Sou um entusiasta do uso de ferramentas da qualidade no dia a dia da produção de produtos e serviços, além do meu uso pessoal no dia a dia, especialmente o 5S. Claro, muito mais agora, em época de descontaminação de superfícies e objetos , em função do COVID 19.
Neste pequeno ensaio, quero focar no 5S, pela sua importância e significado, e devo fazer uma introdução sobre o que significam os 5 sensos, cuja filosofia nasceu no Japão do pós guerra: Seiri é o senso de utilização, fazer o descarte adequado , do que não é usado , ou reciclar na economia circular por exemplo; Seiton- senso de arrumação, cada coisa no seu lugar, favorecendo um layout amigável; Seiso - senso de limpeza, aquilo que mais vemos atualmente, contra a pandemia; Seiketsu- senso de saúde e higiene- neste patamar só é possível entrar após preencher os três primeiros; Shitsuke- Senso de disciplina, que acontece por último, exatamente após os 4 primeiros patamares, a fim de finalizar a importante formação das pessoas que utilizam o5S.
Esta ferramenta é endereçada à pessoas, e é diferente do Housekeeping, que se dirige para instalações e lugares, além do que nesta última, acontece pesados investimentos dos gestores para organização do ambiente, e, embora não prescinda das gentes, se realiza com pouca participação da base administrativa, que a recebe pronta. No 5S há a intensa participação dos stackholders, e a mudança começa dentro deles para extravasar, no fim para o ambiente.
Na minha jornada, tive a ajuda destas ferramentas, principalmente do 5S, para sobreviver no chão de fábrica como gestor, ao ajudar na formação de equipes , inovar e melhorar a produtividade. São muitos cases, já que atuamos nesta seara antes da existência da ISO 9001 na década de 80...certa feita, após uma enchente numa siderúrgica em que trabalhava, o pátio em que estocávamos carvão importado, adequado para aços especiais, foi tomado por agua pluvial barrenta que contaminou o produto, não permitindo mais seu uso. Pilhas e pilhas de carvão perdidas, milhares de toneladas... e para se produzir, necessário foi fazer o 5S no pátio, descartando o carvão, ou melhor, fazendo um projeto para recoloca-lo na economia circular , ou seja adequa-lo , como combustível em fornos de cimenteiras, o que foi feito, envolvendo intensa logística, bancada pelos parceiros consumidores, que só aderiram ao projeto após verem os experimentos realizados com sucesso em laboratório, primeiro , e depois, nos próprios fornos dos clientes. Um vitorioso projeto multidisciplinar que envolveu várias equipes das empresas envolvidas: marketing, vendas, engenharias, produção, manutenção, e que começou com o velho e bom 5S.
Após a remoção do carvão, obras de contenção e drenagem realizadas, a empresa importou novas levas do carvão adequado à sua carteira de aços especiais,e a produção da empresa foi normalizada. Também ajudei a implantar protocolos, na cidade para que as poeiras fugitivas, destas e de outras pilhas de resíduos, não contaminassem o ar das populações circunvizinhas, lavando as ruas com caminhões pipas, exatamente como fazemos hoje por causa do Covid 19, o senso de limpeza do 5S
Escolhi um segundo case, que se aconteceu no meu pós doutorado, utilizando Engenharia da Qualidade, partiu-se do 5S para dotar um laboratório semi - industrial de pesquisas em usinagem em uma grande universidade, para transformá-lo em sistema de gestão Integrado da Qualidade, envolvendo além da qualidade do produto, a saúde e segurança dos operadores e a proteção do meio ambiente.
Fazer a lição de casa hoje significa fazer o 5s , ou seja, lavar a louça todo dia, tirar o lixo, tomar banho, trocar lençóis, lavar as mãos, usar máscaras e manter o distanciamento social, e vieram para ficar assim como o home office, o e- comerce ,e o EAD -Ensino a distância, entre outras revoluções que ressignificam o novo normal.
Sobreviver é preciso!
José Carlos Nunes Barreto
Pós Doutor e Sócio da DEBATEF Consultoria
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