“Deve ser nosso jeito de sobreviver- Não comendo lixo concreto,
mas engolindo esse lixo moral e fingindo que está tudo bem...”Lya Luft
A UFU e a cidade de
Uberlândia fizeram 2 boas escolhas para suas lideranças nos próximos 4 anos: O
reitor será Walder Stephen, pós doutor em Engenharia mecânica, especializado em
estruturas inteligentes, e diretor da faculdade de engenharia mecânica. E o
prefeito será o atual deputado federal e
ex ocupante do cargo, Odelmo Leão. Nunca na história, estas duas pirâmides
administrativas precisaram tanto, uma da outra, como na atual quadra por que
passa o País. Os respectivos PLOAs(Projetos de Lei Orçamentária Anual)apontam
respectivamente 1,2 e 2,6 bilhoes de reais para a UFU e a pólis em 2017- sem
contar as emendas parlamentares endereçadas às instituições associadas.
Todavia, esta cidade vive como se não soubesse da importância e
abrangência do orçamento da UFU. Só para comparar, somente cerca de 60 dos 5500
municípios brasileiros, possuem orçamento maior que este, e o HC atende com 300
milhões /ano, algo como 3 milhões de pessoas/ano, de Uberlândia e do seu
entorno expandido, até os grotões do interior do Brasil. Apesar de 80% do
orçamento da universidade, ser destinado a pagamento de salários e
aposentadorias, esta massa de recursos fica na cidade e região, irrigando uma
miríade de cadeias de valor. Os 20 por cento restantes, somados às emendas parlamentares, e
projetos tipo CNPQ mais parcerias com empresas privadas, além do custeio, podem chegar a 100 milhões
por ano em investimentos em solo uberlandense.
Quanto ao PLOA do município, as obras do DEMAE e de corredores
BRT advindas do BNDES podem deixar outros 200 milhões /ano na cidade, mas isso
é pouco ante tantas demandas já estabelecidas, e espera-se projetos com aporte de recursos, que nos
ajudem com a inovação e criatividade, que só a academia supra citada pode
proporcionar, haja vista seu corpo técnico de excelência reconhecida no mundo.
Sugiro então um dos projetos : a UFU poderia ensinar às populações, o correto manejo do lixo industrial
e urbano em conjunto com o município(somos o maior centro logístico do País, e
dezenas de milhares de resíduos são gerados por aqui, sendo que ao redor de 10 por cento deles são perigosos e
deletérios à vida), e campanhas publicitárias se fazem necessárias, além de
competentes projetos. Por exemplo o uso do biometano advindo do lixo( uma de nossas chagas sociais)
,que já é usado em grandes megalópoles como Paris, através de tecnologia de
engenharia já consolidada. Poderíamos
mandar missão conjunta prefeitura –UFU visitar um benchmarking aqui no Brasil- A superintendência
de Energias Renováveis de Itaipú, que gera do biometano, mais meia Itaipu, com segurança e espírito público,
atendendo pequenos negócios e sítios no entorno da estatal, uma aula de
engenharia social e cidadania,no interior do Paraná...
Finalizando: como dois vizinhos que mal se conhecem, a UFU e a
cidade, as vezes falam mal um do outro: Ela é uma torre de marfim, diz a
cidade; se deixar, eles ferem a autonomia
universitária, e vão querer mandar aqui dentro, diz nossa principal academia. O
fato é que, a sociedade precisa que estes dois líderes recém eleitos,
harmonizem estes patrimônios de nosso ethos acadêmico-urbano-industrial, em
benefício de Uberlândia e região, e ,por que não dizer do Brasil?
José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e Presidente da Academia de Letras de
Uberlândia(ALU)
debatef@debatef.com