terça-feira, 29 de junho de 2021

Viver não dói, Dr Bernardo!

 

Algumas experiências acontecidas, desde que passei a escrever com frequência, e durante o período de 2003 à 2016, no jornal  “O Correio” de Uberlândia, são muito interessantes, cativantes...

 

 E por serem por demais significativas, é impossível guardá-las só para mim. Quando escrevi “Hotel Ruanda” recebi um e-mail de alguém ligado à raízes islâmicas-lindo-dizendo que eu seria a voz também do seu povo. Não há dinheiro que paguem uma palavra de carinho de uma leitora. que se viu em algumas linhas escritas, por este escriba ano passado, em “Namorado”. Semanas atrás escrevi sobre ”O absurdo do assédio moral” e citei como exemplo o professor Bernardo Bernardino. Um negro.

 

  Recebi e- mails do movimento negro pedindo os telefones de Bernardo,  que eu não tinha. Depois fiquei sabendo ,com alegria que o mesmo se recuperara ,através de um e-mail de agradecimento do próprio Bernardo. Que me emocionou. E por isso divido esta emoção com vocês leitores: “Agradecimento. Prezado amigo Barreto, muito obrigado pelo seu artigo e pela consideração de um velho e bom amigo. A vida foi cruel demais para comigo quando entrei para a lida sindical. A humilhação constante a que fui submetido pela direção do Centro Universitário XX, chegou até a minha alma. Foi quando aconteceu aquele “acidente” comigo. Mas já estou  me recuperando. Estou na casa de minha mãe (dá o endereço e o  telefone).Mas vou ter de me tratar com psicólogo e psiquiatra por dois anos além de tomar remédios muito fortes. Estou vindo do INSS e não pude ser atendido porque a instituição não deposita o mesmo desde 2001.Tive de voltar em casa e levar todos os meus holerites para provar que o mesmo foi tirado do meu salário. Acho que amanhã vão fazer uma auditoria lá. Reze pela minha recuperação. Um abraço Bernardo.”

 

Liguei depois e falamos por 10 minutos. O encorajei a continuar vivendo. Mas em casa refleti, e resolvi tomar emprestadas as palavras do  poeta Carlos  Drumond de Andrade. Peço vênia para citá-lo a seguir:

 

“Viver não dói.

Definitivo, como tudo que é simples.

Nossa dor não advém das coisas vividas,

Mas das coisas que foram sonhadas

E  não  se cumpriram

 

 

Sofremos por quê?

 

Porque automaticamente esquecemos

O que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções

irrealizadas,  por todas as cidades que gostaríamos

de ter conhecido, ao lado do nosso amor e não

conhecemos, por todos os shows e livros e silêncios,

que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos

por todos beijos cancelados,

pela eternidade.

 

Sofremos, não porque

nosso trabalho é desgastante e paga pouco,

mas por todas as horas livres

que deixamos de ter para ir ao cinema,

para conversar com um amigo,

para nadar, para namorar.

 

Sofremos não porque nosso time perdeu,

mas pela euforia sufocada.

 

Sofremos não porque envelhecemos

Mas porque o futuro está sendo

 Confiscado de nós

impedindo assim que mil aventuras

nos aconteçam

todas aquelas com as quais sonhamos e

nunca chegamos a experimentar.

 

 

Como aliviar a dor do que não foi vivido?

A resposta é simples como um verso:

 

Se iludindo menos e vivendo mais!!!

A cada dia que vivo,

Mais me convenço de que o

Desperdício da vida

está no amor que não damos,

nas forças que não usamos,

na prudência egoísta que nada arrisca,

e que, esquivando-se do sofrimento,

faz perder também a felicidade.

 

A dor é inevitável

O sofrimento é

Opcional”.

 

      José Carlos Nunes Barreto

Pós-doutor e diretor da DEBATEF Consultoria

 

quinta-feira, 24 de junho de 2021

Por uma nova Utopia

 “ Faça as coisas o mais simples que você puder, porém não as mais simples” Albert Einstein

 

Desconforto. Indignação. Revolta. Clamor público por justiça.

Falta de misericórdia. Crime de lesa humanidade.  É preciso dizer algo sobre os sanguessugas (chefiados na época por um ministro da saúde, e atual senador petista-hoje na CPI do Coronavírus) que não seja lugar comum. Mas como? E acontecer isso logo na saúde tão combalida deste País!

Face ao fiasco da referida CPI da Covid,,  enquanto pesquisador, me lembro de um dos projetos que coordenei na academia, que parou por falta de recursos: ”Saúde Pública em cidades do Interior”. Pesquisa que abrangeu 120 cidades,  num raio de até 400 Km de uberlândia, durante os anos 2000 à 2003. Através de perguntas básicas, levadas por meus alunos dos cursos de Saúde de um centro universitário da região, às secretarias de saúde de suas cidades de origem, com o objetivo de caracterizar IDHM-ïndice de desenvolvimento Humano no Município. Onde se  indagava pelo número de leitos de hospital, qualidade e quantidade de profissionais de saúde contratados, número e tipos de aparelhos públicos de lazer existentes, número de mortos por  causas externas(violência),por doenças infecciosas, cardio-respiratórias entre outras. Perguntávamos também sobre a expectativa de vida ao nascer, percentual de desempregados e salário médio(renda) da população.

Como subproduto desta pesquisa, percebi o despreparo das secretarias, em responder estas questões. Principalmente por colocar apaniguados políticos, sem nenhum conhecimento de Saúde nos cargos. Também obtive outro importante subproduto: a posse   e uso abusivo de ambulâncias, em locais onde faltavam leitos de hospital, equipamentos dos mais simples, e até médicos e enfermeiros. Estas ambulâncias com o nome do “benfeitor” estampado me incomodaram. Tinham como endereço certo a cidade de Uberlândia, que ficou de tempos para cá “inundada”, de doentes enviados por hospitais que não curam sequer unhas encravadas. Um modelo demolidor e perverso para o SUS, que ,agora sabemos, se repetiu em todos centros metropolitanos do País, incentivado  pelas emendas parlamentares, só para ambulâncias!

Voltemos nosso olhar para o que acontecia no executivo, e no Congresso, naquela época, momentos antes da Polícia Federal fazer estourar esse escândalo  do governo lulopetista. Havia um quadrado mágico do PMDB, tentando esconder da sociedade o que se descobriu. O Presidente do senado, Renan Calheiros, rechaçou o pedido do grande Gabeira, só o aceitando depois de muita pressão. O Líder do Senado, Ney Suassuna(recebeu comprovadamente 200 mil reais de propina) .No executivo o ministro Saraiva Felipe ,  operava o esquema, tendo contratado a funcionária ligada aos Vedoin - operadores privados do esquema criminoso... Aí vem o senador Welington Salgado, integrante da CPMI pelo PMDB, e diz que não vai assinar o documento final. Ulisses Guimarães devia estar se revolvendo em seu túmulo no mar. Que vergonha senhores parlamentares  que ainda continuam neste congresso-aviltado e apequenado! E o seu Lula na presidência, fingindo que não era com ele. Não é lindo? E quer voltar!

Assim não dá. É preciso lutarmos por uma  nova utopia: Construir o homem integral na política e na sociedade. Mente com visão humanista, e talento burilado pela educação. Coração com muita paixão pelo outro. Corpo com necessidades supridas( não roubar)- auto-discipina. E, por fim,  construção do espírito através da consciência. Este é meu projeto de nação,  sugerido aos candidatos a cargos eletivos, para os governos e Parlamentos do Brasil.

Tenho dito.

   

              José Carlos Nunes Barreto

          Pós-doutor e Sócio da DEBATEF Consultoria

 

 

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Colunas do Meu Sacerdócio

“Um homem não pode fazer as coisas certas em um departamento de sua vida, enquanto erra em qualquer outro. A vida é um todo indivisível” MAHATMA GANDHI

 

Leio nos evangelhos a purificação do templo, feita por nosso senhor Jesus Cristo. A fúria com que Ele investiu sobre os mercadores e cambistas. “A minha casa será chamada casa de oração, e não covil de salteadores”. Comparo isso ao que leio na crônica policial, a respeito de um certo apóstolo e sua bispa ,  fundadores de uma igreja neopentecostal em SP. E, constato : são salteadores do povo de Deus. A própria justiça humana, já está dando um jeito, quanto mais a divina...E eles roubaram muito! - segundo o ministério público de SP, cerca de 20 milhões, sem considerar o que está escondido em nome de laranjas, o que deve elevar em muito essa conta. Observando melhor, e participando de comunidades e igrejas no presente século, de novo percebo que existem os pastores e bispos  bandidos ,chamados  ladrões de galinha .Ou seja, roubam miudezas, porcarias a seus olhos: uma reputação aqui, durante um sermão, uma paz ali, durante uma visita a contragosto. Existem até aqueles que, são  vetados na comunidade, para batizados e casamentos de alguns fiéis, mais antenados e espertos. Outra purificação o Senhor precisaria fazer, portanto, nos dias de hoje, porque há um  deserto seguido de um enorme precipício, entre o que esses falsos profetas pregam, e o que fazem na própria vida, e nas de milhares de pessoas inadvertidas .Falta integridade. Falta caráter.

A propósito destas duas palavras, por demais significativas, estou nas férias lendo o livro de  Stephen Covey “O oitavo Hábito: Da eficácia à grandeza” ed. Campus. Nele, o autor define a integridade como um princípio, que indica que estamos integrados aos fundamentos morais, e às leis naturais, que em última análise, governam as consequências de nosso comportamento. Consiste em falar a verdade, e cumprir as promessas feitas a nós, e aos outros. Covey escreveu também, “Os sete hábitos eficazes” ,cuja leitura é recomendada antes. Como chegar à confiabilidade, e gerar confiança? Como desenvolver todas as dimensões das inteligências física, emocional, intelectual e espiritual? Como desenvolver a maturidade, e a mentalidade de abundância, sempre presentes na alma dos verdadeiros líderes? todas estas respostas, são aos poucos respondidas, trazendo luzes e complemento ao que aprendemos nos catecismos .Mas deixo claro que, o que acontece com bispos e pastores, também é o que  presenciamos em engenheiros, advogados ,juízes , médicos ou qualquer atividade onde esteja um homem (ou uma mulher).Num exemplo marcante,  o autor cita uma entrevista do seu genro, para residência  de medicina. Lhe perguntaram o que preferia: um cirurgião honesto, mas incompetente, ou um que fosse competente embora desonesto. Vejam a sua boa resposta:  “tudo depende do problema. Se eu precisasse ser operado, iria querer o competente. Se se tratasse de saber se tinha de ser operado ou não, preferia o honesto” Claro que o fundamental, é que um médico tenha as duas qualidades, pois isoladamente elas são insuficientes...

 Caráter e competência : duas colunas do sacerdócio de um profissional cristão, inclusive bispos e pastores, e  que levam à confiabilidade, à sabedoria e à eficácia.

 

                 José Carlos Nunes Barreto

             Pós-doutor e Sócio da DEBATEF Consultoria