramente para os imprevistos da vida, pois, desse modo, estará protegendo as pessoas que você mais ama, inclusive, você mesmo."
Rodrigo Chung

Este artigo apenas procura mostrar a posição de um contribuinte aposentado, e ,que trabalhou( e ainda trabalha) há mais de  50 anos, e vê indignado, os amigos do Rei deverem 500 bilhões de reais à previdência, sem serem cobrados, e, agora gastarmos horas acompanhando pela TV, a comissão CCJ da câmara do congresso nacional ,responsável pela admissibilidade da reforma da previdência- enviada pelo governo Bolsonaro, tentar costurar a "reforma da Previdência". Isto, após sofrer ataques hipócritas da oposição , e das corporações de funcionários públicos, que não querem mudanças- construiu-se um relatório, que modifica a proposta inicial, retirando do texto a desconstitucionalização, e o arcabouço de recursos da nova previdência, com capitalização por parte dos participantes, um dos itens que dariam potência fiscal de 1,3 trilhões em 10 anos ,e  possibilitaria o abandono, do sistema de repartição - em que os mais novos, bancam a futura previdência dos idosos.

Este insucesso parcial se deu, por não haver por parte da proposta enviada, fundamentos em números,  para dizer quanto custaria essa transição do sistema antigo para o novo, quanto de recursos do sistema em voga, seriam retirados para estabelecimento do que chega, fato que gerou incerteza por parte de congressistas, até mesmo de apoiadores. Não houve consenso no Congresso, quanto a isso,  nem na sociedade... Fora os  demais pontos, como o BPC - Benefício de Prestação Continuada- e a aposentadoria rural, que  ficaram como "antes no céu de Abrantes". Sem falar ainda que, muitos contribuintes, prestes a se aposentar no status legal vigente, por exemplo, em virtude uma diferença de dois anos e 10 dias, terão de trabalhar  mais quatro anos , e outros, por questão de alguns meses, deverão ficar muito mais tempo, em  dura regra de transição de mais de   100%, suprema injustiça, penalizando, mais uma vez, quem trabalhou a vida inteira, e, quando pronto a finalizar sua jornada laboral, é , compulsoriamente instado a dar uma contribuição com sacrifício, para que a economia não desmorone sobre nossas cabeças, ancorada agora, pela potência fiscal angariada,  próxima de 1 trilhão de reais em 10 anos.

 Para coroar o imbróglio, o ministro Guedes, atacou o texto do relator, gerando uma crise desnecessária com o Congresso, nesta quadra complicada...Infere-se que este governo precisa aprender a negociar , o que não quer dizer, sob hipótese nenhuma, ceder à  ilicitude, ou apostar na falta de integridade que grassa.
Sou defensor da capitalização para atender às novas gerações, pois ali em 2030, teremos muito mais avôs na praça, que netinhos para bancá-los, e só esta mudança estrutural vai resolver o problema...Como no livro de Gianetti," O Valor do Amanhã", fica claro existir um horizonte de prosperidade, experimentado por pessoas e países como o Chile, por exemplo, baseado em juros compostos sobre ativos financeiros poupados, e que trabalham para  quem os aplica, no caso  , o futuro segurado.

No Brasil, o povo durante a maturidade, no entanto, deixa de fazer isso, mas não abdica de jogar sua "fézinha" na loteria esportiva, e de maneira massiva (centenas de milhões de reais toda semana) , gerando fortunas para o banco  Caixa Econômica e suas lotéricas, favorecendo uma concentração de renda absurda, para poucos ganhadores, além de , como tantas vezes presenciamos, ocasionar má gestão e desvios de numerários,  que poderiam servir de sustento e garantias de futuro tranquilo, para velhinhos poupadores, que não se comportassem como cigarras límbicas -  que só pensam no aqui e agora, da falta de planejamento e perspectivas.

O plenário da câmara, ainda pode mudar este texto da PEC 06/2019, aguardemos... que o faça para melhor, e o quanto antes, pois a economia do País, já está à beira do abismo, com a  recessão que ameaçadoramente se avizinha.
Que Deus nos ajude!

                        José Carlos Nunes Barreto
Pós doutor e Sócio diretor da DEBATEF Consultoria

sábado, 15 de junho de 2019

Concordo com o Estadão

Em editorial de hoje, o Jornal Estadão - da velha mídia, e de quem tantas vezes discordei,  afirma corretamente em editorial , que há desinformação , ( não acredito ainda em má fé), no ministério da educação do governo Bolsonaro, que ajudei a eleger. A escalada de críticas de  seus apoiadores, desfavoráveis à universidade pública, tem sido crescente e virulenta, principalmente visando a área de ciência e tecnologia, que forma mestres,  doutores, e pós doutores, responsáveis por mais de 90% das pesquisas realizadas em solo brasileiro, com dinheiro público. Segundo o editorial, que cita a base Web of Science e  a Clarivate Analytics- empresa especializada em pesquisas acadêmicas e registro de patentes - não se pode afirmar que as referidas IES sejam improdutivas, haja vista que, das 50 instituições que publicaram mais trabalhos científicos no Brasil,nos últimos 5 anos, 36 são universidades federais, 7 são estaduais,e apenas uma é particular. As  instituições restantes- Embrapa,Fiocruz, Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas,Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, são também públicas. Como não reconhecer tão relevantes serviços prestados à Nação, por Pesquisadores e Instituições públicas de ensino , ciência e tecnologia públicas, indago...

terça-feira, 4 de junho de 2019

Um Pacto Para O Brasil

"O Covarde nunca tenta, o fracassado nunca termina, o vencedor nunca desiste" (Norman Vincent)

Peço vênia a meus leitores , pois  estou fazendo uma  releitura deste artigo, publicado originalmente, em15-02-2006, no Jornal O Correio , com o título "A Terra é Plana" : Acredito na eficácia dos pactos...A propósito do encontro do presidente  Bolsonaro, com os chefes do judiciário e do legislativo nacionais, visando a governabilidade da Nação em tempos tão bicudos... O Pacto de Moncloa, por exemplo,  selou o destino de desenvolvimento econômico e social da Espanha, após as trevas do franquismo.

Nas guerras, a estratégia dos pactos de não agressão, faz a diferença entre a vitória ou não em batalhas. A sociedade brasileira, tem construído pactos em momentos críticos, ao longo de sua história... Somos um povo, que termina longos ciclos com costuras de tréguas, entre facções políticas. Foi assim, na Proclamação da República, na edição da Lei áurea, no final da ditadura,  no fim do período inflacionário,  nos empeachments presidenciais de Collor e Dilma. Pois estamos no limiar de um ciclo nada favorável ,com a edição de mais uma década perdida, (a década de 80 já era conhecida como tal), com crescimento médio anual de 0,6%, aliado à triste banalização da vida, com mais de 60 mil mortes/ano por assassinato, e outras cerca de  40 mil por acidentes nas estradas, além do que, 75 por cento dos cidadãos brasileiros, não conseguem ler e entender uma notícia de jornal, em plena era da indústria 4.0, e de startaps.

Apesar disso, o País continua entre os PIBs top tens do mundo, o que caracteriza uma grande pergunta- exclamação, tipo como pode isso acontecer!! pois continuamos nos últimos lugares em escrita e matemática nos testes PISA, entre 70 países pesquisados pela  OCDE, e , portanto um dos pactos, que urgentemente precisamos fazer, é na Educação, muito mais urgente que este pacto político, ora observado, e comandado pelo recém eleito líder nacional.

O termo "brasilinização",cunhado por Michael Lind no livro " The Next American Nation", infelizmente, significa hoje no planeta, o aumento da lacuna entre ricos e pobres, e o auto - isolamento dos ricos, em bolhas, com bairros fechados, caras  escolas privadas, sistemas de segurança up to date, e caríssimos sistemas privados de saúde. Que outro pacto é este, que abarca tantos temas, que nos são tão caros, indago...Claro que desta vez, será em torno da real valorização do ser humano ,o grande capital  social deste imenso País.

 Bolsonaro é a  liderança nova, que está apresentando propostas estruturantes para 5 dezenas de milhões  de desempregados , sub empregados, e dos que recebem migalhas do governo, quase duas argentinas... Haverá resultados surpreendentes na economia, acredito, quando se otimiza o uso do dinheiro público,  se tira o País do buraco negro fiscal, e, portanto se muda este estado da arte, evitando -se que a máquina pública, absurdamente, continue  se transformar no maior absorvedor de recursos, que deveriam estar na sociedade, que é a legítima dona dos mesmos.

Um Pacto fiscal, portanto, é necessário, ao lado do da educação, e, ouso pedir mais um, ainda  mais alto: um pacto de integridade nacional, no âmbito público e no privado, para se fazer só  coisas certas, e com possibilidade de criarmos, assim,um ciclo virtuoso que nos eleve a  patamares generosos de qualidade de vida, e crescimento econômico.
Que Deus nos ajude!

             José Carlos Nunes Barreto
Pós Doutor e sócio diretor da DEBATEF Consultoria






















domingo, 2 de junho de 2019

As Trocas Intertemporais

"Amanhã será um lindo dia, da mais louca alegria / Que se possa imaginar, amanhã redobrada força/Pra cima que não cessa, há de vingar" [Guilherme Arantes]


O valor do amanhã. Este é o livro de Eduardo Gianneti, relido por mim agora, e que povoa minhas reflexões. Normalmente leio literatura técnica, notadamente temas relacionados à gestão da qualidade/ambiental/segurança, e consequentemente gestão de pessoas, meus prediletos. Porém investi nesta releitura, que é um ensaio sobre a natureza dos juros, após um estudo que me seduziu, porque faz uma abordagem transversal do assunto, envolvendo além da economia, biologia, comportamento-psicologia, crenças- religião, chegando à medicina.

A morte é explicada pelo autor, do ponto de vista biológico, como o fim da nossa participação como coadjuvantes, em nossos quinze minutos de glória, quando somos obrigados a nos retirar definitivamente da ribalta ( segundo o autor, a religião cobra um alto preço pela crença na continuidade da vida após a morte), dando lugar aos atores principais: as células germinativas, que são as atrizes principais no espetáculo da vida. Elas, por não estarem sujeitas ao envelhecimento, não descolorirão,como na música "Aquarela" cantada por Toquinho. "Serão capazes, de se reproduzir indefinitivamente, desde que o ambiente ajude. O soma ( corpo em grego) desaparece do mundo, com seu dono. Os germens - guardiães do DNA replicante-pulam fora, e seguem viagem: a finitude biológica é o juro que se paga à contribuição milionária do sexo, como reembaralhador assíduo do carteado genético".

O que melhora as espécies, indago...Desfrutar o momento, ou cuidar do amanhã, novamente pergunto...Usufruir agora pagar depois, ou pagar agora e usufruir depois, pergunta Gianneti. Com algumas lições de anatomia, ele nos ajuda a responder: o cérebro humano é formado por circuitos modulares, que não estão perfeitamente integrados- o sistema límbico e o córtex pré - frontal. O  primeiro, representa a gratificação imediata: a cigarra do aqui e agora. O segundo representa a formiga, que pondera os prós e contras , e, poupa para o amanhã.

Há uma lei-pedra, neste caminho. Antecipar custa, retardar rende - é o conceito de juros. Que são as trocas intertemporais, aplicadas à economia. No usufruir agora, pagar depois, o benefício é antecipado no tempo, e os custos chegam depois. Já no pagar agora, usufruir depois, os custos precedem os benefícios, por isso há o desconto. Portanto, juro é o que se paga por antecipar, e o que se ganha por diferir(adiar) , um benefício.

Um chocolate agora, ou daqui a 20 minutos, pergunto...Este teste, foi realizado com crianças de várias idades, e se descobriu que , somente a partir dos 5 anos, elas conseguem adiar a gratificação, e , esperar para ganhar mais.  Esta reflexão, nos leva a alguns autores, que tem mostrado o Brasil, como um País que tem vocação para o desenvolvimento ,mas não para a pupança. Somos cigarras límbicas...

 Antecipamos os benefícios, e, constantemente chegamos ao endividamento, seja no FMI, seja nas Casas Bahia. Não planejamos, como as formigas pré- frontais anglo- saxônicas, nipônicas e germânicas, por isso pagamos um preço histórico:a dependência econômica e cultural. O boicote do amanhã...Todavia , este já é um tema para a próxima crônica, quando aplicaremos esta  teoria na reforma da previdência, tudo a ver...Até lá.

                                José Carlos Nunes Barreto
             Pós- Doutor e Sócio diretor da DEBATEF Consultoria

sábado, 1 de junho de 2019

Construindo Catedrais

"We all live in yellow submarine/Yellow submarine"(Todos vivemos em um submarino amarelo)-
- Lennon/MacCartney

Uma grande cultura se faz aos poucos.Com educação do povo, exemplos e paradigmas. Não se constrói o futuro, sem valores e crenças. Os japoneses, por exemplo,elegeram o Kaizen: algo difícil de traduzir, assim como nossa palavra saudade no português. Para eles é como se  disséssemos- hoje estou melhor que ontem. Amanhã estarei melhor que hoje.

 Em todos os sentidos possíveis e  imagináveis da existência, há um trabalho constante, voluntário para evoluir- um eterno autolapidar-se. E o resultado disso, indago:A vida flui melhor. Tal qual rio que sempre volta ao seu leito depois da enchente...Ou mar encapelado, que após a tormenta , volta a ter ondas normais...Um inverno com promessa de flores e frutos. Nosso olhar sobre as situações não ficará assim mais superficial, nem cosmético.

Com esta filosofia aprendemos que cada tijolo(ação), é a unidade  que compõe uma coluna( família), ou uma parede( comunidade) E elas darão forma, a medida que o projeto avança, a uma grande catedral- a nossa sociedade. Daí a importância do exemplo e liderança de professores, gestores, formadores de opinião, e políticos. É  necessário, por isso, que o dinheiro público seja gasto com parcimônia e transparência, elegendo prioridades , e nomeando competentes gestores para execução dos projetos,a fim de dizer à sociedade, onde cada centavo foi gasto.

Se utilizarmos o velho e bom Pareto, após escutar a população, o resultado deveria ser, utilizar o dinheiro público, para financiar  principalmente a segurança , a saúde e a educação. E essa educação tem de ser de qualidade, porque formata cidadãos conscientes e preparados. Que não votariam em qualquer um. E saberiam que pagam caro por seus impostos, para que os políticos os governem, e administrem bem os recursos escassos, provenientes do erário, além de permitir que a justiça puna os corruptos e corruptores, de forma a não favorecer  desavidados a fazerem os malfeitos, caraterizados por mensalinhos, mensalões , petrolões e JBSs, de tristes memória.

 Estariam construídas , assim, belas catedrais para a história...nossos submarinos amarelos.

             José  Carlos Nunes Barreto
Pós doutor e sócio diretor da DEBATEF Consultoria