“Tá lá o
corpo /estendido no chão/
Em vez de prece /uma praga de alguém.”
Do nosso cancioneiro popular
Em recente artigo
neste CORREIO, me referi à luta com armas para defender a liberdade frente à
possível ditadura, quando perguntei se compensava votar contra elas em 23 de
outubro. Recebi críticas. O que acho normal. Ser contra o desarmamento foi
tornado o equivalente a ser “bárbaro”, o que leva os defensores da liberdade de
se ter ou não uma arma à uma posição defensiva. Em outro recente artigo no
Jornal “O estado de SP”, o professor Denis Lerrer da UFRS foi fulminante: “
Estamos provavelmente diante de uma das maiores farsas da história
republicana”. Se referia ele à campanha em curso para desarmar os cidadãos de
bem deste País, no momento em que a segurança pública está em frangalhos, e o
narcotráfico, o crime organizado e a corrupção sistêmica se alastram. Vivi 22
anos em Santos no litoral Paulista, onde temos o maior porto da América latina.
Comparando os números da Segurança Pública desta cidade aberta ao mundo
(portanto teoricamente mais exposta), verificamos que o balneário no quesito
roubo seguido de morte está a menos da metade do indicador de Uberlândia em
ocorrências por mil habitantes. Os dados de Santos estão próximos aos de Juiz
de fora e de outras cidades de porte equivalente. Esta situação têm levado
vários cidadãos honrados da cidade a buscarem uma arma para proteger a vida da
família e o patrimônio. Não os critico por isso, apesar de não pensar nesta
opção como solução pessoal. Mas só a expectativa de não poder comprar uma arma
a partir de outubro nos coloca psicologicamente fragilizados diante de
meliantes que poderiam entrar em nossa casa, estuprar nossas filhas, mulheres, e
por fim tirar nossas vidas, independente
de qualquer reação, e sem que se possa sequer contar com o direito sagrado de
lutar para sobreviver.
Os americanos são a
principal democracia do mundo e convivem com armas desde tempos imemoriais. Há
excessos por lá? claro que há. Mas há também justiça e instituições fortes que
asseguram o direito e a responsabilidade pelo uso destas armas. Quanto ao
Brasil, existe no momento uma verdadeira miopia estratégica. Quinhentos milhões
de reais estão sendo gastos com um referendo que engana e desarma uma nação. A
história tem mostrado verdadeiros genocídios de povos que se submeteram à
loucura de um governo fraco, que para tirar o foco dos principais problemas da
nação, impinge esta decisão. E quem vai decidir? Claro que é a maioria
desinformada. Sem educação básica para evitar sermos passados para trás por
políticos corruptos e dissimulados. Milú Vilela em artigo na “Folha de SP”, dia
15/09/2005,,cita Felipe González, ex- primeiro ministro espanhol,que mais que
triplicou o PIB per capita durante seus 14 anos de governo :. “A educação é a
única variável estratégica que nunca falha para o desenvolvimento de um país.”
Ser desenvolvido é não votar em lideranças que expõem a população a este
ridículo escrutínio, e sim proporcionem a todos cidadãos, ter acesso à Educação
de qualidade- esta sim a verdadeira arma
máxima- a Top Gun.
José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com
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