domingo, 21 de junho de 2015

TOP GUN


“Tá  lá o corpo /estendido no chão/
Em vez de prece /uma praga de alguém.”
Do nosso cancioneiro popular

Em recente artigo neste CORREIO, me referi à luta com armas para defender a liberdade frente à possível ditadura, quando perguntei se compensava votar contra elas em 23 de outubro. Recebi críticas. O que acho normal. Ser contra o desarmamento foi tornado o equivalente a ser “bárbaro”, o que leva os defensores da liberdade de se ter ou não uma arma à uma posição defensiva. Em outro recente artigo no Jornal “O estado de SP”, o professor Denis Lerrer da UFRS foi fulminante: “ Estamos provavelmente diante de uma das maiores farsas da história republicana”. Se referia ele à campanha em curso para desarmar os cidadãos de bem deste País, no momento em que a segurança pública está em frangalhos, e o narcotráfico, o crime organizado e a corrupção sistêmica se alastram. Vivi 22 anos em Santos no litoral Paulista, onde temos o maior porto da América latina. Comparando os números da Segurança Pública desta cidade aberta ao mundo (portanto teoricamente mais exposta), verificamos que o balneário no quesito roubo seguido de morte está a menos da metade do indicador de Uberlândia em ocorrências por mil habitantes. Os dados de Santos estão próximos aos de Juiz de fora e de outras cidades de porte equivalente. Esta situação têm levado vários cidadãos honrados da cidade a buscarem uma arma para proteger a vida da família e o patrimônio. Não os critico por isso, apesar de não pensar nesta opção como solução pessoal. Mas só a expectativa de não poder comprar uma arma a partir de outubro nos coloca psicologicamente fragilizados diante de meliantes que poderiam entrar em nossa casa, estuprar nossas filhas, mulheres, e por fim tirar nossas  vidas, independente de qualquer reação, e sem que se possa sequer contar com o direito sagrado de lutar para sobreviver.

Os americanos são a principal democracia do mundo e convivem com armas desde tempos imemoriais. Há excessos por lá? claro que há. Mas há também justiça e instituições fortes que asseguram o direito e a responsabilidade pelo uso destas armas. Quanto ao Brasil, existe no momento uma verdadeira miopia estratégica. Quinhentos milhões de reais estão sendo gastos com um referendo que engana e desarma uma nação. A história tem mostrado verdadeiros genocídios de povos que se submeteram à loucura de um governo fraco, que para tirar o foco dos principais problemas da nação, impinge esta decisão. E quem vai decidir? Claro que é a maioria desinformada. Sem educação básica para evitar sermos passados para trás por políticos corruptos e dissimulados. Milú Vilela em artigo na “Folha de SP”, dia 15/09/2005,,cita Felipe González, ex- primeiro ministro espanhol,que mais que triplicou o PIB per capita durante seus 14 anos de governo :. “A educação é a única variável estratégica que nunca falha para o desenvolvimento de um país.” Ser desenvolvido é não votar em lideranças que expõem a população a este ridículo escrutínio, e sim proporcionem a todos cidadãos, ter acesso à Educação de qualidade- esta sim a verdadeira  arma máxima- a Top Gun.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com

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