sábado, 21 de novembro de 2020

Consciência Negra (Revisitando um antigo texto, e o atualizando para a data...)


Eu tenho um sonho: que os negros e os brancos andassem em irmandade, e, sentassem na mesma mesa em paz.

Martin Luther King

 

Escrevo às vésperas do dia nacional da consciência negra. Dia da morte de Zumbi dos Palmares, líder da resistência dos negros, contra a escravidão. Que continua. Sob outra forma pior, como mostrarei a seguir... E o IBGE joga luz no assunto: no racismo dissimulado, que os números não deixam mentir: Como explicar que o aumento da escolaridade, possa elevar o fosso, entre a renda  dos pardos/ negros, e os brancos? E, que em média , entre todas as faixas salariais , os mesmos ganhem 51,1% dos salários dos brancos?

 

Filho de pai branco e mãe negra não sou xiita. Mas, sempre me assumi negro, e , apesar de tudo, amo a negritude.. . Até porque, só isso podia explicar as vitórias, em nome de Deus, após  tantos nãos, ao longo da vida. Para um menino pouco quieto, e perguntador. Para um jovem namorador, que acreditava no amor, sem a barreira da epiderme. Para um velho professor, com 30 anos de experiência em salas de aula, ensinando tudo que sabia, não importando a cor, de quem quer que fosse. Ultimamente, na Pós Graduação da Academia, sem ver os negros, como meus alunos, volto a afirmar: não se constrói uma nação desse jeito:  A pobreza tem cor e ela é negra. E, afirmo categoricamente: essa pobreza,  está sendo construída há centenas de anos, institucionalmente no País... A riqueza também tem cor, e ela  é branca , desde sempre. Daí porque, precisamos de outros Zumbis .  Outra resistência, porque cerca de dois milhões de jovens negros (até 22 anos)e de baixa escolaridade, só entre o Rio e São Paulo, por não terem  positivas lideranças, estão prestes a entrar nas fileiras do crime organizado, e aí sim, virão engrossar as estatísticas de morte de jovens negros, lutando contra a polícia... Um verdadeiro genocídio. Ou, quem sabe, os sobreviventes, irão adentrar em  caras prisões, e sofrerão depois,  porque não tiveram sequer  baratas escolas, e mal pagos professores.

 

Entre  aqueles  que estão desempregados ,diz o IBGE, a esmagadora maioria é  negra ou parda. E o poeta já dizia que, “ sem o seu trabalho / um homem não tem honra/ E sem a sua honra, se mata ./Se morre/ Não dá pra ser feliz”. Principalmente porque, no bairro ao lado, a opulência afronta: carros blindados, com segurança...Mansões , festas nababescas, e escarnecedoras( muitas delas feitas com desvios de dinheiro público) , a que seus irmãos, só tem acesso pelo  elevador de serviço( Já que outra pesquisa  do IBGE.  mostra também que, negros e pardos, só são maioria, no mercado de construção civil ,e, como domésticos!)

 

Pobre Brasil dos negros! Rico Brasil dos brancos! Uma mama África - mãe solteira, pobre e sofredora, e uma européia bem nascida , quatrocentona e de  sangue azul.  Duas nações superpostas, no mesmo espaço físico.

 

Claro que os negros estão por baixo. E, não importa quão ricos e intelectuais eles sejam. Quão famosos e elegantes se apresentem. Esta é uma constatação, de todos afrodescendentes (uma palavra que a direita radical odeia, e que eu adoro, por mostrar nossas raízes) que, como eu, à duras penas, conseguiram ascender às classes A/B.

 

Ações civis públicas contra o racismo, estão sendo construídas  contra estes números, e começam a romper o silêncio constrangedor, a que se referia Martin Luther King... A moderna escravidão, a que estão sujeitos muitos dos irmãos pardos e negros, é  a gerada pela falta de escolaridade, em plena  era do conhecimento. “O sol da liberdade em raios fúlgidos” é para esses brasileiros, aprenderem a aprender. Para romper o dia de amanhã  sem  grilhões, imateriais que sejam.

 

                                                    José Carlos Nunes Barreto

                                   Pós doutor, sócio da DEBATEF e editor da Revista SCIENCOMM

 

Consciência Negra (Revisitando um antigo texto, e o atualizando para a data...)

 

Eu tenho um sonho: que os negros e os brancos andassem em irmandade, e, sentassem na mesma mesa em paz.

Martin Luther King

 

Escrevo às vésperas do dia nacional da consciência negra. Dia da morte de Zumbi dos Palmares, líder da resistência dos negros, contra a escravidão. Que continua. Sob outra forma pior, como mostrarei a seguir... E o IBGE joga luz no assunto: no racismo dissimulado, que os números não deixam mentir: Como explicar que o aumento da escolaridade, possa elevar o fosso, entre a renda  dos pardos/ negros, e os brancos? E, que em média , entre todas as faixas salariais , os mesmos ganhem 51,1% dos salários dos brancos?

 

Filho de pai branco e mãe negra não sou xiita. Mas, sempre me assumi negro, e , apesar de tudo, amo a negritude.. . Até porque, só isso podia explicar as vitórias, em nome de Deus, após  tantos nãos, ao longo da vida. Para um menino pouco quieto, e perguntador. Para um jovem namorador, que acreditava no amor, sem a barreira da epiderme. Para um velho professor, com 30 anos de experiência em salas de aula, ensinando tudo que sabia, não importando a cor, de quem quer que fosse. Ultimamente, na Pós Graduação da Academia, sem ver os negros, como meus alunos, volto a afirmar: não se constrói uma nação desse jeito:  A pobreza tem cor e ela é negra. E, afirmo categoricamente: essa pobreza,  está sendo construída há centenas de anos, institucionalmente no País... A riqueza também tem cor, e ela  é branca , desde sempre. Daí porque, precisamos de outros Zumbis .  Outra resistência, porque cerca de dois milhões de jovens negros (até 22 anos)e de baixa escolaridade, só entre o Rio e São Paulo, por não terem  positivas lideranças, estão prestes a entrar nas fileiras do crime organizado, e aí sim, virão engrossar as estatísticas de morte de jovens negros, lutando contra a polícia... Um verdadeiro genocídio. Ou, quem sabe, os sobreviventes, irão adentrar em  caras prisões, e sofrerão depois,  porque não tiveram sequer  baratas escolas, e mal pagos professores.

 

Entre  aqueles  que estão desempregados ,diz o IBGE, a esmagadora maioria é  negra ou parda. E o poeta já dizia que, “ sem o seu trabalho / um homem não tem honra/ E sem a sua honra, se mata ./Se morre/ Não dá pra ser feliz”. Principalmente porque, no bairro ao lado, a opulência afronta: carros blindados, com segurança...Mansões , festas nababescas, e escarnecedoras( muitas delas feitas com desvios de dinheiro público) , a que seus irmãos, só tem acesso pelo  elevador de serviço( Já que outra pesquisa  do IBGE.  mostra também que, negros e pardos, só são maioria, no mercado de construção civil ,e, como domésticos!)

 

Pobre Brasil dos negros! Rico Brasil dos brancos! Uma mama África - mãe solteira, pobre e sofredora, e uma européia bem nascida , quatrocentona e de  sangue azul.  Duas nações superpostas, no mesmo espaço físico.

 

Claro que os negros estão por baixo. E, não importa quão ricos e intelectuais eles sejam. Quão famosos e elegantes se apresentem. Esta é uma constatação, de todos afrodescendentes (uma palavra que a direita radical odeia, e que eu adoro, por mostrar nossas raízes) que, como eu, à duras penas, conseguiram ascender às classes A/B.

 

Ações civis públicas contra o racismo, estão sendo construídas  contra estes números, e começam a romper o silêncio constrangedor, a que se referia Martin Luther King... A moderna escravidão, a que estão sujeitos muitos dos irmãos pardos e negros, é  a gerada pela falta de escolaridade, em plena  era do conhecimento. “O sol da liberdade em raios fúlgidos” é para esses brasileiros, aprenderem a aprender. Para romper o dia de amanhã  sem  grilhões, imateriais que sejam.

 

                                                    José Carlos Nunes Barreto

                                   Pós doutor, sócio da DEBATEF e editor da Revista SCIENCOMM

 

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Segurança Vital

               

“Não me amarra dinheiro não/mas elegância/dinheiro não/mas a cultura/dinheiro não/mas segurança”

Adaptado de Caetano Veloso

 

Trabalho em um prédio que seria o” World Trade Center de NY” em UDI na localização e na forma ,guardadas as devidas proporções. Várias vezes tentei com o síndico montar uma brigada de incêndio, e a investir em melhorias de segurança. Não há portas corta-fogo nos andares e nenhuma escada de segurança anti-incêndio. Meu escritório de consultoria é no décimo primeiro pavimento. Caso haja um incêndio em patamares inferiores só saio vivo se for por rapell .Após a última decisão do condomínio de reformar a fachada ao invés de colocar as portas corta fogo, cheguei até a procurar uma empresa credenciada.(Claro que não foi aquela do “bang-jump” criminoso em Araguari).Indignado fui verificar qual era o estado da arte em termos de segurança dos prédios em UDI, e verifiquei que quase todos estão na mesma situação: sem um sistema de  segurança  operando,e sem utilizar as normas vigentes, mesmo alertados pelo corpo de bombeiros. Uma brigada de incêndio que treinasse as pessoas a saírem após a sirene, em ordem pela única e estreita escada(porque fora de padrão normativo),salvaria muitas vidas como salvou em NY no fatídico 11 de setembro.Aqui morreríamos todos. Em SP após várias tragédias-a última foi o edifício Joelma de triste memória- uma legislação municipal rígida e a pressão da opinião pública tem levado a importantes resultados  nesta área.E aqui porque a prefeitura não atua? E o ministério Público? E o  estado mesmo com a famigerada taxa de incêndio? Será que ,desgraçadamente só sabemos correr após o pior já ter acontecido, como no caso dos saltos na ponte em Araguari?

Para que as autoridades se lembrem de suas responsabilidades, passo a transcrever algumas Definições de um sistema de Segurança baseado na norma inglesa BS8800:

1)Acidente>Evento não planejado que acarrete  morte,problema de saúde, ferimento,ou outros prejuízos.

2)Perigo>Fonte ou situação com potencial de provocar danos em termos de ferimentos humanos ou problemas de Saúde, danos à propriedade, ao ambiente ou a combinação disto

3)Identificação de perigo>O processo de reconhecer que um perigo existe e definir suas  características.

4)Risco: Combinação da probabilidade e consequência de ocorrer um evento perigoso especificado.

5)Avaliação de Riscos: Processo global de estimar a magnitude do risco e decidir se ele é tolerável ou aceitável.

 6) O processo de Avaliação de Risco segundo a BS8800>a)Classificar as atividades de trabalho b)Identificar os Perigos c)determinar o risco d)decidir se o risco é tolerável e)Preparar o plano de ação para controle de risco (se necessário)f) Revisar a adequação do plano de ação.

Concluindo,Os prédios da cidade estão inseguros porque não seguem as 1normas ,a prefeitura não fiscaliza e a legislação é frouxa.Já a segurança é vital.Não fazê-la é crime de responsabilidade.Com a palavra os senhores síndicos e também o poder público que cobra taxa de incêndio e deixa de fazer o necessário para que não morramos queimados.

José Carlos Nunes Barreto

Professor doutor

Sobre a Consciência Negra


“Sou um negro gato/de arrepiar/E esta minha vida /É mesmo de amargar./.../Eu sou um negro gato”.

Do nosso cancioneiro popular

 

Escrevo na véspera do dia nacional da consciência negra. Dia da morte de Zumbi dos Palmares, lider da resistência dos negros contra a escravidão. Que continua. Sob outra forma pior.E o IBGE joga luz no assunto: no racismo dissimulado que os números não deixam mentir. Como explicar que o aumento da escolaridade possa elevar o fosso entre a renda  dos pardos/ negros e os brancos? E que na média entre todas as faixas salariais  os mesmos ganhem 51,1% dos salários dos brancos? Filho de pai branco e mãe negra não sou xiita. Mas sempre me assumi negro. Até porque só isso podia explicar tantos nãos ao longo da vida. Para um menino pouco quieto e perguntador. Para um jovem namorador que acreditava no amor sem a barreira da epiderme. Para um velho professor com 30 anos de experiência em salas de aula, ensinando tudo que sabia não importando  a cor de quem quer que fosse. Ultimamente na Pós Graduação da Academia sem ver os negros como seus alunos. Volto a afirmar: não se constrói uma nação desse jeito:  A pobreza tem cor e é negra. E essa pobreza  está sendo construída há centenas de anos, institucionalmente no País.. A riqueza também tem cor e é branca desde sempre.Daí porque precisamos de outros Zumbis . Outra resistência porque cerca de dois milhões de jovens negros (até 22 anos)de baixa escolaridade, só entre o Rio e São Paulo, por não terem estas positivas lideranças, estão prestes a entrar nas fileiras do crime organizado,e aí sim virão engrossar as estatísticas de morte de jovens negros.Um verdadeiro genocídio.Ou adentrar em  caras prisões quando não tiveram sequer  baratas escolas e mal pagos professores.

Entre  aqueles  que estão desempregados ,diz o IBGE, metade  são negros.E o poeta já dizia que” sem o seu trabalho , um homem não tem honra.E sem ela,se mata .Se morre.Não dá pra ser feliz”.Principalmente porque no bairro ao lado a opulência  afronta: carros blindados com segurança.Mansões , festas nababescas e escarnecedoras,( muitas delas feitas com desvios de dinheiro público) ,a que seus irmãos só tem acesso pelo  elevador de serviço. Já que esta pesquisa mostra também que negros e pardos só são maioria no mercado de construção civil e como domésticos. Pobre Brasil dos negros! .Rico Brasil dos brancos! .Uma mama äfrica - mãe solteira,pobre e sofredora e uma europa bem nascida ,quatrocentona e de puro sangue.Duas nações superpostas no mesmo espaço físico. Claro que os negros estão por baixo. E não importa quão ricos e intelectuais eles sejam. Quão famosos e elegantes se apresentem. Esta é uma  constatação de todos negros e pardos que como eu, a duras penas conseguiram ascender às classes A/B.

Ações civis públicas contra o racismo expresso nestes números começam a romper o silêncio constrangedor a que se referia Martin Luther King. A moderma escravidão a que estão sujeitos muitos dos irmãos pardos e negros é  a gerada pela falta de escolaridade na era do conhecimento. “O sol da liberdade em raios fúlgidos” é para esses brasileiros  aprenderem  a aprender. Para romper o dia de amanhã  sem grilhões.

 José Carlos Nunes Barreto

Professor doutor