“A vida só é possível reinventada/Anda o sol pelas campinas/ E passeia a mão dourada/ Pelas águas, pelas folhas…/Há! Tudo são bolhas/ Que vêm de fundas piscinas/De ilusionismo… mais nada/Mas a vida, a vida, a vida/ A vida só é possível reinventada. ”Cecilia Meireles
A função da Academia e Think Thanks em tempos de crise, é apontar caminhos para a sociedade. Aliás, antever as crises, e evitá-las, está entre as metas que estes players teimam em não cumprir, imobilizados em abraços de afogado, com políticos e governantes cegos. Agora mesmo o auxílio emergencial para cerca de 25% da população brasileira – necessário, mas não disponível em termos de recursos públicos, o que pode fazer o Estado quebrar- após sucessivas quedas de arrecadação, por fechamentos na economia para conter a Covid 19.
”O Estado ocidental, ao conceder vários benefícios para os indivíduos (não só para os pobres), se tornou “inchado”. “Nos Estados Unidos, os gastos públicos aumentaram 7,5% do PIB em 1913 para 19,5% em 1937, para 27% em 1960, e para 49% em 2011. (…) Em países ricos, a proporção média dos gastos cresceu de 10% para 49%”Segundo o excelente livro “A quarta Revolução”, dos autores John Micklethwait e Adrian Wooldrige,. Observação: o BID sugere o gasto público brasileiro em ralação ao PIB, na ordem de 42%.
Os autores em tela, anunciam a falência próxima do estado, e
alertam para as grandes transformações previstas em escala global, em função do
uso massivo de inovações tecnológicas, de tal monta ,que com os novos usos, as
democracias correrão perigo.
E esta é uma boa leitura, que recomendo para os próximos feriados, pois quem lê
um livro assim, muda primeiro a si mesmo, depois muda o mundo. Principalmente
ao constatar, algo desesperador, pois ontratamos para a Nação mais uma década
perdida, a pior delas, ao juntar a derrocada lulopetista à crise sócio
sanitária global, acontecida no governo Bolsonaro. Governantes do mundo em todos
os casos, tiveram miopia estratégica,
fazendo crescer o desemprego estrutural entre os jovens, que ajudamos a
formar, o que ,infelizmente está, entre
os subprodutos desses tempos de ilusionismo, a que se refere a poetisa em tela.
O Brasil figura, ao lado da África do Sul, Itália, e sudeste asiático, na lista
de países e regiões onde os impactos da quarta revolução industrial, serão
predominantemente negativos, informaram os painéis de discussão do fórum
econômico mundial de Davos já em 2017.
Para contornar esta situação, será necessário investir primeiro em qualificação
de pessoas, e depois reformar o estado, utilizando de forma mandatária, os
orçamentos legislativos para investir em inovações tecnológicas e
sustentabilidade – temos massa crítica para isso, todavia o congresso
brasileiro, e mesmo o governo federal , estão presos à agendas clientelistas e ao atraso institucional
da máquina pública, que se tornou um fim em si mesma.
Não dando espaço, por exemplo, para as inovações como as start ups , em curso no universo de produção de energia, e no uso de tecnologia da informação. As mesmas já em 2020, impactaram a mão de obra no Brasil, segundo os autores, reduzindo-a em 6% pela otimização dos postos de trabalho, e em outras revoluções em andamento, como as fintechs que fazem descer drasticamente os custos operacionais de transações financeiras.
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Todavia, segundo os especialistas, há um contraponto, e ele aquece a alma: o setor de mobilidade e
logística no Brasil, e notadamente em Uberlândia, terá uma janela de
oportunidades jamais vista até hoje, e poderá ser o trator a nos tirar do limbo
nesta fundamental área- haja vista o tamanho do País. O governo de Uberlândia, reeleito
em novembro, , deve aliar gestão e inteligência para explorá-la para liderar esta nova era, e sair dos
labirintos de escândalos na área de saúde, saneamento e justiça, que corroem
energias e recursos, ao invés de incrementá-los.
Já na área de relações internacionais, as Academias, notadamente a UFU, deveriam, a meu ver
redirecionar pesquisas ,patentes e artigos visando países do oriente, como
Singapura – um padrão, que reformou o estado, e prepara seus alunos para esta
nova era.
E seus efeitos de benchmarking já atingiram a china e EUA, e estão se irradiando para países da região, como Arábia Saudita, Bahrem, Omã, Quatar, Emirados árabes Unidos, e quem diria? Já chegaram ao Chile aqui pertinho, além do México, Índia e Turquia…Porque estaríamos fora disso? Esta é uma agenda necessária para a pós – pandemia ( vamos pensar positivamente) – a fim de voltarmos à rota de nosso destino de grandeza, após vencermos a inércia da maior recessão da história deste País, e reinventar a vida, como sugere com leveza , Cecília Meireles
José Carlos Nunes Barreto
Pós Doutor e Editor Executivo da
Revista Sciencomm