domingo, 21 de março de 2021

A quarta revolução2- Nova Releitura


 “A vida só é possível reinventada/Anda o sol pelas campinas/ E passeia a mão dourada/ Pelas águas, pelas folhas…/Há! Tudo são bolhas/ Que vêm de fundas piscinas/De ilusionismo… mais nada/Mas a vida, a vida, a vida/ A vida só é possível reinventada. ”Cecilia Meireles

 

 

A função da Academia e Think Thanks em tempos de crise, é apontar caminhos para a sociedade. Aliás, antever as crises, e evitá-las, está entre as metas que estes players teimam em não cumprir, imobilizados em abraços de afogado, com políticos e governantes cegos. Agora mesmo o auxílio emergencial para cerca de 25% da população brasileira – necessário, mas não disponível em termos de recursos públicos, o que pode fazer o Estado quebrar- após sucessivas quedas de arrecadação, por fechamentos na economia para conter a Covid 19.

O Estado ocidental, ao conceder vários benefícios para os indivíduos (não só para os pobres), se tornou “inchado”. “Nos Estados Unidos, os gastos públicos aumentaram 7,5% do PIB em 1913 para 19,5% em 1937, para 27% em 1960, e para 49% em 2011. (…) Em países ricos, a proporção média dos gastos cresceu de 10% para 49%”Segundo o excelente livro “A quarta Revolução”, dos autores John Micklethwait e Adrian Wooldrige,. Observação:  o BID sugere o gasto público brasileiro em ralação ao PIB, na ordem de 42%.


Os autores em tela,   anunciam a falência próxima do estado, e alertam para as grandes transformações previstas em escala global, em função do uso massivo de inovações tecnológicas, de tal monta ,que com os novos usos, as democracias correrão perigo.


E esta é uma boa leitura, que recomendo para os próximos feriados, pois quem lê um livro assim, muda primeiro a si mesmo, depois muda o mundo. Principalmente ao constatar, algo desesperador, pois ontratamos para a Nação mais uma década perdida, a pior delas, ao juntar a derrocada lulopetista à crise sócio sanitária global, acontecida no governo Bolsonaro. Governantes do mundo  em  todos os casos, tiveram  miopia estratégica, fazendo crescer o desemprego estrutural entre os jovens, que ajudamos a formar,  o que ,infelizmente está, entre os subprodutos desses tempos de ilusionismo, a que se refere a poetisa em tela.


O Brasil figura, ao lado da África do Sul, Itália, e sudeste asiático, na lista de países e regiões onde os impactos da quarta revolução industrial, serão predominantemente negativos, informaram os painéis de discussão do fórum econômico mundial de Davos  já em 2017.
Para contornar esta situação, será necessário investir primeiro em qualificação de pessoas, e depois reformar o estado, utilizando de forma mandatária, os orçamentos legislativos para investir em inovações tecnológicas e sustentabilidade – temos massa crítica para isso, todavia o congresso brasileiro, e mesmo o governo federal , estão presos à  agendas clientelistas e ao atraso institucional da máquina pública, que se tornou um fim em si mesma. 

Não dando espaço, por exemplo, para as inovações como as  start ups , em curso no universo de produção de energia, e no uso de tecnologia da informação. As mesmas já  em 2020, impactaram a mão de obra no Brasil, segundo os autores, reduzindo-a em 6% pela otimização dos postos de trabalho, e em outras revoluções  em andamento, como as fintechs que fazem descer  drasticamente os custos operacionais de transações financeiras.

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Todavia, segundo os especialistas, há um contraponto, e ele  aquece a alma: o setor de mobilidade e logística no Brasil, e notadamente em Uberlândia, terá uma janela de oportunidades jamais vista até hoje, e poderá ser o trator a nos tirar do limbo nesta fundamental área- haja vista o tamanho do País. O governo de Uberlândia, reeleito em novembro, , deve aliar gestão e inteligência para explorá-la para liderar esta nova era, e sair dos labirintos de escândalos na área de saúde, saneamento e justiça, que corroem energias e recursos, ao invés de incrementá-los.


Já na área de relações internacionais, as Academias, notadamente a UFU, deveriam, a meu ver redirecionar pesquisas ,patentes e artigos visando países do oriente, como Singapura – um padrão, que reformou o estado, e prepara seus alunos para esta nova era.

 

 E seus efeitos de benchmarking já atingiram a china e EUA, e estão se irradiando para países da região, como Arábia Saudita, Bahrem, Omã, Quatar, Emirados árabes Unidos, e quem diria? Já chegaram ao Chile aqui pertinho, além do México, Índia e Turquia…Porque estaríamos fora disso? Esta é uma agenda necessária para a pós – pandemia ( vamos pensar positivamente) – a fim de voltarmos à rota de nosso destino de grandeza, após vencermos a inércia da maior recessão da história deste País, e reinventar a vida, como sugere com leveza , Cecília Meireles

 

 

José Carlos Nunes Barreto

 

Pós Doutor  e Editor Executivo da Revista Sciencomm

 

 

domingo, 14 de março de 2021

SOS serviços

ESTADO DE MINAS (MG)

SOS serviços

Tive a honra de ter meus artigos publicados, na era da impressão via papel de imprensa, durante vários anos, por este ainda  influente meio de comunicação, cuja logo estampo acima, durante os anos 2000, quando tive parceria com um dos seus editores. Com sua aposentadoria, todavia, as portas se fecharam, e assim é a vida, não reclamo...Segui meu caminho...mas fica aqui minha gratidão, pela veiculação de minhas idéias ,e,  pelo aprendizado... Espero que gostem da releitura, mais de 10 anos depois:


Quando terminei meu doutorado na maior na universidade de São Paulo, fui obrigado a dar 40 aulas por semana em um centro universitário particular. Economia foi uma delas. Resolvi estudar Samuelson, e essa foi uma das melhores coisas que já ocorreram comigo. Hoje, entendo alguma coisa de estruturas de mercado. As mais conhecidas: o monopólio-situação, em que só um fornecedor atende o mercado e nada precisa fazer para atender o range do cliente, que, aliás, desconhece. Também há o oligopólio – poucas empresas que disputam o mercado; se elas combinam preço, eis um cartel; no caso de haver um só comprador para centenas de fornecedores, está caracterizado um oligopsônio.

Em todas estruturas apontadas, sofre quem precisa desses serviços e produtos, porque, sem concorrência, todo produto/serviço, normalmente, é nota zero, porque não precisa melhorar. Lembro-me do monopólio da informática, obra da ditadura que quase nos jogou no limbo do atraso. Dos carros “tramban” da então Alemanha Oriental, horríveis e iguais; do colapso socioambiental e econômico do comunismo; e de outras “preciosidades” germinadas por essas perversas estruturas de mercado, como fraudar leite em cooperativas oligopsônicas.

Fui atendido, dias desses, em uma companhia de telefonia celular – um oligopólio, que gasta fortunas em propaganda, mas não se importa em deixar o cliente esperando duas horas, para depois dizer que não pode resolver o problema. Tudo porque quem devia atender a fila de clientes estava “desviado para outra função”. Você já enfrentou algo parecido? Já voou pelo país afora? Pois é, temos um duopólio. E elas mandavam na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) ao ponto de impor rotas e fazer de Congonhas o aeroporto mais perigoso do mundo. Deu no que deu(acidente da TAM ).

A propósito, voei mais de seis horas, semana passada, quando fui, representando o Ministério da Educação, reconhecer um curso, em Belém do Pará. Surpreendi-me com a sua excelência, mas não com a sempre predatória estrutura de mercado de ensino no país. Está em curso um ajuste que, sem dúvida, estabelecerá oligopólios privados no ensino superior. Infelizmente, a educação neste nível deixou de ser avaliada, como deveria, durante anos, e assusta vermos pessoas estudarem anos a fio e, ao final do curso, verem seus diplomas inúteis. Este absurdo é culpa do Estado, que deveria regular e auditar, uma tarefa impossível de ser delegada. Ocorreu no setor aéreo. Poderá ocorrer na educação um apagão, que nos trará tantos ou mais dissabores que aqueles de triste memória. Dá para aceitar que só 15% dos estudantes de direito sejam aprovados numa prova da ordem? Ou ouvir do Conselho Federal de Medicina (CFM) que, sim, os erros médicos estão aumentando em função da má-formação dos médicos brasileiros, ou que o Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura (Confea) e os regionais correspondentes estão dispostos a fazer um exame, a fim de evitar chamar de engenheiros jovens que mal sabem fazer contas, enquanto o mercado estima um déficit de milhares desses profissionais, a ponto de o país precisar importar indianos e chineses? Precisamos de estadistas que pensem na próxima geração e não na próxima eleição. E cuidar da próxima geração significa planejar a segurança, a saúde e, principalmente, a educação, regulando o mercado e eliminando os predadores e aventureiros.

Alguém tem dúvida?

 

                  José Carlos Nunes Barreto,

          Pós - Doutor, professor universitário

 

 

domingo, 7 de março de 2021

A Era da Abundância

“O poeta é um fingidor/Finge tão completamente/Que

chega a fingir que é dor/A dor que deveras sente."

Fernando Pessoa

 

 

 Agradecendo a parceria de uma década com o jornal Gazeta do triângulo, de Araguari-MG, republico o artigo de janeiro de 2015, em que pensadores brasileiros iluminavam uma senda escura, em pleno lulopetismo.  Pois esta Luz ainda brilha sobre nós, em momento de pandemia e descrença: espero que gostem:

 

Leitor da Folha de SP, me deparei dia desses, com dois artigos primorosos em termos de ideias e agendas, para o ano que bate à porta. O primeiro, de Ronaldo Lemos, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do RJ, e outro, de Nizan Guanaes, premiadíssimo publicitário e empresário de SP. Ambos abordam, de forma inteligente, agendas para o futuro próximo, além de fazerem análises da atual conjuntura sócio econômico cultural do País, o que me agradou muito, haja vista a desoladora quadra que todos vivemos, na era de escândalos de corrupção e desmandos lulopetistas.

Felizmente o Brasil não é uma Venezuela, e nem Cuba, e nossas Instituições se mostram fortes, a despeito dos ocupantes do máximo poder no planalto central, que aparelham a justiça, corrompem o Congresso nacional, jogam contra a estabilidade econômica, ao ferirem a lei de Responsabilidade Fiscal, e para tanto retiram o povo das arquibancadas e de suas prioridades, ao, com toda desfaçatez, comprarem formalmente o voto de parlamentares, através de decreto presidencial.

Nizan Guanaes lembra que nossa força advém da experiência, pois passamos por hiperinflação, ditadura além de várias guerras contra moinhos de vento, e devemos ser otimistas, pois o otimismo fortalece. Faz sentido. O IED (investimento direto estrangeiro) ,apesar dos péssimos indicadores atuais da economia, chega este ano a 66 bilhões de dólares (investidores olham além desta conjuntura), quando se esperava 50 bilhões. O STF (Supremo Tribunal Federal), o MPF(Ministério Público Federal) e a Polícia Federal republicanos, tem prendido e julgado maus políticos, bandidos disfarçados como dirigentes de partidos ou empresas, além de banqueiros corruptores. Agora é preciso prender e julgar ex-presidentes bandidos, após impedi-los. Algo se move: quem viver verá. E isto era impensável há alguns anos, e é, pois, uma obra imaterial realizada por toda sociedade brasileira, a despeito de quem esteja ocupando o poder na vez.

Já Ronaldo Lemos  joga luz sobre as cruciais transformações, que a tecnologia trará para essa mesma sociedade, como um todo, e afirma que, como num enredo, o ano de 2014 representará o fim de um arco narrativo, e 2015 será o início de outro, muito mais significativo, pois apoiado pela base lançada por múltiplos setores, das telecomunicações, aos serviços na internet, onde a universalização da banda larga (onde estamos 30 anos atrasados),a regulamentação do marco civil da internet, aliadas ao acesso de smartfones ,com mais capacidade de acesso e armazenamento de informações , do que   possuía o ex-presidente americano Bill Clinton, elas  criarão a era da abundância, segundo Peter Diamandis em seu livro “Abundance: O Futuro é melhor do que você pensa” citado por Nizan Guanaes.

Estas vantagens competitivas aplicadas em boas escolas, com educação de qualidade para as massas, gerarão, a baixo custo, soluções integradas a grandes centros de pesquisa, ao redor do mundo: mais da metade do que iremos usar no dia  a dia, doravante, será concebida desta forma, nos próximos cinco anos. É um espetacular mundo novo que se descortina.
Com esta visão otimista, porém sem tirar os pés do chão, me despeço do leitor amigo, para, em seguida avançarmos rumo às mudanças, que já estão escritas nas estrelas: Maktub.

 

                                 José Carlos Nunes Barreto

                      Pós-Doutor-Editor Executivo da Revista Sciencomm