domingo, 23 de setembro de 2018

Do morro do Caramujo para o Liceu Nilo Peçanha

" O morro não tem vez/ E o que ele fez/ já foi demais/Mas olhem bem vcs/ quando derem vez ao morro / toda cidade vai cantar" Cancioneiro popular

A importância da educação gratuita e pública, por meritocracia,  escancarada fica, nesta jornada própria ,que, peço vênia para analisar com o leitor, que me dá a honra da leitura.

Tive a sorte de nunca precisar pagar escola , do pré  da dona flor até o Pós doutorado na UFU, passando pela USP- na época entre as melhores universidades do mundo. E isto hoje, é um luxo sem medida, já que um projeto lesa pátria há , pelo menos 3 décadas, tem destruído a escola pública e desmoralizado a carreira de professores, levando a escola pública para um sumidouro, que só dá chance ao projeto da escola paga, com ações na bolsa e tudo. Ocasião em que cada aluno vira um código de barra,e que, o que menos importa é se ele aprendeu ou não. Hoje somente 25 % de alunos do curso superior estudam em escolas públicas...

  .
Relembro os deveres de casa sendo realizados, e a exigência de altas médias para passar de ano no Liceu: escola pública de qualidade, com professores de qualidade e estrutura de laboratórios profissionalizada e eficaz .Naquela época, muita gente não passava no exame de admissão ao ginásio( e já existiam escolas pagas todavia com ensino  inferior  ).


O antigo Ginásio, preparava o alunado para os 4 últimos anos do ensino fundamental( são 9 anos) , vindo em seguida o científico de engenharia( 3 anos do ensino médio), que era a base para os cursos de engenharia, no meu caso. Mas existiam ainda, como opções para o ensino médio, o clássico , que era  para futuros advogados, professores, filósofos etc...além do científico de medicina, odontologia e demais áreas da saúde.

Caramujo era na periferia de Niterói, aliás ainda é. E, para se ter idéia de sua desimportância, construíram um aterro sanitário bem próximo do lugar. E as aulas começavam às sete horas da manhã, após a formatura da turma no pátio. Nós vínhamos de Ônibus, cuja viagem durava 1hora,  nossa mãe nos acordava as 5,30 da manhã. Quando chovia, o ônibus atolava e  atrasava, e como o portão fechava religiosamente às 6 e 50, éramos obrigados a pular o alto muro da escola, para pegar a fila, antes da entrada do professor na sala de aula, pois absolutamente não era permitido entrar  depois que o ele iniciasse seu trabalho. Este professor trabalhava de terno e grata, e ganhava muito bem, ouvia-se...era muito respeitado, a tal ponto que todos levantávamos ,quando entrava na sala de aula, a exemplo que hoje vemos,   nos filmes americanos, quando entra um magistrado, nas cortes de julgamento.

Existe atualmente uma confraria da elite que comanda a cidade de Niterói e o estado do Rio, formada por egressos do Liceu Nilo Peçanha, e que várias vezes socorreu a infraestrutura da escola. Essas pessoas bem formadas ,são um exemplo do bem que faz uma educação de qualidade  para o povo, o que me faz concordar com o poeta popular em tela : quando o morro tem vez, a cidade canta, pois o mesmo não exporta traficantes, nem ladrões e assassinos, e sim professores , advogados médicos e doutores.

José Carlos  Nunes Barreto
Pós - doutor e sócio diretor da DEBATEF Consultoria

Nenhum comentário:

Postar um comentário