sábado, 29 de outubro de 2016

Lixo, Desperdício e Cidadania





“Deve ser nosso jeito de sobreviver- Não comendo lixo concreto, mas engolindo esse lixo moral e fingindo que está tudo bem...”Lya Luft

A  UFU e a cidade de Uberlândia fizeram 2 boas escolhas para suas lideranças nos próximos 4 anos: O reitor será Walder Stephen, pós doutor em Engenharia mecânica, especializado em estruturas inteligentes, e diretor da faculdade de engenharia mecânica. E o prefeito será o atual deputado federal  e ex  ocupante do cargo, Odelmo  Leão. Nunca na história, estas duas pirâmides administrativas precisaram tanto, uma da outra, como na atual quadra por que passa o País. Os respectivos PLOAs(Projetos de Lei Orçamentária Anual)apontam respectivamente 1,2 e 2,6 bilhoes de reais para a UFU e a pólis em 2017- sem contar as emendas parlamentares endereçadas às instituições associadas.

Todavia, esta cidade vive como se não soubesse da importância e abrangência do orçamento da UFU. Só para comparar, somente cerca de 60 dos 5500 municípios brasileiros, possuem orçamento maior que este, e o HC atende com 300 milhões /ano, algo como 3 milhões de pessoas/ano, de Uberlândia e do seu entorno expandido, até os grotões do interior do Brasil. Apesar de 80% do orçamento da universidade, ser destinado a pagamento de salários e aposentadorias, esta massa de recursos fica na cidade e região, irrigando uma miríade de cadeias de valor. Os 20 por cento  restantes, somados às emendas parlamentares, e projetos tipo CNPQ mais parcerias com empresas privadas,  além do custeio, podem chegar a 100 milhões por ano em investimentos em solo uberlandense.

Quanto ao PLOA do município, as obras do DEMAE e de corredores BRT advindas do BNDES podem deixar outros 200 milhões /ano na cidade, mas isso é pouco ante tantas demandas já estabelecidas, e espera-se  projetos com aporte de recursos, que nos ajudem com a inovação e criatividade, que só a academia supra citada pode proporcionar, haja vista seu corpo técnico de excelência reconhecida no mundo.

Sugiro então um dos projetos : a UFU poderia ensinar  às populações, o correto manejo do lixo industrial e urbano em conjunto com o município(somos o maior centro logístico do País, e dezenas de milhares de resíduos são gerados por aqui, sendo que ao redor  de 10 por cento deles são perigosos e deletérios à vida), e campanhas publicitárias se fazem necessárias, além de competentes projetos. Por exemplo o uso do biometano  advindo do lixo( uma de nossas chagas sociais) ,que já é usado em grandes megalópoles como Paris, através de tecnologia de engenharia já consolidada.  Poderíamos mandar missão conjunta prefeitura –UFU visitar um  benchmarking aqui no Brasil- A superintendência de Energias Renováveis de Itaipú, que  gera do biometano, mais  meia Itaipu, com segurança e espírito público, atendendo pequenos negócios e sítios no entorno da estatal, uma aula de engenharia social e cidadania,no interior do Paraná...

Finalizando: como dois vizinhos que mal se conhecem, a UFU e a cidade, as vezes falam mal um do outro: Ela é uma torre de marfim, diz a cidade; se deixar, eles  ferem a autonomia universitária, e vão querer mandar aqui dentro, diz nossa principal academia. O fato é que, a sociedade precisa que estes dois líderes recém eleitos, harmonizem estes patrimônios de nosso ethos acadêmico-urbano-industrial, em benefício de Uberlândia e região, e ,por que não dizer do Brasil?

José Carlos Nunes Barreto

Professor doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia(ALU)

debatef@debatef.com

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Freakonomics ou Eureca!


            

 

“Desconfie sempre da  sabedoria convencional. O senso comum precisa ser confrontado com perguntas, muitas perguntas...” Steven Levitt


 

Num dos meus recentes artigos  tomei emprestada , a forma de ver o mundo do premiado  professor Steven Levitt, (co-autor de Freakonomics) da Universidade de Chicago, quando em suas análises de extrema simplicidade, desvenda o lado oculto das coisas. Me refiro à questão do aborto: A legalização do mesmo em 1973, trouxe como benefício acidental  a queda da criminalidade nos EUA. Este é um fato constatado em dados estatísticos  no  seu trabalho,  que ganhou  a prestigiosa medalha John Bates Clark, uma  ante-sala  do prêmio Nobel. Neste estudo, Levitt demonstra  que a legalização do aborto foi responsável por metade da queda da criminalidade, nos anos 90.Explica-se: Com esta medida, se impediu o nascimento de milhões de crianças pobres, e  principalmente indesejadas, muitas vezes filhas de mães solteiras. Condições que matematicamente aumentam a  probabilidade do ingresso do menor ,em uma vida de crimes. A esquerda acusou-o  de propor medidas racistas e eugenistas(ou seja eliminar os negros, índios,e minorias). Os conservadores acusam o professor ,de ser propagandista do aborto. Também a este  escriba, por ter afirmado que a igreja, notadamente a romana, tem que assumir suas responsabilidades por   impedir o aborto( entre outras tantas medidas contraceptivas   importantes e que evitam a gravidez sem precisar chegar ao extremo de matar um feto )

.Como cristão não  recomendaria o aborto. Mas estou trabalhando sobre dados e fatos científicos, que não podem ficar  na penumbra, neste momento de caos e reflexão sobre a segurança pública. As igrejas, como integrantes da sociedade, não podem fugir a este debate, em função da sua responsabilidade  ao guiar  seu rebanho. Não teremos recursos para construir presídios de segurança máxima para tanta gente, que seria boa, caso nascesse num ambiente de amor, exemplos e compreensão do lar, ou de sucedâneos. Tudo que fizermos atualmente será pouco, porque juntamente com esta política pública, deveria haver outras “casadas”, como a descriminalização das drogas- para acabar com este mercado do inferno.  Muita gente já pregou no deserto: Al capone, um mito por sua força mafiosa, só existiu por causa da   lei seca  nos EUA. Uma simples aplicação da lei de oferta e procura, como sabemos hoje. Então não adianta me atacarem por causa do aborto. Acho que antes disso o estado, a sociedade ,a igreja - que somos todos nós, deveríamos aplicar a prevenção, para principalmente evitar a epidemia de grávidas menores, e com  problemas de insegurança alimentar(vide última pesquisa IBGE sobre o assunto) Este é um momento crítico em que além de, ter fé em Deus, e orar , fazer o bem é assumir escolhas  cruciais para os próximos 20 anos: Votar certo; educação de qualidade em tempo integral com formação tecnológica tipo SENAI; Merenda escolar reforçada; Primeiro emprego para valer (não esta vergonha que o governo faz- não dá emprego sequer para o chefe da família );Políticas de adoção de orfãos com paradigmas de mercado , e tendo  o estado  apenas como regulador. Como diria meu avô: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

José Carlos Nunes Barreto

Professor doutor

debatef@debatef.com

 

sábado, 22 de outubro de 2016

De vinhos, educação e futebol


                


“Da pura água/criar o vinho/do puro tempo/extrair o verbo”, Orides Fontela


 

Ainda respirando a derrota do Brasil para a Alemanha por 7x1,me pergunto porque a arte, do  futebol deste País,  morreu naquela tarde na  forma e na essência, revivendo na gente aquele antigo   complexo de “vira-latas”? Apaga, apaga . Como  fazemos com uma versão inicial e indesejada de um artigo. Ou com uma lembrança ruim qualquer.Mas como tudo na vida tem os dois lados, podemos desde já mostrar o lado bom: Estamos livres deste gargalo de produção de espetáculos caros que drenam dinheiro da saúde.educação e segurança... Nos jogos da “Pátria de chuteiras” na copa, muitos  negócios pararam. As expectativas exacerbadas de vitória fizeram o povão esquecer nossas mazelas: A fome, o desemprego, a falta de educação e de oportunidades ,o endividamento das pessoas e do Estado( As PECs para limitar o endividamento do estado vieram depois dessa copa e da Olimpíada-recursos não são ilimitados).Os jogadores alemães, antes do jogo afirmavam aos jornais que os brasileiros são bons em futebol porque ficam na rua jogando bola das 8 h às 18H, e não vão à escola. O que não deixa de ser verdade. O que eles não disseram é que um em um milhão de bons  jogadores brasileiros negros e pobres do biótipo de Neymar ,tem a oportunidade de jogar uma copa do mundo. A maioria fica pelo caminho, reféns dos PCCs da vida, porque o estado brasileiro não dá escola de qualidade, nem infra estrutura adequada para a saúde, nem políticas públicas decentes para geração de renda. Um desastre! daí o espaço para a atuação do estado paralelo do partido da “Correria”(crime no jargão da favela).

Conversei  dias destes com um ex-reitor de uma universidade Federal. O assunto foi sobre a omissão da academia nesta história. Como podemos continuar errando como o Parreira? não mudarmos o jogo a tempo de evitar a derrota! Como não aprendermos com os erros? Uma universidade elitista, fora de realidade. Longe do chão de fábrica, longe  da sociedade. E apesar da reforma temista do ensino médio, vai continuar sorvendo os maiores recursos da educação. Aceitar isso passivamente é o mesmo que atuar como aquele timinho da seleção. Se arrastar em campo. Perder a honestidade intelectual. Mas a vida continua e isto que é mágico. Como as boas idéias .Como os bons vinhos. Sou um apreciador deste secular ”nectar dos deuses”e um mero aprendiz, a me encantar com os  momentos que ele proporciona à mesa. Gosto de ler os rótulos com especificações e cepas das uvas. Algumas manjadas: cabernet, Merlot, Pinot Noir. Outras nem tanto:Malbec,Chenin,chardonnay entre muitas. Aprender a conhecer, cada uma. Outra arte. Solver um”World class” com gosto. “Bouquet” na taça: é alimento para a alma-está na santa ceia representando o sangue de Cristo. É remédio - recomendado na bíblia pelo apóstolo Paulo ao díscípulo Timóteo, para a cura dos males digestivos e por nossos médicos de hoje contra o mal colesterol. É um produto  cuja cultura de produção, após milhares de anos, se modernizou, e está no final de uma cadeia de suprimentos que gera renda e prestígio para investidores. Precisamos extrair daí, como a poeta, novos sonhos e novo arrebol.

José Carlos Nunes Barreto

Professor doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia(ALU)

sábado, 15 de outubro de 2016

Os Ciclos da Vida









“gotas de águas que caem do céu,/fluem dos mares,lagos,rios e montanhas./O sol aquece e formam vapores,/nuvens pesadas, carregadas de esperança./Viajam em cumulus singelos,/caem gotas d´água, /chuva fina e temporais./Sinal de boas vindas à plantação,/é a  felicidade nos caminhos da colheita.” Gleidson Melo

 

A vida é um ciclo, os antigos já diziam. Fui refletir sobre isso  e me veio uma série de questões... Quando alguém pergunta quantos anos você tem, na verdade quer saber quantas voltas você deu em torno do sol. O próprio sol leva seu colar planetário  em direção à constelação de Hércules, em um outro ciclo . Nosso coração bate  100 batidas por minuto, por exemplo. Temos nossos  relógios internos-biológicos, todos comandados pela alternância claro escuro. Através da retina, ativamos um grupo de neurônios situados na base do hipotálamo, que disparam ordens para nosso marca passo circadiano(diário).Os ciclos hidrológicos de rios e bacias, também interagem a medida que a terra se aproxima ou se afasta do sol. No inverno muitas águas, no verão secas. A ação do homem, através de hábitos modernos com o corpo, e com o uso indiscriminado de recursos do planeta, está alterando  estes ciclos de forma caótica. O uso do carbono contido na queima de carvão e petróleo, está aquecendo o planeta como uma chapa quente. Degelando geleiras e destruindo complexos sistemas estuarinos marinhos em todo planeta, verdadeiros berçários de biodiversidade . Além disso, as obras de  engenharias feitas sem conhecimento e sensibilidades ambientais geram  desastres climáticos, como o de New Orleans .As obras de retificação do rio Mississipe,  fizeram os engenheiros americanos drenar milhares de Kms quadrados de pântanos e mangues,  que, hoje se sabe, seriam fundamentais para quebrar a força das ondas do mar agitado por furacões. Tiveram de fazer um dique, que como se viu não aguentou. O próximo terá que resistir furacões de grau 5 , o que  levará 20 anos. Trazendo para nosso ethos industrial-urbano a experiência desta prosa ,pergunto quantas veredas foram aqui aterradas para se fazer pátios e ruas totalmente impermeabilizados?  Claro que as águas escorrem para a bacia dos Rios, pelos córregos tributários, a  maioria canalizados sob  ruas  e avenidas,  insuficientes para comporta-las. Esta ação maluca de impermeabilizar o solo está mexendo no ciclo hidrológico. Aumentando a evaporação sobre a cidade, fazendo chuvas cada vez  mais fortes. E ao mesmo tempo não permitindo que estas percolem no solo. Eis o desastre. Faça você mesmo as contas: são bilhares de caixas d´agua de 1000 litros que pesam 1 tonelada  se movimentando. Só caros piscinões poderão quebrar esta energia, até que se desmate mais, e se impermeabilize mais.

 Também é preciso rever comportamentos e atitudes que não levem em consideração o ciclo circadiano do corpo humano. A sociedade está cada vez mais noturna, e há quem troque o dia pela noite. O pai da cronobiologia - Ueli Schibler, adverte que estudos ainda não validados, demonstram que pessoas que trabalham em turnos diurnos e noturnos alternados ,seriam mais sujeitas a tumores de câncer. Eis aí a questão. O risco de se morrer de câncer hoje é de 1/25,por enquanto. Só para comparar, o risco do avião legacy  bater no boeing da Gol era de 1/200 milhões. Prolifera-se a doença, que os antigos nem falavam o nome. E o cerne do problema está no nosso modo de vida. Finalizo afirmando que  é necessário estudar para compreender ,legislar para agir, e respeitar  todos esses ciclos, porque  são a própria vida. A outra opção é a morte.
 

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e presidente da Academia de Letras de Uberlândia(ALU)-debatef@debatef.com


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Fé e Confiança

Só alguém que escuta as respostas no vento, sabe o que é ter fé e confiança

Yeah and how many times must a man look up
Before he can see the sky?
Yes and how many ears must one man have
Before he can hear people cry?
Yes and how many deaths will it take till he knows
That too many people have died

The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the Wind
Bob Dylan-Prêmio Nobel de Literatura

Aos meus alunos de pós graduação tenho sempre de mostrar “cases” de planejamento estratégico bem sucedidos, e neles constato que a visão dos fundadores é o que move essas organizações. Quem acreditaria na revolução contida em um pequeno computador pessoal, na década de 70?-caso da Microsoft de Bill Gattes - ou que um armazém de varejo em Uberlândia, disposto a fazer entregas a seus clientes, se transformaria na maior empresa de logística da América Latina, tantos anos depois ?- caso do Grupo Martins do Sr Alair Martins; ou que o sonho de Martin Luther King “libertaria” a sociedade negra americana, e geraria a poderosa Michele Obama de hoje?- Sempre pergunto em minhas consultorias: como você e sua empresa esperam fazer negócios daqui a dez anos? A maioria dos empresários não sabe a resposta. Alguns poucos respondem na ponta da língua. Têm-na como visão ,após o filtro dos princípios(crenças e valores)somados à análise do ambiente de negócios. Há fé nestes líderes.
Ao “tocarem” as organizações(religiosas,empresas ou países) essas lideranças têm a seu favor “insights” que lhe são emprestados por conselheiros, normalmente fora dos papéis e ambições hierárquicas da organização que dirigem. Esses costumam dar ao líder opiniões e informações imaculadas, com elevada franqueza e iluminada perspectiva de êxito. Há entre esses conselheiros e líderes, uma relação de confiança que Saj-nicole Joni chama de estrutural, em seu brilhante artigo ”A Geografia da Confiança”, em “Harvard Dusiness Review” 2004-03, após estudar a questão de liderança em 150 empresas européias e americanas. Há segundo a autora, dois outros tipos de confiança: a profissional e a pessoal. Fica claro que um dirigente precisa de um “kitchen board” -uma espécie de conselho de sua cozinha- ,para que suas decisões possam acontecer, após ouvir pelo menos três opiniões as vezes estruturais, outras profissionais e algumas até pessoais, porque após tomadas e executadas moverão muitas vezes mercados, países e o mundo.
Interessante notar que, quando se movem dentro da organização, os conselheiros podem mudar o peso de suas opiniões junto ao líder. A confiança profissional cresce à medida que a liderança trabalha lado à lado com indivíduos, que reiteradamente demonstram domínio sobre certos processos e áreas do saber. Alguns homens de confiança estrutural deixam de sê-lo, quando assumem cargos dentro da organização, e passam a ser “contaminados” pelos interesses corporativos. Já a confiança pessoal, normalmente conservada a partir de laços familiares ou de amizade, é refém de todas as mazelas que estas relações abrigam, fazendo despencar(no divórcio por exemplo)conselheiros e ascender novos, com todos os seus impactos.
Por maior que seja a ascensão de alguém no papel de líder, a tríade de confianças estrutural, profissional e pessoal é mais do que necessária em seu corpo de conselheiros, para tomada de decisões que podem mudar a vida de milhares de pessoas, e a sorte de organizações. Já a fé...esta só vem de Deus(para os que crêem).
Concluindo:“ “A Fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vê-em” ensina a bíblia, ”um líder para ter sucesso deve aprender a usar a geografia da confiança” completa Saj-Nicole Joni. Que tal ficarmos com as duas, fé e confiança, para líderes e para nós mortais comuns nesta pós-páscoa?
José carlos Nunes Barreto
Professor Doutor
Debatef@debatef.com

De Gurus e Seguidores2



A propósito da PEC241, e de outros exageros passados e presentes...Apoiei Michel Temer, mas é preciso diferenciar gastos com educação e saúde, dos demais- e 20 anos são uma eternidade. Serão necessários muitos ajustes antes desse dead line. Reescrevi este artigo para refletirmos sobre a Nação que estamos construindo...


“Eu sou eu e minhas circunstâncias”
Ortega Y Gaset


Como consultor e professor(e esta é a profissão de minha vida),sou procurado por ex-alunos, em situações de tomada de decisão em suas vidas. Aprecio quando vêm só para conversar ,ocasião em que procuro ajudar, explicando a visão de mundo que eles respeitam. E a maior alegria de alguém que realmente formou pessoas, é reencontrar um discípulo e ver que ele é grande, e muito maior do que se imaginou lá atrás. Chamo isso de coaching (técnica de treinamento usada em craques de times).Às vezes não cobro por consultorias e coachings. Na minha arte isto é possível, para quem já acha que tem o bastante, e sabe que a alma não pode ser pequena. No entanto não me considero guru de ninguém. Nem pretendo ter seguidores. Aliás, acho essa idéia incômoda. Já pensou a gente caindo num buraco?
Interessante é ler as opiniões de gurus, e de um guru dos gurus como Peter Drucker, que desencarnou farto de dias, e “ supitando” sabedoria. Ele foi o maior especialista em administração do século passado - o Pai do “Management”. Descreveu a sociedade brasileira como um mix de instituições de negócios, governos, cultura e entes sociais, oriunda de rápida transformação a partir do campo, em menos de 50 anos. Na década de 50,foi ele o primeiro a afirmar que os trabalhadores faziam parte dos ativos de uma organização. Um escândalo para a época! Ensinou que desenvolvimento econômico e social se faz com gestão acima de tudo(não com aumento do orçamento como querem todos governadores do País).
Boris Tabacof da FIESP em artigo no Jornal “O estado de SP” na época, exaltou o mestre, e o fez como contraponto à visão monetarista tradicional dos economistas da PUC RJ, que governou o estado brasileiro por 12 anos- no período FHC–Lula1,que deixou herança econômica benigna mas fechou os olhos ao social(corremos de novo esse risco com a PEC 241). Detalhou como o planejamento do desenvolvimento em função apenas da poupança e do investimento - tese destes jovens, prejudica a nação.
O fato é que, com o pífio crescimento do País na última década, hoje somos BRICs comendo poeira. E parece que não temos mais estadistas. Não se pensa mais o estado, como se fazia no começo do século passado. Ideias, seguidas de ações que nos fizeram crescer como a China de hoje, no chamado “milagre brasileiro”. Décadas e décadas até meados de 1986.Anos JK, Brasília, Itaipu e toda infraestrutura logística. Criação do Sistema S(senai/sesi)e Liceus de ofício. Criação de Universidades de verdade(Não estas últimas anacrônicas da era lulodilmista- salvo exceções ). Instituições que até hoje são fundamentais para o País.
Peter Drucker foi consultor, e coach de vários ícones de administração de empresas como Jack Welch da GE, Alfred Sloan da GM e Andrew Grove da Intel. Contudo já velho, desencantou-se com o capitalismo e passou a ser voluntário do chamado terceiro setor(ONGs),que saldou como o paradigma salvador da sociedade neste século . Ressaltou no fim da vida, que a cobiça desenfreada dos executivos das grandes corporações transnacionais (seus seguidores até então), gerou as fraldes e o estouro da bolha das pontocom , destruindo reputações e vidas. Alertou que tudo poderia se repetir de novo, com a bolha de preços dos imóveis americanos, e acertou em cheio- crise sub prime de 2008,cujos desdobramentos até hoje atormentam o mundo. Os sem misericórdia cairão novamente em sua própria armadilha, não sem antes serem duramente disciplinados pelo mestre com sua guinada de cento e oitenta graus. Ele não caiu no buraco...seus seguidores sim.
José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia(ALU)
debatef@debatef.com