segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Museu do amanhã com educação de ontem


“Se  achas caro o preço da educação, é porque ainda não paraste para  medir o preço que a Nação paga pela ignorância”(adaptado)


De férias no Rio de Janeiro , eu e  família, fomos conhecer o museu supra citado, que é o novo e reluzente  astro do turismo do conhecimento no Brasil. Louvo a iniciativa , necessária para esta e   futuras gerações, ainda mais porque uma visita deste quilate  é uma multi-aula de astronomia, geografia, biologia, antropologia, filosofia, português , matemática , informática , robótica e automação...ufa! Lá pude calcular , a partir das perguntas de um robô sobre meu estilo de vida, qual é minha pegada ecológica (1,14) , ou seja quantos planetas nós  precisaríamos ter ,se todos humanos adotassem meu modo de extrair recursos da Terra. Como veem estou demandando 0,14 planeta a mais. E não é fácil mudar , o que faz com que este seja um agradável momento de reflexão, em meio às belezas naturais de um cartão postal como o Rio. E não foi só isso a me fazer pensar. Grandes painéis multimídia lançam questões, ainda não respondidas sobre o uso de energia e inovação, automação e robótica, e tudo  tem a ver com a quarta revolução industrial em curso, que tomará 60% dos empregos dos brasileiros nos próximos anos, por não terem o conhecimento de matemática e português, e não dominarem as habilidades e competências fundamentais para entender bem o que leem neste museu. O motivo é  não estarem preparados por nossas escolas, que  ainda ensinam como no século 19.

Infelizmente não tenho boas notícias para o cidadão comum que perdeu seu emprego, após as irresponsabilidades sociais da  era Lula. As condições não vão melhorar nem em 2017 nem depois. Os postos de trabalho vão demorar a voltar. Obama levou 5 anos para fazer isso nos EUA, e quando lá em 2013 os mesmos voltaram, as exigências já eram muito maiores, em termos de escolaridade e preparo, fazendo com que muitos do lumpesinato permanecessem sob eterno desemprego,  a depender das bolsas – família da vida. Triste né?-mas o mesmo acontece na França , Reino Unido ,ásia e américa latina.- e em todas as partes do mundo.

A China corre contra o tempo  para educar e  preparar seus cidadãos, haja vista que 80 % dos seus empregos serão extinguidos nas próximas décadas com o advento da automação e da internet das coisas na área da indústria e dos serviços. Lá existe o senso de urgência, e então movem céus e terra, para adequar sua educação aos novos requisitos exigidos pela quarta revolução.

Infelizmente não vejo este agir aqui no Brasil, a não ser em espasmos como o do governo Temer, ao procurar reformar   nosso vergonhoso ensino fundamental e básico, cujos indicadores do exame Pisa, da OCDE, estão a piorar. Estas notas colocam o brasil na rabeira do conhecimento, ao lado de países africanos em Guerra. Falei guerra? Só nossos governantes não perceberam ainda, que a guerra entre facções de organizações criminosas (algumas são políticas), aí está. Matamos mais que na guerra da  Síria em 5 anos. E nossas baixas  acontecem no dia a dia deste cidadão comum, que além do emprego, educação e saúde, também perde a vida.

Concluindo, só com educação de qualidade nossa sociedade poderá responder as questões formuladas no “Museu do Amanhã”. Para isso nossa juventude necessita estar  em boas  escolas, ao invés de bons presídios. Que Deus nos ajude!

José Carlos Nunes Barreto

Professor Doutor e Presidente da Academia de Letras de Udia(ALU)

debatef@debatef.com

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Primavera brasileira?só que não


Meses atrás este escriba saudava com o artigo abaixo, a posse da ministra Carmem Lúcia como presidente do STF.Hoje ,após a morte do ministro Teori, sua presença é saudada nas redes sociais como uma das poucas esperanças da sociedade para a preservação dos avanços da operação "Lava Jato". Relendo este arrazoado, poderemos contribuir para o debate.

“Aos juristas: teu dever é lutar pelo direito. Mas no dia em que encontrares o direito em conflito com a justiça, lute pela justiça.” Eduardo Coleture.
Vivemos momentos que poderão ser lembrados como redentores, nos corredores da história. Toma posse a segunda mulher na presidência da mais alta corte do País. Seus pareceres e decisões no plenário, sempre serviram como contraponto aos extremos do espectro político, e uma âncora para turbulências em julgamentos históricos, como o do mensalão.
Austera, primeiro cumprimentou o povo brasileiro, a quem, segundo suas palavras, se subordina o STF, quebrando um rígido protocolo- só depois dirigiu suas honras ao presidente da república e demais autoridades. Cancelou a festa, e fez uma cerimônia enxuta, marcando, dessa forma, o novo tempo que estaremos vivendo sob sua liderança num discurso claro e amparado por substanciais citações, deixa antever sua densa formação cultural e seu respeito pela cultura e pelas artes, a começar pelo Hino Nacional cantado por Caetano Veloso. Cuidadosa, revelou sua mineirice através de Guimarães Rosa: “A natureza da gente não cabe em nenhuma certeza”… Lembrou a dureza do cargo com um verso de Drummond: vivemos “em tempos de tumulto escrito em pedra” – juíza sofre o cargo, não o usufrui, como alertou a ela José Aparecido de Oliveira, ao chegar ao tribunal.
Que bom ouvir de Sua Excelência que o homem é a matéria prima dos juízes, sua vida, sua morte, seus sonhos, e, que a cidadania exige mudanças no judiciário, mudanças para que processos tenham fim, e atendam a tempo o povo, a quem deve servir.
Estamos em uma travessia, e Constituição não é utopia…, continuou Carmem Lúcia – Justiça é “sentimento a ser respeitado pelo juiz, não é milagre, jurisdição não é mistério, moralidade, impessoalidade são cláusulas pétreas fundamentais para uma sociedade livre justa e solidária. O cidadão não está satisfeito com o Judiciário. O juiz também não. De qual ordem tudo está fora? Há que se fazer travessia de tempos tormentosos para tempos de alguma calmaria. A inaceitação do injusto é a máxima que através dos tempos comove e constrói a nação a partir da constituição cidadã – toda fome dói – principalmente a de justiça”. Sábias palavras.
Tantas vezes neste espaço critiquei o STF. Toda vez que procrastinou, ou quando tumultuou o relacionamento entre poderes… todavia, nunca deixei de elogiar momentos dignos de moldura, como o voto do ex-decano Antônio Cesar Peluzo ,na ação em que condenou os mensaleiros, e agora na posse de Carmem Lúcia , a fala de boas vindas do atual decano, Celso de Mello, que lavou a alma da Nação quando lembrou, Ulisses Guimarães, ao entregar a Constituição de 1988 ao povo brasileiro: ”cabe ao gestor público não roubar e não deixar roubar”- singelo libelo de sabedoria , endereçado aos políticos envolvidos na Lava Jato, muitos deles presentes ao evento.
Democracia não é só votar de 2 em 2 anos… Também é escolher bem os legisladores e gestores públicos, fiscalizar as instituições, e, para isso necessário se faz, manter a ordem e a paz social, ao promover a justiça, combatendo a corrupção- missões do STF.
Concluo, certo de que o momento vivido é glorioso para a Nação, e faço minhas as frases desta ilustre juíza, quando diz, quase numa prece: “Que nossa pátria, possa ser mãe gentil, não só para elite, mas para todo povo brasileiro”!
José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e presidente da Academia de Letras de Uberlândia(ALU)
debatef@debatef.com

domingo, 22 de janeiro de 2017

Morte de Teori e o futuro da Lava Jato





Como todo brasileiro estou, aflito com esta situação.Também acho que a probabilidade de haver acidente é de 1 para 1 milhão , enquanto a possibilidade de haverem assassinado o juiz , a meu ver é de 300 000 para um milhão(muito maior) , haja vista as quadrilhas no poder e fora dele, prejudicadas  pelo seu trabalho sério  e competente.
A sociedade nunca mais será a mesma após o ano de 2016- que não terminará nunca , como foram 1968 e 2001.Estaremos atentos nas redes sociais aos jogos de interesse dentro do STF, Já partidarizado, pelas Organizações criminosas  dentro dos partidos políticos
Acredito que uma juíza que ouve as ruas e aplica adequadamente a lei , como Carmem Lúcia, deverá homologar as delações, e evitar que um investigado na cadeira de presidente da republica, se apodere da Lava jato- o que incendiaria o País.
Trapaça do Destino, ou "mano de Dios"?

O tempo dirá...Quem viver verá.

O capital


O capital

por Ponto de Vista –Jornal Correio de Uberlândia


Ano passado 62 bilionários  detinham o mesmo capital que 50% da humanidade, este ano, janeiro de 2017, o número de bilionários com este poder baixou para 8 pessoas. A concentração de renda, no âmbito mundial e principalmente aqui- onde é ainda maior-  virou tema no encontro do Forum econômico Mundial em Davos, e é uma ameaça à democracia no mundo. Pikety , estudou durante 15 anos o assunto, e foi um profeta , como mostramos  abaixo, ao falar sobre seu livro “O Capital”.



  • As pessoas costumam afirmar que os economistas são arrogantes. Falam uma língua diferente, o economês, e têm linhas de pensamento conflitantes que, quando contrariadas pelos fatos, não são revistas pelos autores e seguidores. O tema de nossa reflexão, hoje, é baseado em uma leitura que fiz nas férias e que julgo indispensável neste começo de século: “O Capital no século XXI” de Tomas Piketty – que não é arrogante nem tem um discurso de economês, pelo contrário, é elegante, possui um suave trato com as palavras e apresenta competentes pesquisas sobre desigualdade de riqueza e renda que inovam e impactarão o cenário da economia política no século 21, tanto quanto Marx no século 20, daí, o sucesso editorial jamais visto em um livro de economia.
    A principal força desestabilizadora da distribuição de renda é o fato de a taxa de rendimento do capital privado ser muito mais elevada do que o crescimento dos salários e da produção e, se nada for feito, algo acontecerá de muito grave e revolucionário, envolvendo o despertar das massas prejudicadas. O trabalho é conclusivo ao comparar as desigualdades de renda e capital no tempo e no espaço, ao redor do mundo, utilizando o Coeficiente de Gini (indicador sintético de desigualdade que varia de 0 a 1 – quanto mais próximo de 1 pior). Em 2010, este índice era 0,36 na Europa, 0,49 nos Estados Unidos, e 0,19 nos países escandinavos – O PNUD órgão da ONU avaliou o Brasil em 0,56 – o 3º mais desigual. E o que mais me impressionou, nas pesquisas de Piketty, é que pouca coisa mudou desde a belle époque – as pequenas mudanças que ocorreram foram exógenas (com ação de fora das sociedades estudadas – como, guerras) – via de consequência, a desigualdade não mudou por ações de governantes nem em países democráticos como Inglaterra e EUA. Como seria diferente por aqui?
    Aprecio tabelas e gráficos com análises quantitativas e qualitativas para expressar resultados, o que o livro apresenta fartamente. No capítulo sete, por exemplo, em três tabelas, o autor mostra, qualitativamente, que, em 2010, em termos de propriedade do capital, em todos os países o Índice Médio de Gini foi 0,70, enquanto para renda do trabalho foi 0,30 (menos da metade). Percebam que o Indicador Gini de capital, somado à renda, mascara o poder dos rentistas, enquanto sabe-se que esta desigualdade é por demais potencializada com ações de patrimonialismo, corrupção e desvios de orçamentos públicos. Uma das sugestões de Piketty (polêmica) é taxar os mais ricos com, por exemplo, impostos sobre grandes fortunas, de tal forma, que o estado lidere e reproduza uma distribuição mais equânime: os 10% mais ricos ficariam com 30% do capital nacional, os 50% mais pobres com 25% e os do meio com 45%(contra os atuais 10% mais ricos com mais de 50% de renda e capital e os 50% mais pobres com menos de 20%)
    Nas notas de conclusão, o autor dá uma estocada em textos consagrados de Sartre, Althusser e Baldiou – seguidores de Marx, que, segundo ele, não apresentam, como o mestre, soluções sobre a questão do capital e das desigualdades entre classes sociais por terem sido comunistas engajados e usarem esses dados para lutas de outras naturezas. Tudo isso faz muito sentido ao olharmos para este seco, desigual e esquecido país no lado de baixo do equador.
    Jose Carlos Nunes Barreto
    Professor doutor e presidente da Academia de Letras de Uberlândia
    debatef@debatef.com
     

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Hotel Ruanda 2, por José Carlos Nunes Barreto




sex, 23 de janeiro de 2015 00:03 -Jornal Gazeta do Triângulo-Araguari-MG

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    “A morte de qualquer ser humano me diminui/porque sou parte da humanidade/…/Portanto, não pergunte por quem os sinos dobram/Eles dobram por você”. John Donne
    * José Carlos Nunes Barreto
    De férias, peço licença a meus leitores para a releitura de um artigo de alguns anos atrás, quando comecei esta parceria com o jornal Gazeta do Triângulo: Genocídio foi a palavra chave. E ele é definido no Aurélio como crime contra a humanidade, o que consiste em destruir total ou parcialmente um grupo nacional, étnico, racial ou religioso. Cometer contra eles, qualquer dos atos seguintes: matar membros seus; causar-lhes grave lesão à integridade física ou mental; submeter o grupo a condições de vida capazes de o destruir fisicamente no todo ou em parte (grifo nosso).
    O tema desta crônica é o título de um filme, que reproduz uma história que cobre de vergonha a humanidade, e que vem a calhar, devido ao “evento” Charlie Hebdo em Paris. Os europeus de forma geral, colonizaram as Américas, Ásia e África. A África e a América Latina foram alvo do que há de pior em termos de dominação. Foram saqueadas, humilhadas e tiveram seu futuro boicotado por aviltamentos acontecidos neste período. E que permanecem até hoje. Vocês acompanharam as discussões sobre a rodada de Doha?(que foi um fiasco)- Homens de estado do Brasil defenderam nossos interesses contra uma nova dominação: a colonização tecnológica. Primeiro tiraram o ouro, pedras preciosas, madeiras nobres. Agora estão levando genes e princípios ativos. Infelizmente foram mais cruéis com a África. Tiraram tudo. E ao sair queimaram as pontes do futuro, ao lançarem o dissídio entre irmãos, e dividirem países. Este filme expõe a divisão dos Tutsi e Hutus, de forma maquiavélica – através da desigualdade na divisão de poder pelos colonizadores belgas, que na undécima hora, contrataram uma  guerra civil anunciada e construída pelo ódio racial que ceifou 2 milhões de almas tutsi (que parecem valer menos que 12 cartunistas franceses em termos de solidariedade mundial).Provocou o deslocamento de outros milhões para países limítrofes. Tudo sob o olhar atônito da ONU, e com o fornecimento de armas aos hutus pelos franceses.
    Um dos excassos momentos políticos brilhantes do governo Lula, foi quando lá, em sua visita como chefe de estado, pediu desculpas pelos 400 anos de escravidão de africanos neste País – que só aconteceram por conta da crueldade e corrupção de seus líderes, que, como fazem hoje os políticos no Brasil, literalmente rifaram o povo. Mas seria bom que a presidente Temer, o Congresso e as demais autoridades estaduais e municipais brasileiras, prestassem atenção ao nosso grifo na definição de genocídio, dando conta das estatísticas de mortes violentas que apontam para uma maioria de vítimas sendo jovens e negros(ou, se escapam, são cooptados pelo tráfico, e caem no  encarceramento em massa). Aqui as balas da polícia substituem os facões hutus. E parece que não temos um Paul (herói e benfeitor dos tutsi perseguidos). Nem um hotel Ruanda (que acolhia crianças e famílias Tutsi). Tão pouco há educação de qualidade e escolas, que seriam a misericórdia para nossa população afro-brasileira.  Cristão, como o papa Gregório, oro a Deus para que nos socorra nesta triste quadra de islamofacismo, alzeimer espiritual e  cegueira coletiva (Saramago). Só Ele pode nos socorrer – como fez com Daniel na cova dos leões.
    * Professor doutor e presidente da Academia de Letras de Uberlândia-ALU
    debatef@debatef.com

     

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Negros: A pobreza Brasileira


Negros: A pobreza Brasileira

 

Ano passado, em outubro, escrevi sobre o impacto que até hoje nos afronta, da sombra de 400 anos de escravidão. Citei o professor Adalberto Cardoso, do IUPRJ, que revisitava a história social do trabalho na Nação, em publicação intitulada “Escravidão e sociabilidade capitalista: um ensaio sobre inércia social”. A ocasião da comemoração do mês da consciência negra me faz voltar ao tema, e peço licença ao leitor amigo para tecer alguns comentários amadurecidos desde então, na posição de ascendente nascido após a libertação formal da escravidão - já que a informal persiste sob a forma de baixa escolaridade e, além disso, na baixa qualidade de vida em meio a esgotos - pois a esmagadora maioria das cidades brasileiras sobrenada sobre eles - onde os mais desfavorecidos adoecem por doenças evitáveis e vinculadas por este ambiente.

 

Não é difícil, para os afro-brasileiros, constatarem as conclusões do artigo citado, quais sejam, vivemos numa hierarquia social de grande rigidez caracterizando um “aphartheid tupiniquim”, e a dificuldade de que gerações sucessivas tiveram, e ainda tem, para se livrar deste paradigma, que contribui para uma imagem depreciativa do povo, cuja autoestima está melhorando, mas as realidades dos números no censo de 2010, não nos deixa sonhar. Eles mostram novamente uma sofrida áfrica sob os descendentes de anglo saxões e ibéricos, onde os salários dos negros e pardos são em média 50% menores, e a escolaridade é bem menor, sem perspectivas de mudança deste quadro nos próximos 30 anos, a não ser que façamos uma revolução educacional e sanitária neste país. Enfim, a realidade nos mostra que a pobreza brasileira tem cor: ela é negra, e faltam líderes negros no Brasil para enfrentar esta realidade e a esterilização de consciências desta maioria - que consiste em formatar a pior escravidão possível em tempos modernos qual seja a permanência na exclusão digital (em plena primavera árabe) e na dependência de “beber” o cálice venenoso da informação postada por cerca de 20 famílias brancas da elite brasileira, que escolhem o que essa massa vai saber ou não, nos “jornais nacionais” da vida.

    

Nos anos 50, os capitais liberados pelo café, financiaram a consolidação do capitalismo. Observou-se um mercado de trabalho desigual, caracterizado pela lenta incorporação dos negros e seus descendentes, apesar da distante ordem escravocrata. Atualmente alguns traços de violência, absorvidos ao longo do tempo pela sociedade do trabalho brasileira, cunham o termo “escravos modernos”, no cenário em que “senhores” mantêm coletividades inteiras de escravos, e nossos fiscais do trabalho “ousam” libertar tais vítimas da escravidão, que hoje também são brancas.

Muita gente, inclusive este autor (mea culpa), critica as ações diferenciadas para negros - por exemplo, as cotas nas universidades, todavia, este povo merece uma reparação, da mesma forma como acontece após longas guerras onde crimes são cometidos. E o maior crime perpetrado contra a comunidade negra foi e continua sendo sua ausência compulsória em escolas sejam elas básicas, de ensino médio ou na universidade. Por isso minha dedicatória no e-book de doutoramento, disponível em www.teses.usp.br: “À comunidade negra do Brasil, pelo espírito de luta contra o maior período de escravidão jamais visto: da senzala à exclusão social e ausência compulsória na Universidade Pública do País”.

 

José Carlos Nunes Barreto

Professor doutor

debatef@debatef.com