quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Educação e competitividade


“Todo gestor é um gestor de pessoas” Cavalcanti apud Annelise

A falta de competitividade do país, a meu ver esta escancarada com a ausência de produtos de nossa indústria que possam, a preços competitivos, abastecer o mercado interno brasileiro. Tudo que fazemos é pior e mais caro. Ir a Miami fazer a sacola, infelizmente, faz parte da agenda de nossa classe média e alta, que gasta sofregamente bilhões de dólares por ano que fazem falta aqui. Afinal, porque isso acontece na sétima economia do mundo?
Como consultor e professor tenho lutado à exaustão, contra este paradigma. Muitas empresas e alunos que tenho ajudado nesta batalha, conseguiram expressivas vitórias, todavia, tenho números entristecedores, sobre como a educação neste país tem levado a humilhantes derrotas, pessoas e organizações, principalmente as últimas onde empreendedores que iniciam negócios perdem economias de décadas, e empresários sêniors tem prejuízos inaceitáveis. Quando contratado para implantar um sistema integrado de gestão, com as normas de gestão da qualidade, meio ambiente e saúde ocupacional-um trabalho que exige da liderança empresarial alto comprometimento, em tempo e investimentos, constato o não treinamento de pessoal e a falta de consolidação do redesenho de processos. No caso de alunos, muitas vezes já no MBA ou mestrado, a mesma falta de gastar tempo, agora em estudos e pesquisas, aliada a lacunas na formação, faz 30 por cento dos mesmos desistirem.
Há no ar uma cultura da falta de qualidade em tudo que se realiza aqui. Constitui-se exceção o sucesso, e não o contrário. Daí a perda de energia em tudo que é out put (saída). O elevado preço cobrado pelo retrabalho em nossos itens industriais, e a ausência de eficiência e eficácia ao formarmos gente, para cuidar da miríade de processos – explicam como operar desastrosamente uma nação.
Neste contexto podemos colocar a construção da “copa das copas” em 2014, a um custo maior que ao da soma das três últimas três copas realizadas ao redor do mundo. E a um preço exorbitante em  perdas de vidas jamais acontecido. Uma vergonha nacional (ainda temos?),que mostra o quanto precisamos revolucionar a educação para a qualidade.  A começar em nossas escolas, não com slogans vazios como “Esta é uma cidade educadora”- sem prestigiar e treinar professores, construir creches equipar escolas, padronizar processos críticos e medir resultados a partir de indicadores como o IDEB,- e aí sim fazer planos de ação “matadores” .
É triste pensar que a história tem sido madrasta com o Brasil: 36 anos de ditadura Vargas e militar aprisionaram a criatividade e o empreendedorismo; quatrocentos anos de escravidão moldaram um desprezo pelo trabalho em seus detalhes. Isto tira os empresários, a academia e a elite do chão de fábrica, chão de loja e chão de escola. E é lá que as coisas acontecem.  É lá que a produtividade aparece ou não- já que é onde está o ser humano, com suas ilimitadas possibilidades de desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes, que gerem  inovação e riquezas.
Estamos no limiar de um novo tempo de oportunidades de mudanças. Contudo há falta de propostas de lideranças da oposição que sacudam mentes e corações dos brasileiros em direção a esta revolução – um resgate da tirania do inconsciente coletivo do passado , e um seguro caminho rumo a um novo oriente – sucesso  por vir.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e presidente da ALU-Academia de Letras de Uberlândia

debatef@debatef.com

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