segunda-feira, 8 de agosto de 2016

A maior das inteligências


Há 11 anos atrás escrevi este artigo...veja como permanece atual...infelizmente.
11-07-2009
* José Carlos Nunes Barreto

O psicólogo Howard Gardner publicou sua brilhante tese sobre múltiplas inteligências e foi citado por Cosete Ramos no livro " O despertar do Gênio - aprendendo com o cérebro inteiro"; ed. Quality Mark, RJ, 2004. Nele, a educadora mostra métodos acelerados de ensino, adaptados a cada perfil de aluno classificado entre as muitas inteligências, que a ciência tem catalogado. Sem dúvida Pelé, por exemplo, possui uma inteligência "corporal cinestésica" avançadíssima, e podemos afirmar que alunos com este tipo de formação cerebral, podem chegar à excelência em artes cênicas,educação física e ciências do movimento. A autora mostra outras formas de inteligência,como a lógica matemática de Einsten; a visual espacial de Michelangelo; a rítmica musical de Mozart; a interpessoal de Ghandhi; e a intrapessoal de Mandela. Todas com suas características próprias de aprendizagem, o que se bem explorado, conseguirá proezas ao nos estabelecer como professores de gênios.

Tanto tempo formando gente, me chama atenção a importância em se complementar todas as demais inteligências, com a chamada inteligência verbal lingüística de Victor Hugo, Shakespeare e Guimarães Rosa. Destaco que o papel do professor neste processo, é de extrema importância, ao identificar e desenvolver programas adequados a cada aluno com suas várias inteligências, e para isso ele precisa ser treinado. Em função do exposto, vale a pena ler o artigo "Os Meninos Lobo" de Cláudio Moura e Castro, na revista Veja, no qual o articulista compara nossas crianças, mal formadas em escolas fundamentais e básicas, aos meninos perdidos  em florestas, e criados por lobos, como no conto de "Mogly o Menino-Lobo" e que

perdem, via de consequência, a psicologia cognitiva e linguística, o que decreta suas exclusões do "mundo das palavras",daí inferirmos que o pensamento simbólico inexiste naquelas cabeças. Ou seja sem a linguagem, a ciência comprova que sequer conseguimos pensar direito, portanto muitos de nossos alunos continuam na selva;(ao contrário do conto), despreparados para a sociedade civilizada, como comprovam as auditorias nos egressos. Vamos a elas: nossa educação básica foi testada pelo SEAB- Sistema Nacional de Avaliação de Educação Básica, e pelo PISA-Programa Internacional de Avaliação de Alunos, e os mesmos mostram que a competência linguística do aluno brasileiro, vai de mal a pior(50% dos brasileiros na quarta série são analfabetos funcionais), e esta é, portanto,  nossa principal chaga social. Impossível dissociar alunos de professores, como querem fazer hoje, algumas correntes de pensamento - escolásticos , nos quais, tal qual em empresas , tratam alunos como se clientes fossem;(e quem tem sempre razão) e professores como "empregados desqualificados" ,porque se paga pouco, e troca-se sem qualquer cuidado.

Esta lacuna acompanha o cidadão, até na vida profissional dos que conseguem se formar em engenharia, medicina, advocacia etc, indo até a pós graduação, que tenho experiência como coordenador Lato Senso e Extricto Senso, quando alunos  desistem(cerca de 30%) das monografias, dissertações e deixam de escrever artigos científicos, por conta desta falta de competência construída. Qual teria sido o prejuízo total da Nação até agora? E qual será nosso futuro se não resolvermos logo este gargalo?

* Professor doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia (ALU)

Gazeta do Triângulo

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